Formação Socioeconomica do Brasil

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As relações entre as pessoas de classe inferior, ao contrário das relações burguesas, não eram pautadas em uma relação apenas com o intuito de se obter um compromisso que levaria ao casamento; os parceiros eram escolhidos de acordo com seus gostos e aptidões, sem a interferência da família. Tal afirmação é pautada com base no próprio texto de Jacqueline Cavalcanti Chaves:

“Esteves (1989) analisa a vida afetivo-sexual das classes populares e chega a conclusão de que o comportamento amoroso e sexual das mulheres pertencentes a estas classes se dava de modo diferente daquele prescrito pelas elites citadinas e pela política higiênica. Domésticas, lavadeiras e operárias namoravam e tinham encontros amorosos em lugares proibidos às moças das elites, tais como nas ruas, no trabalho e nas festas populares. Escolhiam seus companheiros, muitas vezes, independentemente da aceitação de seus pais...” (CHAVES, 2006, p. 843).

As mulheres das classes inferiores não se mantinham fieis ao ideário burguês de se manter uma relação de amor puro e casto; se entregavam a seus parceiros para satisfazer os seus impulsos sexuais e se o quisessem, cortavam relações com o mesmo, independente de compromissos.

“Diferentemente do esperado pelos padrões vigentes, para muitas moças pobres as relações sexuais ocorriam mais cedo, precediam o casamento e não exigiam o aprofundamento do namoro [...] os valores amorosos importantes para uma operária eram: estremecimento nas relações amorosas, amor, liberdade para amar e se movimentar, respeito e consideração do companheiro, ânsias atendidas, ser dona de si mesma, até para trocar de companheiro, independentemente das vantagens materiais.” (CHAVES, 2006, p. 843).

Suas relações eram guiadas pelos sentimentos, emoções, ímpetos e desejos, e não pela concepção ou ideário da classe burguesa. Suas relações nem sempre buscavam uma união e sim apenas a satisfação de seus desejos, sem compromisso e sem cobranças por nenhuma das partes.