Trabalho Psicologia do Trabalho
Por: Sara • 3/4/2018 • 2.463 Palavras (10 Páginas) • 502 Visualizações
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Então você não acha justa ou certa essa prática de estar sempre renovando aqui não é?
Não, eu não acho. Acho que deveria fazer um concurso efetivo.
Acolher os profissionais efetivamente?
Fazer um concurso mesmo, de amplitude, para que todos possam competir.
10- Quais são os pontos positivos do seu trabalho?
Os pontos positivos é que eu faço o que eu gosto; eu tenho a oportunidade de formar profissionais e tento formar da melhor maneira possível, porque eu sei que se eu precisar lá na frente, e tiver num hospital eu quero confiar naquele enfermeiro que vai estar me atendendo... só, assim... é algo que eu gosto, eu acho importante assim a profissão de professor, eu acho importante porque você forma outras pessoas e para mim isso é algo que mais importa.
O que você percebe que te dá mais prazer na prática da docência?
É ver que o aluno realmente aprendeu aquilo que eu tinha passado. É ver que na prática ele consegue desenvolver o que a gente estudou na teórica.
11- E quais são os pontos negativos da profissão de professor, especificamente professor substituto?
Não, ponto negativo realmente é instabilidade, porque você não sabe se realmente daqui a seis meses você vai ter seu contrato renovado, se... quanto tempo você vai permanecer aqui, a instabilidade em relação ao salario porque o salario deve ser... deveria ser proporcional a sua graduação. Então se uma pessoa graduada ganha a mesma coisa que eu que estou terminando o mestrado... então eu me dediquei, de certa forma mais a minha formação docência, e no final das contas eu receber a mesma coisa. A questão da insalubridade também, e em relação a ensino, somente a questão de alunos que não prestam atenção, que não se dedicam, e isso realmente é muito ruim, porque muitas vezes vai sair um profissional mal formado e não se tem o que fazer, porque como estavam dizendo aqui anteriormente, não se tinha questão de pré-requisitos nas disciplinas, então um aluno reprovava em uma disciplina teórica e ele ia pra prática no outro período, então como é que ele ia pra disciplina prática se ele não tinha nem a formação teórica? Tem algumas coisas que a universidade está tentando ajeitar, já impuseram essa questão de pré-requisito que eu acho importante, mas no mais...
12- Existe algum ponto negativo na relação do professor substituto com a própria instituição, a universidade em si?
Não, só tem essa questão de não respeitar a insalubridade, e essa questão de instabilidade, porque o contrato é precário, você... você não sabe de nada, então você fica a mercê da vontade do departamento.
13- Você tem tido queixas a respeito da sua saúde física ou mental?
Não, até agora não, e até antes, nunca tive nenhum problema não. O que eu tenho realmente só são alguns problemas musculares devido ao... ao estresse mesmo das atividades diárias, mas fora isso... mental, não. Só questões musculares.
Você acha que esses problemas musculares estão relacionados de certa forma a alguma etapa do seu trabalho?
É... Tá relacionado com a tensão, mas assim, com o trabalho em si de professor substituo, não. Mas como eu tenho que lidar com aqui, como eu tenho que lidar com o doutorado, as vezes ficam muitas atribuições e eu não consigo dar conta. Mas não é algo corriqueiro, são algumas vezes que acontece isso.
14 – A gente sabe que determinados trabalhos e determinadas relações de contrato pode refletir gerando sofrimento no professor que acaba gerando sintomas, tanto físicos quanto mentais. Diante dessa realidade você conhece outros professores que estão sofrendo por causa da sua profissão?
É, conheço. Conheço, principalmente quando estão com sobrecarga em atividades que envolvem (inaudível), que muitos ainda praticam... é... tal fato. Então muitos dão aula, e muitos dão aula e plantão. Então é uma sobrecarga muito grande, porque fazem o plantão noturno, quando saem do plantão noturno às sete da manhã, vão direto dar aula, quando acaba aula tem que preparar outras aulas, tem que corrigir trabalhos, elaborar outras aulas, então não tem muito tempo para descanso, mas são mais essas pessoas mesmo que tem mais de um vínculo.
Isso você percebe em seu departamento ou em outros?
Percebo.
E como você vê a assistência da universidade em relação a esses profissionais que estão sobrecarregados?
Aqui eu não tenho muita experiência para saber, também não sei se tem algum setor ou que acolhe os professores, eu sei que na UFPB, onde eu terminei, lá tem, lá tem um programa que acolhe... é... esses profissionais. Aqui eu não sei.
15- Você conhece alguns professores que estejam pedindo licença de saúde?
Tem alguns professores no departamento que estão, mas o motivo da licença eu não sei, o motivo se é... se é mental, se é físico, eu sei que tem alguns lá, acho que dois ou três, que pediram licença por problemas de saúde.
Professores efetivos ou substituos?
Efetivos.
E os substituos, você percebe que eles pedem licença de saúde?
Não. (risos) Nem sei se pode pedir essa licença, se pode... eu não sei. Se puder acho que vai ficar meio ruim pra eles né... Pra gente na verdade. Até para lidar com essa questão de ajeitar o espaço das aulas e do estágio, porque não vai ter outra pessoa que possa cobrir né, porque já é deficiente de professores.
É um contrato temporário, então muitas vezes os professores podem se sentir um pouco ameaçados de pedir licença, medo de não ter o seu contrato renovado, então muitas vezes eles acabam guardando para si algum sofrimento que eles estejam tendo, em vez de comunicar ao departamento.
Sim, pois nossa contratação fica a mercê do departamento.
16- Como é a sua participação política em relação ao movimento dos docentes na universidade? Questão de sindicato, movimento, união dos professores.
Nunca fui... Para as reuniões.
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