IMPORTANCIA DA AGRICULTURA FAMILIAR VISTA COMO UNIDADE DE CONSUMO E PRODUÇÃO EM UMA PROPRIEDADE NO ASSENTAMENTO ALEGRIA, MARABÁ - PA
Por: Lidieisa • 19/10/2018 • 1.519 Palavras (7 Páginas) • 412 Visualizações
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A comercialização de galinhas em pequena escala para abate dentro do próprio assentamento é uma prática comum dentre os agricultores do P.A Alegria, não é diferente no lote 39, tarefa essa que é executada pela Mãe, desde a escolha do animal para a venda até a venda propriamente dita. A principal fonte de renda da família é produção de queijo, o processo de produção desse queijo é realizado pelo Filho e pela Mãe, ficando de responsabilidade do primeiro a comercialização desse produto no núcleo urbano da cidade de Marabá localizada a 27km do assentamento. A comercialização deste queijo na cidade torna-se possível pela caminhonete da família, que possui grande importância na venda dos produtos, facilitando e viabilizando o transporte dos mesmos.
O objetivo central da família é a permanência no lote, para isso a diversificação da produção funciona como uma estratégia de garantir maior autonomia para a família. Atualmente o Filho, pretende não mais investir na pecuária leiteira, tendo como primeiro passo vender as vacas leiteiras, e através do auxílio do PRONAF 1, comprar cerca de 50 novilhas para engorda, pois, segundo ele o manejo é menos trabalhoso, mas, serão deixadas duas ou três vacas leiteiras para consumo de leite e queijo da própria família. Outro motivo que levou o Filho a ter esse projeto em mente é a baixa comercialização do queijo atualmente, que vem gerando renda apenas para manter a própria criação de bovinos, ou seja, a família não obtém lucro. Os sistemas silvipastoris diminuem os impactos ambientais negativos, inerentes aos sistemas convencionais de criação de gado, por favorecerem a restauração ecológica de pastagens degradadas, diversificando a produção das propriedades rurais, gerando lucros e produtos adicionais, ajudando a depender menos de insumos externos (como adubos, postes e mourões), permitindo e intensificando o uso sustentável do solo, além de outros benefícios (FRANKE ; FURTADO, 2001).
A implantação de um sistema Silvipastoril está nos planos do Silvano, inicialmente ele pretende limpar a área atual de pasto que atualmente está infestado com plantas daninhas, outra medida é aumentar a área de pastagem com supressão de parte da floresta secundária que predomina vegetação de palmeiras de coco babaçu. O produtor pretende utilizar as mudas de frutíferas do próprio quintal e comprar mudas de espécies madeireiras para posteriormente plantá-las no pasto.
A piscicultura vem se tornando uma prática comum entre os agricultores do P.A Alegria, alguns até obtêm renda satisfatória dessa prática. Ao notar que essa atividade é rentável no assentamento, por ser próximo do núcleo urbano que facilita o escoamento da produção e também por receber incentivo da prefeitura de Marabá, que cedeu maquinários e mão-de-obra necessária para aberturas de tanques, o Silvano recentemente abriu dois tanques de piscicultura de 20 x 30m, e pretende aumentar mais seis tanques com as mesmas dimensões. Ainda não há peixes nos tanques, porém o Silvano pretende comprar alevinos por meio do PRONAF para colocá-los nos tanques e futuramente implantar um pesque e pague.
É importante ver a família de agricultores do lote 39 do Assentamento Alegria como unidade de consumo, mas também de produção. Percebe-se claramente um processo de passagem de tomada de decisão do Pai para o Filho, o que é raro de acontecer visto que o êxodo rural da juventude é um problema sério no Brasil, conforme cita Silva et al. (2006) que o histórico de ausência de políticas públicas no Brasil, da dificuldade e insuficiência aos serviços de saúde e educação de boa qualidade, bem como o acesso ao lazer tem reduzido a vontade dos jovens permanecerem vivendo na zona rural. A falta de apoio para a criação de alternativas de trabalho e meios diversificados para a composição da renda aumenta ainda mais essa tendência dos jovens em deixarem o campo, que muitas vezes são incentivados até pelos próprios pais por acreditarem que na cidade terão todas as oportunidades para a concretização dos seus sonhos e projetos.
Agradecimentos
Á Deus, pela vida, ao CNPQ que fomentou o trabalho, ao IALA amazônico pelo apoio e logística, aos agricultores pelo sua atenção e a toda a equipe do projeto.
Referências bibliográficas:
SILVA, P. S.; FILHO, E. T. D.; MARACAJÁ, V. P. B. B.; MARACAJÁ, P. B. ; PEREIRA, T. F. C. Agricultura Familiar: Um Estudo Sobre a Juventude Rural no Município de Serra do Mel – RN. Revista Verde (Mossoró – RN – Brasil) v.1, n.1, p. 54-66 janeiro/junho de 2006.
FRANKE, I. L. & FURTADO, S. C. Sistemas silvipastoris: fundamentos e aplicabilidade. Rio Branco: Embrapa Acre; 2001: 51p.:il.p. (Documentos, 74). GAZOLLA, M., SCHNEIDER, S.; A produção da autonomia: os “papéis” do autoconsumo na reprodução social dos agricultores familiares.Disponível em: Acesso em: 08 jul. 2014.
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