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Estrutura e Dinâmica Social

Por:   •  26/3/2018  •  1.751 Palavras (8 Páginas)  •  366 Visualizações

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Finalmente, podemos relacionar a mudança da identidade conceitual da família, de uma ideia nuclear e patriarcal para uma “ausência de identidades fixa” pós-moderna com a obra do sociólogo contemporâneo Zygmunt Bauman, que traz ao debate o conceito do sujeito líquido, ou seja, aquele que possui múltiplas identidades que se alternam dependendo do contexto em questão. A imagem rígida do pai de família, autoritário e provedor, dá lugar ou se junta a inúmeras outras, como a do torcedor de seu time, a do engajado social, dentre diversas outras até mesmo conflitantes, e sem necessariamente existir uma hierarquia dentre elas. Não existindo, então, uma figura central na qual podemos construir a identidade familiar, é possível compreender a dificuldade, e até mesmo a falta de necessidade de se criar uma base indentitária para a família pós-moderna, pois esta se dará num ambiente onde as identidades são alternantes todo o tempo, conforme o contexto social necessário. Bauman é pessimista, porém, quanto ao afeto e o amor nas relações, pois crê que que justamente devido a essa multiplicidade de identidades e mudanças dentre elas que o indivíduo está sujeito, não seja possível criar vínculos e laços duradouros. Claudia não compartilha essa visão pessimista, crendo que a busca individual pela auto-realização e satisfação emocional leva tanto à maior facilidade de criação desses vínculos relacionais quanto seu rompimento, já que existe uma maior aceitação lógica de que, se o amor acabou, o relacionamento não precisa continuar.

A autora segue sua linha de raciocínio demonstrando que essa lógica de busca de satisfação e realização pessoal permitiu que formas de famílias diferentes do que podemos chamar de “Família como Fato Social Normativo”, como as homoafetivas, pudessem ganhar mais legitimidade onde antes não eram tão aceitas. Sobre esse assunto, porém, trataremos no texto seguinte.

TEXTO: Gênero e sexualidade – Pedagogias Contemporâneas – Guacira L. Couto

Nesse artigo, a autora procura explorar os panoramas e questões da sexualidade na sociedade atual, argumentando que essas questões, juntamente com as de gênero, estão muito mais intimamente ligadas aos processos sociais do que ao biológico. Independente do sexo de nascimento, a autora defende a ideia do gênero ser construído de acordo com as identidade de cada sujeito, sendo ela pautada em processos que ocorrem na esfera cultural, e de como este indivíduo se reconhece de fato.

Guacira expõe que tradicionalmente os gêneros eram impostos ao indivíduo através de modelos impostos pela sociedade, segundo ela, “através de um inesgotável conjunto de instâncias sociais e culturais”, tais como a Família, a Escola, a Igreja, o Trabalho, dentre outros. Recuperando o pensamento de Durkheim exposto no texto anterior, podemos entender esses modelos impostos pelas instituições em questão como Fatos Sociais, já que são exteriores e anteriores ao indivíduo e este possuía praticamente nenhuma autonomia em relação a eles, e questiona-los corresponderia ao risco de ser marginalizado por ser considerado uma Anomia que comprometeria o funcionamento ordenado da sociedade.

A autora cita que essa “normalidade” passou a ter um questionamento mais forte a partir da década de 1960. Vale lembrar que essa década é conhecida como um “despertar dos movimentos sociais”, onde tivemos, dentre outros, a segunda onda do movimento feminista, as greves operárias de 68 em Paris, os levantes do movimento negro com os Panteras Negras, todos questionando a ordem social vigente, onde apareciam como excluídos. Isso, que aos olhos de Durkheim seria uma Anomia das mais colossais, poderia ser considerado por Marx, embora com algumas ressalvas, como o surgimento de uma certa Consciência de Classe. Para o filósofo alemão, a classe dominante, através do controle econômico, submetia a classe dominada aos seus desejos e interesses em detrimento dos naturais dessa segunda. A Consciência de Classe, Segundo Marx, seria quando a classe dominada passasse a ter consciência de seus próprios desejos e aspirações, falando grosseiramente, “a pensar por si própria”, e não mais com o paradigma da classe dominante. É preciso ressaltar que Marx utilizava esse termo pensando nas relações entre burguesia e proletário, e que aqui traçamos um paralelo com opressores e oprimidos, onde os últimos sentem a necessidade de expressar sua própria voz e de serem notados de acordo com seus padrões, e não pelos vigentes ou a “Consciência Coletiva” da época.

A autora disserta sobre os espaços culturais (mídia, cinema, universidades, etc.) e como eles até então (e de certa forma até hoje, embora de maneira menos explícita e com uma contestação infinitamente maior que a de antes) refletiam um tipo de voz, a do homem heterossexual e branco, e que essa voz “construía representações sociais que tiveram importantes efeitos de verdade sobre os demais”. Se faz necessário, então, uma ocupação desses espaços culturais, para que as vozes que divergem desse modelo normativo, que podemos encarar como um Fato Social, possam inscrever e demonstrar a sua própria versão da história.

Finalmente, muito embora uma grande visibilidade e representatividade tenha sido conquistada, ainda existe uma grande resistência e luta por uma “normalidade tradicional”, já que essa voz dominante ainda insiste em se fazer hegemônica e é reforçada, com mais ou menos força dependendo do caso, por algumas instituições. Marx cita que os detentores do poder econômico controlam a Infraestrutura, responsável pelas relações econômicas e base determinante para a Superestrutura, onde são construídos os valores e as instituições sociais e políticas.

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