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Ficha de leitura

Por:   •  7/1/2018  •  1.008 Palavras (5 Páginas)  •  513 Visualizações

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que é sempre preciso ligar-se um ao outro com objetivo de compreensão recíproca, porém diferenciando-os ao ponto de serem autônomos.

É importante frisar que o modelo de luta pelo reconhecimento preconizado por Hegel nunca teve muita repercussão e impacto no pensamento filosófico. É Karl Marx o primeiro e principal teórico da definição histórica de luta social. Marx reduz a questão do reconhecimento à dimensão da auto-realização no trabalho pelo conceito de ‘dupla afirmação’, ou seja, reconhece-se reciprocamente o outro através das relações laborais que se estabelecem. Assim, vê toda a dinâmica histórica do conflito enquanto luta pelo reconhecimento, como único objectivo para a ‘auto-realização produtiva’ (pág. 199). Mais tarde, Marx rejeita a ideia hegeliana de luta pelo reconhecimento e centra-a apenas na luta de classes enquanto ‘… modelo tradicional de uma luta pela auto-afirmação económica…’(pág. 201).

Já Georges Sorel vai abordar o conceito de acção social, enquanto ‘… produção criativa do novo…’ (pág. 206) – a luta de classes é a base desta produção, devido às diferentes concepções morais das diferentes classes. Logo, são as pretensões morais dos membros dos grupos sociais que geram sentimentos de injustiça social, que por sua vez levam ao confronto com o que está estabelecido. Assim, uma confrontação jurídica baseia-se também na questão das experiências afectivas, pois são as reacções emocionais negativas que revelam ‘… ao indivíduo ou aos grupos sociais quais são as noções que possuem sobre o bem moral…’ (pág. 207) – aqui reside, para Sorel, a diferença entre moral e direito. O autor vê a luta pelo reconhecimento enquanto ‘… matéria empírica de sentimentos morais (…) sentimentos colectivos do desrespeito…’ (pág. 209).

Jean-Paul Sartre parte da premissa de que há uma ‘… impossibilidade por princípio de uma interacção com sucesso entre os homens…’ (pág. 210), vendo a luta pelo reconhecimento enquanto uma categoria da existência do ser humano que remete para a experimentação do lugar do outro na sociedade. Sartre vai depois reformular a sua teoria, indicando depois a sua visão de luta pelo reconhecimento enquanto ‘… resultado fundamentalmente superável de uma relação assimétrica entre grupos sociais…’ (pág. 211), ou seja, a própria comunicação desenvolve-se e estabelece-se de forma assimétrica. Esta assimetria comunicacional é importante frisar, pois quanto mais complexas as sociedades, mais espinhoso e menos categórico é o papel de um comunicador, pois colocam-se problemas de eficácia comunicacional. Só nos escritos tardios de Sartre aparece o conceito de reconhecimento recíproco, embora nunca muito aprofundado.

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