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O MÉTODO DE INTERPRETAÇÃO DOS SONHOS: ANÁLISE DE UM SONHO MODELO

Por:   •  22/12/2017  •  1.573 Palavras (7 Páginas)  •  414 Visualizações

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No estado utilizado para a análise dos sonhos e das idéias patológicas, o paciente, de forma intencional e deliberada, abandona essa atividade e emprega a energia psíquica assim poupada (ou parte dela) para acompanhar com atenção os pensamentos involuntários que então emergem, e que – e nisso a situação difere da situação do adormecimento – retém o caráter de representações.

Ao que parece pela observação de Freud esse posicionamento de atitude se configura demasiado hercúleo para alguns, somos freqüentemente bombardeados por “pensamentos involuntários” aptos a resistir a esse tipo de adoção. A fim de finalizar esse resumo prossigo com a descrição do método em si e após brevemente o relato do caso Irmã.

Freud sabia das implicações de seu método, e, procurando aumentar a veracidade e descolunação da interpretação nos orienta a fracioná-lo em partes mais ou menos conexas de seu conteúdo inteiro. Assim, cada fração estará mais susceptível de associações lógicas, associação essas a que Freud chamou de “Pensamentos de fundo” das partes específicas de um sonho. O método Freudiano de interpretação dos sonhos não oferece tanta acessibilidade e simplicidade quanto os outros métodos populares como a decifração que interpreta qualquer parte do sonho por uma criptografia baseada em um código fixo, diferente dos outros esse método está disposto a mostrar que um mesmo fragmento pode esconder sentidos distintos para cada indivíduo e contexto. A fim de demonstrar sua prática interpretativa, Freud relata seu próprio sonho e nos auxilia quanto a interpretação do mesmo, por meio da “auto-análise” mergulha em seu aparato lógico e nos condiciona a produzir uma interpretação científica válida e aceitável.

Segue o Sonho:

SONHO DE 23-24 DE JULHO DE 1895

Um grande salão — numerosos convidados a quem estávamos recebendo. — Entre eles estava Irma. No mesmo instante, puxei-a de lado, como que para responder a sua carta e repreendê-la por não ter ainda aceitado minha “solução”. Disse-lhe: “Se você ainda sente dores, é realmente apenas por culpa sua.” Respondeu ela: “Ah! se o senhor pudesse imaginar as dores que sinto agora na garganta, no estômago e no abdômen… — isto está me sufocando.” — Fiquei alarmado e olhei para ela. Parecia pálida e inchada. Pensei comigo mesmo que, afinal de contas, devia estar deixando de perceber algum distúrbio orgânico.

Levei-a até a janela e examinei-lhe a garganta, e ela deu mostras de resistências, como fazem as mulheres com dentaduras postiças. Pensei comigo mesmo que realmente não havia necessidade de ela fazer aquilo. — Em seguida, ela abriu a boca como devia e, no lado direito, descobri uma grande placa branca; em outro lugar, vi extensas crostas cinza esbranquiçadas sobre algumas notáveis estruturas recurvadas, que tinham evidentemente por modelo os ossos turbinados do nariz. — Chamei imediatamente o Dr. M., e ele repetiu o exame e o confirmou… O Dr. M. tinha uma aparência muito diferente da habitual; estava muito pálido, claudicava e tinha o queixo escanhoado… Meu amigo Otto estava também agora de pé ao lado dela, e meu amigo Leopold a auscultava através do corpete e dizia: “Ela tem uma área surda bem embaixo, à esquerda.” Indicou também que parte da pele do ombro esquerdo estava infiltrada. (Notei isso, tal como ele fizera, apenas do vestido.)… M. disse: “Não há dúvida de que é uma infecção, mas não tem importância; sobrevirá uma disenteria, e a toxina será eliminada.”… Tivemos também pronta consciência da origem da infecção.

Não muito antes, quando ela não estava se sentindo bem, meu amigo Otto lhe aplicara uma injeção de um preparado de propil, propilos… ácido propiônico… trimetilamina (e eu vi diante de mim a fórmula desse preparado, impressa em grossos caracteres)… Injeções como essas não deveriam ser aplicadas de forma tão impensada… E, provavelmente, a seringa não estava limpa.

Esse sonho tem uma vantagem sobre muitos outros. Ficou logo claro quais os fatos do dia anterior que haviam fornecido seu ponto de partida. Meu preâmbulo torna isso evidente. A notícia que Otto me dera sobre o estado de Irma e o caso clínico que eu me empenhara em redigir até altas horas da noite haviam continuado a ocupar minha atividade mental mesmo depois de eu adormecer. Não obstante, ninguém que tivesse apenas lido o preâmbulo e o próprio conteúdo do sonho poderia ter a menor idéia do que este significava. Eu mesmo não fazia nenhuma idéia. Fiquei atônito com os sintomas de que Irma se queixou comigo no sonho, já que não eram os mesmos pelos quais eu a havia tratado. Sorri ante a idéia absurda de uma injeção de ácido propiônico e ante as reflexões consoladoras do Dr. M.

Em sua parte final, o sonho me pareceu mais obscuro e condensado do que no início. Para descobrir o sentido de tudo isso, foi necessário proceder a uma análise detalhada.

O sonho de Injeção de Irmã ocupa um lugar único na história da Psicanálise. Foi o primeiro sonho que Freud submeteu a uma interpretação detalhada e que permitiu, segundo ele, resolver o enigma dos sonhos.

Freud dará ao sonho de Irma

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