Resenha através da concepção de Ética Levinasiana
Por: eduardamaia17 • 13/5/2018 • 1.598 Palavras (7 Páginas) • 372 Visualizações
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cuidados são cada vez mais aparentes. Presenteia sempre, deu uma bicicleta para a menina atravessar a cidade de casa para o trabalho.
Mas um assassinato no bordel onde se encontrava com “Delgadina” afasta-o de seu amor. Passa a viver uma busca alucinante para encontrá-la e trazer de volta sua vontade de viver.
Sua aflição toma conta de seus dias e passa a refletir em suas crônicas, a dor de não conseguir reencontrar “Delgadina”. Revira toda a cidade atrás de algo ou alguém que possa lhe dar qualquer notícia da menina.
Num dia o telefone toca era Rosa Cabarcas com notícias suas e da menina. Marca um novo encontro. Apesar da frenética euforia que o domina, um sentimento de ódio toma conta de sua alma quando observa “Delgadina”, suas jóias seu perfume, arrebata-se de ciúmes. Rosa Cabarcas o alinha explicando como esses dias de afastamento foram difíceis, mas sua fraqueza o domina, e assim deixa tudo para trás e volta aos seus dias de vida comum.
Desesperançado com a própria vida passa a sentir o peso dos anos. Atribui que “... É impossível não acabar sendo do jeito que os outros acreditam que você é...”
Após reencontrar um antigo caso, toma conhecimento de como todos nos somos imprescindíveis, principalmente quando os anos fazem falta e não temos com quem compartilhar nossas vidas.
Volta a procurar Rosa Cabarcas, e definitivamente passa a viver seu grande amor pela menina “Delgadina”.
Reconstrói o lugar e comprometem-se tudo em vida deixar para a doce menina, “... condenado a morrer de bom amor na agonia feliz de qualquer dia depois dos meus cem anos...”.
Resenha com os aspectos da filosofia Levinasiana (Ética e Infinito, Cap. VII O Rosto), sobre o livro de Gabriel Garcia Marques, Memórias de Minhas Putas Tristes.
O conto de Gabriel Garcia Marques traz em sua historicidade a vida comum de um ancião, que se desaloja de toda a sua trajetória no momento que se aproxima e reconhece no outro à responsabilidade de sua existência, pela convocação do rosto “nu”, exteriorizado através de uma menina, ainda adolescente.
A intencionalidade provocada pela própria existência que toma consciência, através da consciência do outro, pois o sujeito o “ancião” não existe por vontade própria, mas pela vontade do outro, na transfiguração do sentimento que se faz aflorar propositalmente, no sentimento de amor que se apodera deste, encontrado na figura do “rosto”, pela personagem Delgadina, conduz a personagem principal, à preocupação de sua eticidade, não experimentada durante toda sua vida, como o próprio descreve quando relata passagens de seus dias de professor (“... Fui um mau professor, sem formação, sem vocação nem piedade alguma por aqueles pobres meninos que só iam à escola por ser o jeito mais fácil de escapar da tirania dos pais...” – pg. 18 e 19), seus dias no jornal (“... jornalista medíocre quatro vezes...” – pg. 18) e algumas outras passagens (“... Isso foi tudo que a vida me deu e não fiz nada para conseguir mais...” – pag.19). Mesmo tendo vivido uma vida metódica e organizada (“... Descobri que não sou disciplinado por virtude, e sim como reação contra minha negligência; que pareço generoso para encobrir minha mesquinhez,...” – pg.74)
A Totalidade do chamado, a convocação do rosto, verificado a cada instante em que o personagem principal toma conhecimento da existência do “outro” (“... Naquela noite descobri o prazer inverossímil de contemplar, sem as angústias do desejo e os estorvos do pudor, o corpo de uma mulher adormecida...” – pg.35). Verificado através da pureza da nudez decente a qual Lévinas, afirma sua exposição e preposição de convocação, ”... como se nos convidasse a um ato de violência. Ao mesmo Tempo o rosto nos proíbe de matar...”-(Lévinas, E. – Ética e o Infinito- pg.78).
A figura da menina alimenta-o e coloca-o numa posição de constante desalojar (“... acordei de madrugada sem me lembrar onde estava...” – pg.35), levando-o inclusive a buscar a reanalisar tudo o que se passa em sua vida, todos os seus relacionamentos, todas as suas atitudes, pois o “rosto” é significação. E continua a provocá-lo, pois não existe neutralidade para a Ética de Lévinas, pois o ser é infinito na responsabilidade com o “outro” onde deve existir a escuta naquilo que o rosto do “outro” lhe convoca e alteridade para aceitar o “outro”, como se apresenta.
A ordem do “rosto” implica no seu caráter de vulnerabilidade, que transcende da condição da miséria humana, em quem posso e devo tudo, o outro é minha responsabilidade (“... encontrei Delgadina com febre e tosse. Despertei Rosa Cabarcas para que me desse algum remédio caseiro...,... O medico... mas se alarmou com seu estado geral de desnutrição...” – pg.79).
O rosto, não esta acima de tudo, mas ao alcance da necessidade da pobreza humana, e esse caráter próprio de significação fica claro quando a personagem do ancião enfrenta sua omissão pelo que causou a sua arrumadeira que enfrentou reprimida o “desejo” de toda sua vida (“... Chorei vinte e dois anos pelo senhor. Meu coração deu um salto buscando uma saída digna...” – pg.46).
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