TERAPIA OCUPACIONAL: PROPOSTA DE PROJETO DE INTERVENÇÃO EM UMA ENFERMARIA DE PEDIATRIA
Por: Evandro.2016 • 10/4/2018 • 2.471 Palavras (10 Páginas) • 553 Visualizações
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2. O PROJETO, A RELAÇÃO COM AS MÃES ACOMPANHANTES E O IMPACTO DA INTERNAÇÃO
O foco do presente projeto são as mães que acompanham seus filhos na enfermaria, pois a internação traz importantes consequências para toda família da criança. De acordo com Milanesi et al. (apud SCHNEIDER e MEDEIROS, 2011) a criança estar hospitalizada não afeta a família apenas pelo fato de existir uma doença, mas gera sofrimento pelo fato de afetar todo o contexto familiar.
De acordo com Chiattone, apud ANGERAMI (2003), as reações mais comuns da família diante da doença e hospitalização da criança são: insegurança, pressão, desestruturação pessoal e familiar, superproteção, redução de afetividade, separações conjugais, abandono do lar, abandono da criança, angústia e pânico ao ambiente hospitalar.
Ver a criança hospitalizada gera sofrimento e a hospitalização traz dificuldades referentes às transformações provocadas na vida da família e destes familiares envolvidos, que experienciam muitos medos e angústias, além do desgaste de atender às necessidades e demandas específicas da criança (SCHNEIDER; MEDEIROS, 2011).
Em especial, mães acompanhantes passam por situações estressantes em consequência de noites mal dormidas, cansaço, desestruturação familiar e máxima atenção voltada para a criança e, em muitos casos, seus sentimentos e necessidades não são prioridades, considerando que estar hospitalizado pode ter diversos significados e caracteriza-se por não ser uma opção, mas uma necessidade (SCHNEIDER; MEDEIROS, 2011)
Muitas vezes a informação, o esclarecimento e o relaxamento auxiliam os pais e as crianças a enfrentar com mais tranquilidade a situação de internação (LEITÃO apud SCHNEIDER; MEDEIROS, 2011).
3. CONTEXTUALIZANDO A TERAPIA OCUPACIONAL E O HOSPITAL
A Terapia Ocupacional surgiu em dois eixos principais: a ocupação de doentes crônicos internados nos hospitais e a recuperação da funcionalidade dos incapazes físicos em programas de reabilitação (DE CARLO; BARTALOTTI, 2001).
A prática terapêutica ocupacional relaciona-se à vida ocupacional do ser humano, através do uso de atividades, sejam elas produtivas, de autocuidado ou de lazer (DE CARLO et al., 2004).
A profissão atua como promotora da saúde e da qualidade de vida ocupacional, considerando que a qualidade de vida influencia direta e indiretamente na autoestima, humor, motivação, entre outros. Desta forma, o terapeuta ocupacional pode caracterizar sua atuação realizando ações voltadas para a diminuição do impacto e das rupturas do cotidiano que essa internação pode vir a causar na mãe (TAKATORI et al. 2004).
É importante ressaltar que, com o passar dos anos, a Terapia Ocupacional vem desenvolvendo uma nova perspectiva de assistência hospitalar que vai além do tratamento somente com a pessoa que está internada. A promoção de qualidade de vida para essa mãe que permanece com o filho no hospital, o auxílio na reorganização do cotidiano e a proposta de atividades no espaço hospitalar são alguns dos objetivos da profissão (DE CARLO et al., 2004).
O papel do terapeuta ocupacional no contexto hospitalar abrange também outros membros da família. Cabe ao profissional identificar as necessidades e buscar possíveis soluções para os problemas e/ou dificuldades que podem surgir. Aspectos socioemocionais como sofrimento, problemas decorrentes da ruptura do cotidiano, dificuldades de adaptar-se com a rotina de uma enfermaria entre tantos outros, podem surgir. Por isso, é necessário reestruturar esse cotidiano, bem como o cuidado com o paciente e sua família. Estes aspectos podem ser trabalhados em conjunto com as mães e a equipe, o que também caracteriza a importância do terapeuta ocupacional compor a equipe hospitalar, tendo a oportunidade de desenvolver um trabalho multiprofissional (DE CARLO et. al., 2004).
É importante ainda que o profissional estabeleça vínculo terapêutico e tenha conhecimento da história da acompanhante, suas expectativas, sentimentos etc., o que facilita e auxilia no enfrentamento de dificuldades da mãe, a fim de criar redes de suporte para a mesma durante o período de internação bem como possibilitar a configuração de ações que sejam significativas dentro deste cotidiano hospitalar (DE CARLO et al., 2004).
O suporte durante a hospitalização auxilia na diminuição das condições adversas, tendo o terapeuta ocupacional o papel de acolher e canalizar meios e formas de possibilitar a expressão de vivências, sentimentos e medos, além de identificar as reais necessidades em relação ao cotidiano hospitalar e suas atividades essenciais, dando um suporte real ao familiar (TAKATORI et al., 2004).
Os aspectos e consequências da internação podem ser expressos por meio de linguagens verbais e não verbais, através de atividades ou outros recursos terapêuticos (DE CARLO; BARTALOTTI, 2001).
Na Terapia Ocupacional, atividades são recursos que proporcionam conhecimento e experiência, auxiliando na transformação de rotinas e ordens estabelecidas, além de permitir crescimento pessoal e interação social (DE CARLO; BARTALOTTI, 2001).
O acompanhamento na realização de atividades fornece o entendimento das rupturas ocasionadas pelo estado clínico do filho, considerando que a atividade humana caracteriza-se como um elemento centralizador e orientador do processo terapêutico, além de permitir conhecer a história de vida dos sujeitos (DE CARLO; BARTALOTTI, 2001).
4. OBJETIVOS
- Proporcionar um olhar terapêutico ocupacional voltado para as mães, bem como discutir a possível atuação da Terapia Ocupacional com esse público;
- Entender as consequências da hospitalização e auxiliar na amenização das angústias que esta causa para os pais;
- Promover um espaço de escuta, promoção do cuidado e realização de atividades para os familiares.
5. METODOLOGIA
Para a construção do referido projeto, a aprimoranda frequentou por quatro horas semanais, durante o período de um ano, a enfermaria pediátrica do Hospital das Clínicas de Botucatu, a fim de conhecer o espaço e a dinâmica de funcionamento da enfermaria, bem como ter contato direto com os profissionais que ali trabalham, criando vínculo com estes e com os pacientes.
A proposta consiste na realização de atendimentos grupais, dois dias por
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