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Sonhos e uma introdução a visão da Neuropsicanálise sobre eles.

Por:   •  25/4/2018  •  2.722 Palavras (11 Páginas)  •  303 Visualizações

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Tais desejos podem assumir diversos símbolos nos sonhos. Por exemplo, o número 3 possui um significado simbólico do órgão sexual masculino. Todas as idéias de sonhos que se consistem em três partes podem significar o órgão sexual do homem. O falo também é simbolicamente substituído por objetos que são similares a ele em sua forma, tais como rochas, gravetos, bengalas, árvores, objetos com características de penetração, tais como facas, espadas, lanças, e armas de fogo: revólveres, rifles, canhões. Alguns símbolos menos evidentes incluem: peixes, répteis (especialmente cobras). Também casacos e chapéus podem ter o mesmo significado. A genitália feminina é representada simbolicamente por objetos que podem conter coisas, como cavernas, frascos, caixas, bolsos, navios... O mesmo para casas com entradas, passagens e portas. Típicos símbolos femininos entre animais incluem: lesmas, e animais com conchas. Maçãs, pêssegos e frutas em geral simbolizam seios. Instrumentos, quebrar gravetos, e escorregões simbolizam a masturbação. Arrancar dentes ou sua extração são símbolos de castração como punição à masturbação. Várias atividades rítmicas tais como dança, cavalgar e teatro simbolizam o curso sexual em si. Atividades típicas que simbolizam a sexualidade própria são escaladas, subir e descer escadas, e correr dentro de uma casa. Reis e rainhas ou imperadores e similares representam os pais. A queda em água ou saída dela representa o nascimento. (BRLIZG, 1998)

Em alguns casos, os desejos são tão intensos que a censura não consegue transformá-los. Então nós experienciamos um sentimento de angústia, que é um sinal de que o desejo suprimido se mostrou ser mais forte do que a censura. Como conseqüência, isso desperta o sonhador antes que o desejo suprimido possa ser cumprido – o que está em contraste com a censura. Neste caso, o sonho não conseguiu completar sua tarefa, mas seu propósito também não mudou. (BRLIZG, 1998)

A compreensão de como a censura funciona é essencial para a interpretação dos sonhos. Nós somente podemos descobrir o conteúdo latente de um sonho quando considerando o trabalho da censura. Ela é um código que sem sua compreensão seria impossível interpretar os sonhos. O simbolismo de Freud também nos provém grande ajuda. (BRLIZG, 1998)

Sonhos não seguem as leis de nosso ambiente consciente, ou seja, uma falta de senso. Portanto, Freud define os sonhos como tendo leis próprias. Se ele não é “aceito” pelo superego ele toma expressões substitutivas para continuar agindo, mas de maneira imperceptível conscientemente. Para Freud o sonho é concebido como um caminho para o inconsciente, pois este é a sua principal forma de agir. (BRLIZG, 1998)

Os processos que ocorrem nos sonhos são chamados por Freud de “Processos primários”, em oposição aos do consciente, chamados de “processos secundários”. Os processos primários têm como característica não levar a realidade em consideração, não tolerar contradições e não conhecer a temporalidade, e acima de tudo buscar a realização dos seus impulsos. Freud descobre os meios pelos quais os sonhos atingem seus objetivos: a condensação e o deslocamento. O mecanismo de deslocamento é a possibilidade que as idéias têm, no inconsciente, de emprestar seu valor a outras idéias, de modo que os fatos ou imagens aparentemente sem importância podem ter sido armazenados. De forma inversa, fatos que aparecem no sonho como extremamente nítidos ou valorizados usualmente ganham seu relevo por uma associação a outra idéia, de grande importância. (FREIRE, apud FREUD, SIGMUND, Análise dos Sonhos cap. 6, 7)

Um exemplo dado por Freud é o do pequeno Hans, que tinha medo de cavalos. Freud descobre que o jovem tinha uma representação negativa do pai, e desloca essa representação para outra – o medo de cavalos.

O mecanismo de condensação é quando uma vez feito o deslocamento para uma representação, esse deslocamento venha a ser feito para várias representações. É possível então desligar os afetos e as representações. Assim, uma única imagem ou característica pode ter vários significados. A condensação é, portanto uma imagem que reúne em si vários aspectos desligados de várias representações. Por exemplo, um personagem pode ocupar uma função (que tem na realização de um desejo) de toda uma multidão de personagens que não aparecem no sonho, se não por pequenos fragmentos. Para Freud, que observou este mecanismo no seu trabalho de interpretação dos sonhos, a condensação procura não só concentrar os pensamentos disseminados do sonho formando unidades novas, mas também criar compromissos e meios termos entre diversas séries de representações e de pensamentos.

Muitos sonhos que pareciam enigmáticos antes, se tornam mais claros quando se considera os símbolos e as censuras neles presente. E apesar dos símbolos nos proverem com uma interpretação direta dos sonhos, não devemos nunca fazer isso sem conhecimento prévio do perfil psicológico do paciente. Deve-se usar a associação livre ao analisar os sonhos. O paciente é pedido para descrever seus sonhos o máximo possível e na maior quantidade de detalhes possíveis. O paciente deve então considerar que ele deverá dizer todas as suas idéias sem tentar censurá-las ou controlá-las.

Uma regra que não deve ser quebrada: quando se está contando os sonhos é de que o paciente não deve abandonar nenhuma idéia mesmo se ele ou ela tiver alguma das quatro objeções: aquela idéia é irrelevante, não faz sentido, não está conectada com o assunto ou é vergonhosa demais

Freud (1977)

Temos então aqui uma síntese de como a Psicanálise vê os sonhos e os interpreta. No entanto, naquela época eram pouco conhecida fisiologia do sono, e os mecanismos biológicos dos sonhos. Atualmente, com o avanço cada vez maior do conhecimento das neurociências a teoria freudiana tem enfrentado severas críticas. Qual é então a situação atual da interpretação dos sonhos freudiana?

Dr. Pedro Carlos Primo, psiquiatra e psicanalista, mestre em saúde mental, ciências humanas e sociais pela Universidade de León, Espanha. Nos mostra em seu artigo intitulado: “Neurociência integrando a Psiquiatria e Psicanálise. Sonhos: neurociência versus psicanálise” qual a situação da teoria psicanalítica sobre os sonhos hoje com o advento das neurociências, e como surge uma nova área do conhecimento mesclando as duas áreas, a Neuropsicanálise.

Em suas palavras:

Em 1900, em seu livro “A interpretação dos Sonhos”, Sigmund Freud defendia a idéia de que

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