A Inclusão Digital e a sua relação com a sociedade moderna

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Para incluirmos uma pessoa aos meios digitais não é suficiente apenas da aquisição de um computador, é necessário também passar ao indivíduo toda a habilidade necessária para controlar o mesmo, além de uma infraestrutura de redes de internet para que a pessoa se conecte com outras ao redor do mundo (através de e-mails, redes sociais, entre outras formas).

Portanto, o processo de Inclusão consiste basicamente em “alfabetizar” tecnologicamente as pessoas que não possuem acesso a essas tecnologias, e mais do que isso, fazer com que esse conhecimento seja útil para fazer diferença na vida dessa pessoa, muitas vezes as incluindo socialmente na vida.

Início da Era Digital e Exclusão Digital

A partir da segunda metade do século XX, temos o início de uma mudança na dinâmica das tecnologias no mundo, que acabou gerando a Terceira Revolução Industrial, e com isso uma nova era chega: A Era Digital.

Muitas novidades tecnológicas surgiram e com elas, novos problemas, conforme afirma o filósofo da informação Pierre Lévy (1999: p.237) [2]: “toda nova tecnologia cria seus excluídos”. De fato, com essa afirmação ele vai além da discussão tecnológica, indo para o meio geral onde podemos perceber que uma pessoa ou grupo não pode sentir falta de algo se esta coisa não existir. O surgimento da escrita gerou os analfabetos, a demarcação de terras gerou os sem-terra, a invenção da internet gerou os analfabetos e excluídos digitais.

É plausível perceber então, que pra falar da Inclusão Digital é necessário pontuar o papel da Exclusão Digital causada pelo início da Era Digital. Apesar disso, não é cabível atribuirmos culpa aos novos meios tecnológicos por trazerem um princípio de exclusão quando são criadas [3], uma vez que tais meios são responsáveis por gerar avanços na comunicação social, na indústria, agricultura, biomedicina e diversas outras áreas.

Um exemplo desses avanços é a popularização da internet e dos novos meios tecnológicos que era antes restrita a usos militares. Esse avanço ocorreu após, principalmente, a criação do WWW (World Wide Web) em 1991[4]. Foi a partir desse momento que o meio digital começou a se tornar parte do cotidiano da população.

Vale notar, como apontam estudos recentes sobre Exclusão Digital, que é perceptível notar que a causa dela não é única, e sim uma combinação de diversos fatores existentes, sendo decorrente de fatores econômicos sociais e culturais. Isso faz com que a desigualdade social no Brasil nos tempos modernos sirva como uma das causas da Exclusão Digital, criando necessidade de existir uma Inclusão Digital, uma vez que o Brasil, assim como a ONU, busca prezar a asseguração da igualdade para todos os cidadãos, o que reflete no acesso aos meios digitais, uma vez que o mundo tecnológico moderno faça parte do cotidiano dos cidadãos. Se é um serviço necessário para a inclusão na sociedade atual, todos deveriam então ter o direito.

Partindo desse princípio surge a Inclusão Digital, buscando balancear a distribuição e o acesso aos meios eletrônicos a partir de projetos e medidas (que serão detalhadas ao longo do trabalho), feitas por intermédio dos governos federal, estadual e municipal, além de ONGs ou outras instituições existentes. A meta é suprir as deficiências nessa área, diminuindo as extensas discrepâncias, seja entre extremos econômicos, sociais, culturais ou até mesmo na área da saúde (debilidades físicas e mentais também são fatores que contribuem para a exclusão digital), que existem no Brasil e no mundo.

Seguindo essa linha de raciocínio podemos finalmente começar a desconstruir e entender o problema da falta de Inclusão Digital, o que é fundamental para se pensar em soluções. Perceber que o problema afeta mais os marginalizados à sociedade, sem, entretanto, ser um produto unicamente da condição econômica, é um fator crucial para perceber que em algum momento quase todos estiveram em meio a uma Exclusão Digital, e a resolução disso dependerá de conseguir tornar acessível o uso das novas tecnologias, tanto em preços, quanto em adaptações, utilizando diferentes formas de Inclusão Digital.

Formas de Inclusão Digital

Em 2011 a ONU declarou que o acesso à internet deve ser um direito humano e segundo ela: “permite que indivíduos busquem, encontrem e compartilhem informações de todos os tipos, de uma forma instantânea e barata”, além de “impulsionar o desenvolvimento econômico, social e político das nações, contribuindo para o progresso da humanidade como um todo” [5].

As perspectivas globais acabam por indicar as quatro principais formas de inclusão digital que mais precisam ser abordadas, e são elas: Econômica, Cultural, Política e Deficiências físicas e mentais.

Econômica – Atualmente, a principal forma de exclusão digital no mundo é por razões econômicas. No cenário capitalista e consumista que vivemos a discrepância entre o pobre e o rico, quem vive no conforto de quem vive no sufoco é muito grande. E isso também reflete no acesso das classes inferiores às tecnologias de informação. Não ter uma condição econômica boa implica em não estar incluído digitalmente no mundo.

Muitas famílias não conseguem arcar com os altos custos da tecnologia, e acabam que se excluem desse meio tecnológico.

Além disso, a inclusão digital pode mudar a vida de muitos jovens, os educando e os dando ferramentas para se integrar e se distrair ao invés de ficarem nas ruas sem atividades. Isso poderia gerar uma diminuição dos índices de violência, se pensássemos a longo prazo.

Cultural – O efeito dessa era digital recente é sentida até pelos que nunca imaginaram participar dela, isso porque culturalmente, durante séculos, o modo de vida desses povos nunca mudou, é o caso dos índios, por exemplo, que viviam basicamente isolados do restante do mundo e nos últimos anos passaram a ter contato com a tecnologia.

Essa mudança nos costumes pode ser analisada como positiva ou negativa, dependendo do ponto de vista. São negativas, pois coloca em risco uma tradição de anos e que não pode acabar de um dia pro outro, e é positiva pelo fato de pela primeira vez na história que povos tão isolados possam se integrar com o resto do mundo e usufruir de tecnologias tão diferentes do seu habitual estilo de vida.

No Brasil, já existem alguns projetos que visam incluir a população indígena digitalmente, um deles é o ”Projeto Inclusão Digital Indígena Nacional”, realizado