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Henrique cunha tecnologia africana na formação brasileira

Por:   •  15/11/2018  •  1.661 Palavras (7 Páginas)  •  420 Visualizações

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Diálogo e Considerações

Entre os textos estudados Feenberg aborda a reconceituação do socialismo considerando uma perspectiva da influência da base tecnologia e do seu formato de desenvolvimento, e uma perspectiva da teoria crítica, a transgressão do particular sobre o universal, ou seja, a supressão do indivíduo pelo “universal”, alem de uma abordagem sobre a teoria das redes sob o desenvolvimento tecnológico.

Bazzo aborda o histórico e os conceitos dos estudos CTS “...reação acadêmica contra a tradicional concepção essencialista e triunfalista da ciência e da tecnologia, subjacente aos modelos clássicos de gestão política”(Bazzo), crítica com base interdisciplinar que foca tanto nos antecedentes ou consequências de uma mudança técnica, caracterizando socialmente os fatores responsáveis por ela, considerando que convenções humanas regulam as regras que estruturam a ciência, assim sendo necessário estruturas que considerem uma intervenção democrática nesse processo, e o desenvolvimento de formações educacionais voltadas para esse paradigma.

Harding discute a necessidade de generização dos estudos técnico científicos, e a consideração das relações de intersecção entre as diferentes opressões sociais, dados as formas sociais opressoras de reconhecimento de gênero, pontuadas por ela – divisão sexual do trabalho, partição sexista de comportamentos sociais específicos, associação de sexo a entes sem correlação com gêneros. Crítica o conceito de objetividade relacionado a neutralidade da ciência hegemonica, apresentando o conceito de “objetividade forte”, relacionando a eficácia da objetividade dada a uma contextualização clara das questões sociais envolvidas tanto na definição do problema, quanto na construção das hipóteses, alem de explanar sobre a proposição de uma epistemologia feminista dentro de um contexto pós-modernista.

Em Cunha não há clareza de um norte propositivo, nem de uma base teórica para a sua análise, há sim a busca de recuperação do papel técnico africano e reconhecimento quanto um sujeito nesse processo. Os outros autores abordados tem proposições claras ou explanações sobre os campos de tensão no desenvolvimento técnico em que se inserem, e sob qual referencial teórico baseiam essa insersão.

Os levantamentos que Cunha realizou são de extrema importância, ainda mais quando trabalhados com outros referenciais históricos, reconsiderando a mão de obra africano como um ente numa rede do desenvolvimento técnico colonial, é recuperada a noção do negro como sujeito histórico, porem não há clareza, pelo menos no texto que tivemos acesso, de como deveria se posicionar diante do desenvolvimento processo técnico.

A proposição da composição dos cadernos CEAP dialoga muito com o impeto em consolidar o ensino de história e cultura africana e afrodescendente no ensino médio de todo o país, que não busca a mera adição como uma materia desconexa numa grade curricular, mas sim, em consonância com a proposição dos estudos CTS, uma formulação educacional voltada para um contexto democrático multicultural.

Harding, tanto por tratar de outro sujeito social excluido do processo técnico, e tanto por considerar a intersecção entre as opressões de diversificados grupos sociais, expôem alternativas que estão sendo trabalhadas tanto dentro da perspectiva feminista, como tambem por autores segundo uma perspectiva de raça e/ou descolonial.

Assim, a pespectiva da objetividade forte na ciência contribui muito para a incitação inicial de Cunha, “hacen posible que las personas vean el mundo con una perspectiva amplia porque retiranlos obstáculos y os vendajes que oscurecen el coocimento y la observación”(Harding), porém há um reconhecimento de pontos de vista e forma de saber singulares africanos? Como isso é visto no contexto colonial?

Ao meu entendimento Feeberg reconhece as contradições colocadas por ambas proposições.

“A tarefa da teoria social radical ainda é articular e explicar o contexto histórico das demandas transcendentes, não a fim de eliminá-las, mas de entender como elas desenvolvem uma causa humana mais ampla com base nas premissas já existentes. Estes temas podem ajudar a acertar a ênfase da crítica contemporânea. A Teoria Crítica reconhece que parte dos atores humanos extravasa qualquer envolvimento em uma rede particular e fornece uma base para criticar a construção das redes. Isto retém a noção senso comum de que os atores humanos têm capacidades reflexivas únicas. Estas capacidades tornam possível aos homens representar as redes em que eles “emergem” e avaliá-las em oposição às potencialidades não concretizadas identificadas em pensamento. Reflexão deste tipo é essencialmente diferente das contribuições de atores não-humanos, e forma a base para lutas sociais que podem desafiar ou romper as redes e até reconfigurá-las de outras formas.” (Feenberg)

E a partir disso estabelece uma proposição que considere ambas visões de forma a integra-lás, reconhecendo elas como componentes da mesma rede. “A verdadeira democracia deve proteger o acesso público de entidades e pessoas até agora excluídas, enquanto também assegura que novos elementos e vozes sejam integrados harmoniosamente a estrutura estabelecida da rede.”(Feenberg)

Acredito ser necessário um aprofundamento sobre uma perspectiva epistemologica na formação de cada um desses sujeitos, será que a consideração da oralidade africana não seria um aspecto imprescindível para o reconhecimento do negro como sujeito histórico? Até que ponto uma perspectiva pós modernista não imobiliza a própria transformação cultural?

Tecnologias atuais, que no senso comum são reconhecidas como próximas à proposição de tecnologia social tem trazido a tona essas questões. A permacultura, que tem como base técnica sistematização de diversificados

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