Artigo Acadêmico - EOLO MAIA
Por: SonSolimar • 12/4/2018 • 3.117 Palavras (13 Páginas) • 734 Visualizações
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- ÉOLO MAIA
O arquiteto brasileiro Éolo Maia nasceu em Ouro Preto, no estado de Minas Gerais, no ano de 1942, cidade onde descobriu a arquitetura (ROCHA, 2002). Foi na cidade natal que iniciou seus estudos com cursos técnicos na Escola de Minas, mas foi na UFMG em Belo Horizonte em 1963 que deu início à sua jornada na arquitetura, graduando-se em 1967. Na época, ainda sob a repressão militar, suas obras haviam conceitos espaciais e plásticos do brutalismo, como também o emprego de materiais em aspecto crus, como seu primeiro projeto a Residência Marcos Tadeu (1966-1967), que em 1970 recebeu prêmio na III Premiação Anual do IAB-MG. (SANTA CECILIA, 2009)
Trabalhou no início da carreira com João Filgueiras Lima Lelé e Villanova Artigas. Esse período marcou sua primeira fase com intensivo uso de concreto armado, pela construção de volumes prismáticos e regulares. É exemplar dessa fase a Residência João Henrique Grossi, 1969, em Belo Horizonte. No início dos anos 1970, passa a ter como influência predominante a obra de Louis I. Kahn (1901 - 1974), lançando mão de aberturas em formas geométricas puras, como na Residência Renan Alvim, 1971, em seguida, parte para a exploração de volumetrias mais livres, como o prisma triangular da Residência Hélio Carvalho, 1978, ambas em Belo Horizonte. (SANTA CECILIA, 2009).
Em 1981 o grupo Três Arquitetos formados por Éolo, sua namorada Jô Vasconcelos e Sylvio de Podestá. Criou em 1982 a revista Pampulha onde as publicações sobre a arquitetura mineira ganhavam força. Desse grupo, teve como frutos grandes projetos como Escola Primária Vale Verde em Timóteo-MG (1981-1984) e a Centro de Apoio Turístico Tancredo Neves, em Belo Horizonte (1984). (CALDEIRA, 2002).
Em 1989 funda o escritório Maia Arquitetos Associados, com dedicação ainda maior com a parceria com Jô Vasconcellos, sendo sua última fase, Éolo trabalhou com a verticalidade, realizadas sob pesquisas tecnológicas e formais, construindo uma série de edifícios verticais de grande porte, como o Centro Empresarial Raja Gabaglia e o Condomínio Officenter, 1989, e o edifício Le Corbusier, 1991, e a Academia Wanda Bambirra (1997-1998) todos em Belo Horizonte. O arquiteto trabalha até os últimos dias de vida, faleceu no ano de 2002 em Belo Horizonte. (SANTA CECILIA, 2009)
Apesar de não se classificar um arquiteto pós-modernista, a arquitetura com prazer e contemporaneidade tornou Éolo Maia um expoente da arquitetura brasileira e um dos arquitetos mais proeminentes de sua geração. (ROCHA, 2002)
Seu talento para criar marcos e referências urbanas surgiu após se aprofundar nos conceitos barrocos que definiam o local simbolicamente. Assim, em seus edifícios não há como não notar aquilo que Kevin Lynch (1997) denominava “imaginabilidade”, ou seja, a capacidade que um objeto físico possui de evocar uma imagem ou sensação forte. Considerava que a paisagem das cidades não apenas era formada pela imagem dos edifícios que as compõem, mas, principalmente, pelas relações que estes edifícios estabelecem entre si e entre os espaços vazios que os circundam.
Para isso, adotou características que contribuíssem para a melhor construção da imagem urbana, dentre elas podemos destacar a dimensão vertical, na qual era um atributo muito utilizado para garantir sua visibilidade e obter a diferenciação dos edifícios vizinhos. Essas composições de volumes verticais muitas vezes possuíam ou formas escultóricas ou princípio da tripartição (base, corpo e coroamento). (SANTA CECILIA, 2009)
Além disso, suas obras possuem expressividade plástica, que são composições com volumes plasticamente expressivos que, contrapostos a um “plano de fundo” urbano homogêneo, destacavam-se por contraste. Esta expressividade era obtida através de duas estratégias distintas, o trabalho sobre as formas livres e a composição autônoma da parte externa do edifício. Isso devido a sua capacidade de assimilar, criativamente, todas as tendências da arquitetura nacional e internacional que observava, obtendo resultados peculiares e atraentes em suas criações. Era nesse aspecto que ele se revelava um grande arquiteto-autor, quando fazia emergir a originalidade da própria criação em meio a tantas influências. (MALARD, 2006)
Juntamente com a construção de edifícios heterogêneos e estudos da paisagem e seu entorno, Éolo Maia levou para suas obras a capacidade de sensibilizar o usuário, a recuperação do diálogo com as pessoas que supostamente havia se perdido em virtude do caráter hermético dos discursos da arquitetura moderna, fez com que sua arquitetura se tornasse mais comunicativa. (MALARD, 2006)
1.1 PRINCIPAIS OBRAS
Nas principais obras de Éolo Maia percebe-se as preocupações com o espaço, muito bem pensados, flexíveis e, em geral organizados por meio de eixos de circulação. Prioriza a visão do exterior, da paisagem, a luz tropical, imprimi ritmos e cores vibrantes aos volumes.
Dentre elas, o condomínio Tinguá (1968-70) é um dos primeiros projetos assinados pelo arquiteto mineiro. De escala e feições modestas, seu aparente recado deve-se à regularidade da fachada frontal além da proximidade dos prédios vizinhos que lhe ocultam o volume bem proporcionado. A proposta consistia fazer dezesseis apartamentos econômicos com área próxima de 100m², a aposta dele então foi investir em proposições espaciais mais elaboradas, abrindo mão do uso de materiais e acabamentos custosos para explorar as qualidades plásticas dos elementos construtivos em seu aspecto natural: materiais como o concreto armado, alvenarias de blocos de concreto e lajes pré-fabricadas (todos deixados aparentes), combinam-se com uma paleta cromática intensa para produzir espaços dos mais instigantes. (SANTA CECILIA, 2011)[pic 1][pic 2][pic 3]
O Grupo Escolar Vale Verde (1981-85) possui dois atributos determinantes do edifício: os tijolos maciços de cerâmica de tom avermelhado que o materializa e os diferentes arcos e abóbadas que cobrem seus recintos. Éolo chega a citar a escola como uma de suas obras mais significativas. (MIGLIANI, 2014) [pic 4][pic 5][pic 6]
Uma de suas obras mais divulgadas pela originalidade foi, sem dúvidas, a casa arquiepiscopal de Mariana (1982-83), pela sua convivência pacífica entre “períodos históricos”. A fim de manter a harmonia do espaço urbano, nas fachadas, segundo o arquiteto, marcos e quadros de aço significam a representação contemporânea das antigas estruturas de madeira. Os ritmos dos vãos estão de acordo com a proporcionalidade dos cheios e vazios da cidade e, um pátio interno
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