Psicologia da Idade Moderna (séc. XIX): Tendências isoladas da época que desenvolveram-se fora do cenário das correntes científicas e filosóficas
Por: YdecRupolo • 6/11/2018 • 1.481 Palavras (6 Páginas) • 565 Visualizações
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A consciência, assim, se direcciona para um objecto, que se define como objecto intencional e não físico ou material. O que é psicológico é o acto de ver, sentir, imaginar e não o objecto visto, imaginado. O processo ou acto precisa do conteúdo, mas é distinto dele, representa um objecto que está fora dele. Por conseguinte, os processos mentais ou psicológicos são actos e não conteúdo, como quer Wundt Distingue assim o fenómeno físico do psíquico. Considera, ainda, que os actos psíquicos são globais, são totalidades e que, portanto, não se decompõem em seus elementos.
Para Brentano, só se podem decompor os objectos e corpos da física, da química, e não os psicológicos. Assim, para o estudo dos actos psíquicos, dever-se-ia usar o método empírico da observação e não o da experimentação. Por isso, rejeitava a ideia de uma experimentação sistemática e constante de tudo, como é praxe na psicologia experimental wunditiana.
A experimentação deveria ser apenas em pontos cruciais, aqueles que fossem necessários para esclarecer questões vitais da psicologia. A psicologia do acto é, assim, contra toda psicologia que tem por princípio o elementismo e o associacionismo. Foi, por isso, considerada a precursora da escola da gestalt.
Psicologia fenomenológica
Carl Stumpf (1848-1936) e Edmund Husserl (1859-1938).
A outra tendência a que se referiu acima é a da psicologia fenomenológica. Seus representantes foram Carl Stumpf, e principalmente Edmund Husserl, considerado seu representante maior, foi quem a desenvolveu. Alemães eram rivais de Wundt e ligados a Brentano. As ideias básicas da escola fenomenológica encontravam-se em Brentano. Como este, identificam as funções mentais como processos psicológicos ou actos e conservam a visão de intencionalidade dos actos em relação aos objectos. Stumpf considera que os processos ou factos primários são fenómenos que devem ser estudados imparcialmente, tal como aparecem na observação.
A psicologia se ocuparia das funções mentais e da relação entre os fenómenos, ou seja, daquilo que aparece, que se manifesta. Husserl definia a escola fenomenológica como sendo o estudo dos fenómenos puros, visando à evidência primordial, primeira, aquela tal qual aparece na experiência.
Diz, ainda, que ela é o estudo descritivo de tudo quanto se revela no campo da consciência, ou seja, os fenómenos psíquicos. Em seu artigo "Phenomenology", Husserl apresenta a fenomenologia como um método, que ele diz, dirigido a priori, a uma disciplina psicológica e em seguida a uma filosofia universal. Esta possuiria critérios capazes de fazer a revisão metódica de todas as ciências.
A escola fenomenológica teve grande influência sobre a gestalt, pelas mesmas razões que teve a psicologia do acto. Como tratou, também, das funções da mente, influenciou, por consequência, o funcionalismo. A psicologia fenomenológica é chamada, também, de psicologia humanista e é considerada a versão europeia da escola funcionalista.
Muitos estudiosos do assunto marcaram presença nessa fase, ampliando de forma significativa o campo da psicologia. Mantiveram-se, alguns, a favor da fenomenologia, como G.E. Muller (1850-1934), Ewald Hering (1834-1918), Emst Mach (1838-1916), Oswald Kulpe (1862-1915), a escola de Wurzburg; outros preservaram sua identidade, como Hermann Ebbinghaus (1850-1909), Francis Galton (1822-1911), William McDougall (1871-1938); outros, ainda, estiveram ao lado de Wundt, como Hugo Múnstergerg, Alfred Lehmann, Carl Lange, Stanley Hall, James Catell. Um dos mais importantes seguidores de Wundt foi Titchener, que esteve à frente da escola estruturalista.
A Alemanha, a Inglaterra, a Checoslováquia é os Estados Unidos, mais tarde, com os discípulos de Wundt, estiveram representados nesse grupo. A Suíça marcou presença na pessoa de Rousseau, que pôs em cena o movimento romântico, completando, assim, o cenário da época.
Escola romântica e naturalista
Jean Jacques Rousseau (1712-1778) é considerado escritor francês, embora tenha nascido em Genebra, na Suíça. Representa o movimento romântico, que deve ser lembrado pela guinada que dá na orientação do estudo da psicologia. Até então, tinha sido ressaltado, no homem, o seu aspecto intelectual e racional. Era o ser em busca da verdade e do saber.
Rousseau, um romântico, achava essa ideia falsa e procurava mostrar que a verdadeira natureza do homem é emocional. Tudo o que viesse inibir o homem no desabrochar de sua natureza pura e selvagem seria peia e escravidão. Girou o ponteiro da psicologia, do intelecto para a emoção. Hoje, o aspecto emocional, na psicologia, é totalmente aceito.
Influenciou, também, a educação, direccionando-a para a natureza (naturalismo), pois encontrava nela o fim e o método de ensino. Era, portanto, contra todo o artificialismo das convenções sociais.
Dizia: "é preciso voltar à natureza, porque é ela, com seus fenómenos vivos e forças cósmicas, a plenitude da existência. O homem não pode alcançar plena maturidade por adestramento mecânico, mas somente por um deixar fazer e um apoio prudente, cheio de tacto". Considerava, ainda, que tudo sai perfeito da mão do autor das coisas e que, nas mãos dos homens, tudo se degenera. E adepto do naturalismo e romantismo. Não se enquadra em nenhuma das tendências psicológicas da época.
No final do século XIX, o quadro da psicologia é bem rico e diversificado. Sua estruturação por Wundt, como se verá a seguir, não engloba todas as correntes, embora todas elas tenham exercido, directa ou indirectamente, influência,
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