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Anthony Giddens - Construção Da Identidade Na Sociedade Moderna

Por:   •  16/3/2018  •  3.160 Palavras (13 Páginas)  •  400 Visualizações

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Por isso Giddens aponta como uma das características mais importantes dentro da modernidade é o fato da acentuada reflexividade das práticas sociais, que na modernidade dita tardia se radicaliza, e em consequência disso as práticas sociais cada vez mais são revisadas com uma grande velocidade sob a luz de conhecimentos, tornando a modernidade cada vez mais imprevisível, impedindo assim qualquer possibilidade de ordenamento racional da sociedade e do meio ambiente. É certo que para Giddens, a modernidade traz à tona os aspectos de globalização que trazem consigo consequências importantes para toda vida social em contornos globais, sobretudo, no tange aos riscos evidenciados na alta modernidade que vão desde riscos ambientais, de saúde, estendendo-se a âmbitos institucionais como familiar e entre outros.

Isso é notório a partir do momento que a modernidade tardia coloca em evidencia uma de suas características, que é o desenvolvimento industrial e a produção das tecnologias que se expandem no contexto global de forma dinâmica, acarretando em certa proporção novos riscos que em contextos tradicionais não eram vistos. Onde esse novo mundo que se apresenta ao indivíduo proporciona certa “impotência” em que a sociedade tem a sensação de incerteza e de impossibilidade de controle do desenvolvimento. E por esses motivos as sociedades modernas são obrigadas a refletir sobre si mesmas, e simultaneamente desenvolvendo a capacidade de refletir retrospectivamente sobre si mesmas, ao passo que o conhecimento científico vem substituindo a tradição, na busca dos indivíduos por fontes de segurança.

Assim o indivíduo deve confrontar seus excessos, passando a assumir-se como objeto de reflexão e exercendo assim uma crítica racional sobre o próprio sistema, tornando-se um tema e um problema para si mesmo. Onde o indivíduo passa a refletir sobre o mundo em que vive e “exerce uma análise racional das consequências de fatos passados, das condições atuais e da probabilidade de perigos futuros, procurando assim minimizar os perigos, à medida que esse futuro vai-se tornando presente”.

De forma simplificada podemos compreender na perspectiva de Giddens, que: risco e perigo são “são vividos em relação com a segurança ontológica”, pelo fato de que nas sociedades pré-modernas, a confiança era depositada nas pessoas, que acreditavam em preceitos de fontes religiosas, sendo que nas sociedades modernas, a confiança é depositada nos “sistemas abstratos” que tentem a proporcionar um mínimo de segurança. Esta segurança ontológica que antes era fornecida pelas sociedades tradicionais, rompe-se a partir do surgimento da alta modernidade e o advento da industrialização, que pelo seu caráter dinâmico e pela consequente eminência de risco, está sendo buscada cada vez mais nos contextos atuais e na segurança que o sentido de identidade pode oferecer. Onde a busca por tal segurança, vai se dá no âmbito individual, nas relações cada vez mais individualizadas do dia a dia.

Portanto: “saber quem eu sou e saber quem o outro é”, se torna ponto chave para o desenvolvimento das relações na alta modernidade. Consequentemente o senso de si e do outro parece ser o pilar de segurança para a interação entre as pessoas, onde a confiança do mesmo modo emerge como valor primordial das relações. Nota-se que a modernidade além de instaurar no individuo a confiança como um valor, ela instaura, também, uma atitude de busca de uma identidade, onde é instigado, o tempo todo, a revelar o seu “verdadeiro eu”. E em certa medida a confiança se revela como a possibilidade de previsibilidade do comportamento do “outro”, sendo que previsibilidade só é possível através da formação de um eu que sustente certa lógica.

Além disso, na concepção de Giddens a identidade não possui um caráter natural e ao mesmo tempo não se caracteriza como algo fixo e imutável na alta modernidade. E mesmo não sendo fixas e imutáveis, as identidades podem na visão do autor “ganhar uma solidez inimaginável no desenrolar das relações sociais”. Por assim dizer, a auto-identidade não é vista como algo dado, mas sim construída de forma cultural.

- Perspectiva de Bauman acerca da identidade.

Na visão de Bauman a nova modernidade que Giddens nomeia de modernidade tardia, passa a se chamar em sua concepção, de modernidade liquida. Mas por que modernidade liquida?

Pelo simples fato de se fazer uma oposição a solidez que aludia à modernidade anterior. Onde podemos notar que esta liquidez invadiu os vários setores da modernidade que anteriormente eram sólidos, se tornando assim um mundo complexo, onde ocorrem mudanças rápidas e radicais. E é importante observar que para Bauman, essa nova modernidade maleável promove a ascensão do individual, e causa declínio das instituições sólidas e tradicionalistas. Onde as relações sociais, tanto familiares, entre amigos, afinidades políticas e entre outras, acabam perdendo estabilidade e consistência, que é um dos fatores da globalização que implica diretamente na modernidade liquida. Portanto, na visão de Bauman, o que caracteriza a modernidade liquida e faz dela diferenciada, é o desmoronamento da antiga ilusão moderna de haver um completo domínio sobre o futuro, e a compreensão de que na modernidade liquida não existem mais valores sociais, e sim individuais, ou seja, vale somente o interesse individual.

Na fase dessa liquidez e fluidez das relações e dos setores da sociedade, evidenciados, sobretudo nos setores econômicos, sociais, políticos, encontramos uma individualização radicalizada juntamente com a centralidade do consumo, em meio a objetivação das relações dos indivíduos na sociedade. Onde o consumo se torna nesse panorama, fonte principal de satisfação dos indivíduos, se tornando uma sociedade transformada pelo mercado.

Bauman realiza uma análise bastante crítica do processo de globalização, principalmente no que se refere às tecnologias advindas deste processo, como o caso da internet. E visto desse ângulo e assemelhando-se a visão de Giddens quanto a influencia na modernidade dos aspectos da globalização, Bauman nota que a globalização se torna na modernidade liquida, um processo sintetizador da mudança de postura do indivíduo em relação a sua identidade. Onde a globalização não da possibilidade ao estado de manter uma união solida e inabalável com nação. Com isso entrelaça a esse processo outro fator, que seria a compressão do espaço e do tempo, ocasionando uma condição de “aceleração dos processos globais, de forma que se sente que o mundo é menor que as distâncias mais curtas, que os eventos

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