Resenha Arte Antiga - Ernest Gombrich e Julian Bell
Por: Hugo.bassi • 23/11/2018 • 1.849 Palavras (8 Páginas) • 521 Visualizações
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Um exemplo muito utilizado pelo autor é o do retrato em perfil (Fig. 4 e 5): olhos eram representados não no centro, mas na lateral da face; o corpo como um todo também era representado em perfil, onde o destaque vai para os pés e ombros, que causam inicial estranheza ao serem vistos de lado.
As pinturas eram feitas assim, pois "tudo tinha que ser representado pelo seu ângulo mais característico” (GOMBRICH, 2012, p. 61), isto é, a ilustração tinha que ser facilmente compreendida.
Desde novos, os artistas egípicios aprendiam sobre as diversas e rígidas leis que rodeavam a representação de qualquer cena que fosse. Gombrich (2012) destaca o modo estilo “malha" que era feito para que cada componente do cenário fosse colocado de forma extremamente intencional e calculada. O autor nos faz perceber que nada está disposto por acaso, e que após aprendidas todas as regras, o artista nada mais precisava saber. Não queriam técnicas diferentes.
Os servos do grande faraó, inicialmente, eram enterrados vivos junto com o grande rei, para que este pudesse atingir a vida eterna de maneira digna e com alguém para lhe servir. Com o passar do tempo, tal rito foi substituído pela representação nos painéis que ornamentavam a sala onde se encontrava a tumba do falecido faraó.
A natureza assim como as pessoas, era representada em perfil (Fig. 6), para garantir que cada componente do mural fosse facilmente identificado. Segundo Gombrich (2012), os animais e plantas ilustradas eram tão detalhados que permitem até os dias de hoje que especialistas identifiquem a qual espécie pertencem, reforçando assim, o objetivo principal das representações egípcias.
As alturas de cada pessoa ou objeto representados em um painel egípcio, variavam de acordo com sua importância, influência ou estrato social, como se pode observar claramente na figura 7, onde Khnumhotep e seu servo são representados com grande diferença de tamanho. Assim como a diferença de estatura tinha um propósito, a cor da pele também era um artifício usado para diferenciação de homens e mulheres, isto é, os homens tinham a pele colorida em tons mais escuros, e as mulheres em tons mais claros.
Cada Deus era rigorosamente representado de acordo com uma convenção criada para os artesãos, Anúbis (Fig. 8) é um ótimo exemplo disto, visto que era desenhado com cabeça de chacal em qualquer que fosse o mural, escultura ou outro meio de arte. Aton era mostrado como o sol e foi o protagonista do culto a um único deus, instituído por Amenófis IV que mais tarde viria a chamar-se Akhenaton.
Akhenaton foi o faraó que revolucionou a arte egípcia, e como o próprio Gombrich (2012) destaca, “as pinturas que ele encomendou devem ter chocado os egípcios do seu tempo pela novidade. Em nenhuma delas se encontrava a solene e rígida dignidade dos faraós anteriores” (GOMBRICH, 2012, p. 67). Isto porque, como se pode observar na figura 9, o faraó buscava retratar-se de maneira que o tornasse mais verdadeiro, segundo Bell (2008): “Isso o tornaria uma espécie de realista, determinado a afastar-se dos “esteriótipos" egípcios e a deixar que todo mundo soubesse do corpo frágil e desengonçado que ele tinha. (BELL, 2008, p. 53)”.
Desta maneira, muitas vezes Akhenaton foi representado como um homem não tão bonito e a nova era da arte egípcia foi terminada com a chegada de um novo rei: Tutankhamon.
4. Arte Grega Antiga
A análise da arte grega se inicia com uma exploração da arquitetura, que é caracterizada por formas mais simplistas, e que não busca, ao contrário das obras faraônicas do Egito, endeusar alguém, pois “na Grécia, o homem é o que é: uma ideia geral, despojada de roupas e circunstâncias” (BELL, 2008, p. 62). A escultura grega deu seus primeiros passos a partir da inspiração nos egípcios e assírios, mas começou a desenvolver estilo próprio a partir de uma representação mais fiel da forma humana.
Gombrich expõe que as pinturas gregas, em sua maioria foram perdidas, entretanto suas esculturas permanecem sendo um marco da arte desse período. Muitas das esculturas em mármore são cópias de estátuas anteriormente feitas em madeira, bronze e diversos outros materiais. Um grande exemplo do uso do bronze como base para esculpimento, é a estátua de um metro e oitenta de altura que foi encontrada em Delfos (Fig. 11), que possui, diferente das estátuas de mármore e das de bronze mais tradicionais, olhos destacados com pedras coloridas (GOMBRICH, 2012, p.89).
Assim como foi destacado por Ernst (2012), que muitas das estátuas de mármore são cópias das feitas de bronze, por exemplo, Julian (2008) nos explica um dos porquês:
Repensar o corpo humano como um sistema de múltiplos níveis fica mais fácil se você deixar de lado seu bloco de mármore e trabalhar com argila, que é semelhante à carne, por cima de uma armadura de gravetos semelhantes a ossos. Então é possível forjar os resultados no caro e glamuroso bronze. Era isso que muitos escultores atenienses vinham fazendo durante as décadas em questão, mas gerações posteriores concluíram que o bronze valia mais do que a arte, e quase todas as peças foram derretidas. (BELL, 2008, p. 64)
O escorço2 foi a grande conquista da evolução artística grega, segundo Ernst Gombrich (2012), isso ocorreu bem na época em que os mesmos começaram a contestar tradições antigas e começaram a estudar sobre a natureza das coisas, podemos observar o início desta prática na figura 10.
A arquitetura grega tinha como objetivo principal preservar as estátuas do desgastes do tempo, percebe-se que, no geral, possuíam grande simetria referente a parte frontal e posterior, como pode ser observado na figura 12, o Partenon é um grande exemplo de arquitetura grega dórica, onde os traços são mais simples, ao contrário da jônica que se caracteriza, principalmente, pelos detalhes.
Gombrich (2012) ainda evidencia o uso das cores em templos e esculturas: “Para nós,
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