Ensaio Arquitetura Cidade e Sociedade
Por: Hugo.bassi • 19/4/2018 • 1.512 Palavras (7 Páginas) • 400 Visualizações
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Grandes empresas, que se preocupam com o lucro, tentam tirar populações de seus locais para construir grandes condomínios e “valorizar” o terreno. Isso faz com que muitos bairros percam sua identidade, que é criada por moradores que tem seus valores muito semelhantes e se conhecem bem. Assim oferecem lugares com “tudo”, mas vazios de laços. O que se vê nesses condomínios são pessoas que moram no mesmo espaço e não se conhecem, não possuem nenhum contato com seus vizinhos, claro que não se pode generalizar. Acredito que as propagandas atraem todos, a maioria quer ter lazer sem sair de sua casa, mas isso prejudica a relação entre a sociedade, pois mais vezes se conhece menos sobre as pessoas e menos interações se criam.
“Caixilhos, vasados, tubos, portas, tacos, um a um, transportados, encaixados, amarrados, adaptados, disfarçados. ” (FERRO, 2006, p. 83). A arquitetura, é claro, não se faz sozinha. O arquiteto cria o projeto, posteriormente outras pessoas irão executá-lo. A construção civil é um processo trabalhoso, são diversas pessoas trabalhando em conjunto para trazer para o real o que está expresso no papel através dos projetos arquitetônicos.
O texto “Arquitetura e trabalho livre”, do autor Sérgio Ferro, trata de como são as relações de trabalho na construção civil. Como diz o autor, são diversas pessoas executando suas funções em prol de um trabalho em conjunto. Pedreiros, ajudantes, engenheiros, estão ali para executar esses projetos. O problema está em como isso é feito ainda hoje no país. Pouco se investe em máquinas para as construções, muito se utiliza da mão-de-obra barata, tudo o que se consegue “sugar” desses trabalhadores, fazem para se obter mais lucro, com isso o trabalho é muito pesado e braçal.
Existe uma divisão grande entre esses trabalhadores, não apenas pelas cores dos capacetes que usam, mas uma diferença exorbitante de salários, como tal o engenheiro ganha mais que o pedreiro, que ganha mais que seu ajudante e assim por diante. Infelizmente é uma realidade que procuram manter, visando o lucro. Uma observação interessante que Ferro faz é sobre a construção de Brasília. Muitos dos que construíram a cidade, não moram lá e sim nas cidades satélites. Uma cidade que foi planejada com o intuito de abrigar no mesmo prédio o motorista e seu patrão, não foi capaz de abrigar pessoas que saíram de tão longe buscando uma vida melhor e foram responsáveis por sua construção.
Enfim, arquitetura é isso, assim como todas as outras profissões enfrenta problemas e deve tentar ajustá-los. Esses são alguns fatores de análise, mas existem diversos, é importante ver que existem diferentes pontos de vistas para diversos assuntos que a envolvem. É claro que os problemas não acontecem apenas no Brasil, mas em muitos outros lugares do mundo.
O que a arquitetura é capaz de fazer? Creio que enxergar o mundo com outros olhos, não deve existir essa questão de planejar arquitetonicamente para apenas algumas pessoas, todos precisam dela, pois ela quem molda a sociedade, as relações fora e dentro das casas. O arquiteto desde o papel, que seja para projetar uma simples casa, desde o planejamento precisa pensar “para quem vou fazer”, “quais são as necessidades dessa pessoa”, o que lhe trará conforto. Assim é com tudo que ele deve projetar.
A arquitetura pode salvar o mundo? De alguma forma, porque não? Todos merecem habitar e todos têm o direito de habitar e essa é sua função, criar espaços para se habitar, não só no sentido de morar. Mas, claro, o que seria da arquitetura sem as pessoas? Para elas é que ela é feita. O arquiteto deve estar ciente, nem sempre seus projetos se concretizarão, mas suas ideias não foram perdidas, o processo criativo é muito importante na profissão. Além disso deve se atentar a essas questões e não ser capaz de pensar apenas no dinheiro. Deve ser capaz de criar o belo, de criar funções, espaços de integração. Creio que esse seja o maior papel da arquitetura, integrar.
“ Eu não dou a menor importância a dinheiro. Nem à própria vida. A vida é um sopro, um minuto. A gente, nasce, morre. O ser humano é um ser completamente abandonado...” (NIERMEYER). Gênios como esse não nascem da noite para o dia, Lelé mesmo acreditava nisso, muitos nascem para se destacar. Mas nem todos precisam ser gênios, o importante na arquitetura, acredito, que acima de tudo é a vontade, como havia dito, sem ela nada se faz, se criar por criar é perda de tempo. O mundo precisa de mais arquitetos que tenham vontade de mudá-lo.
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