Culpa do Sujeito contemporâneo
Por: eduardamaia17 • 16/1/2018 • 1.701 Palavras (7 Páginas) • 396 Visualizações
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OBS: Freud salientou o elemento do temor, culpa, ameaça... mas winnicott foi mostrar que se eu não amar eu não quero corresponder. É preciso querer corresponder para que a culpa seja eficiente. Cumprir a lei para agradar alguém. Então a culpa se transforma em preocupação. E sua dinâmica passa a ser uma dinâmica afetiva, derivada do jogo do amor e da raiva. Ou do amor e da agressão. A preocupação com o outro é que daria a base para as leis e normas. Para Freud o pai é amado e odiado também, ele é idealizado. Então o que ele faz eu não recebo apenas pela pressão da ameaça, eu recebo também pela pressão do querer agradar.
A dinâmica de amor gera uma dinâmica de cuidado, essa dinâmica de cuidado produz exatamente a necessidade de cuidar de quem cuida de mim, ao tentar cuidar de quem cuida de mim para que eu não danifique quem cuidada de mim eu me contenho e eu me preocupo com as minhas expressões, e quando essas expressões saem do meu controle, isso gera angustia, essa angustia é traduzida como culpa. Preocupação, angustia e culpa, se tornam elementos da mesma família.
- Culpa como defesa (Elaine Pagels)
Culpa como defesa, como movimento defensivo. A necessidade que temos de nos culparmos por algo que esta fora do nosso controle e da nossa vontade. Mas ainda sim, há uma necessidade de atribuirmos a nós mesmos, a culpa por aquele acontecimento. Pensou nessa hipótese a partir do momento que se perguntou “O que foi que eu fiz para merecer isso?”, se viu fazendo esse tipo de questionamento e achou que se essa peça, se essa tecnologia do céu, esse instrumento subjetivo, estava dentro dela, estava articulado as redes de crenças dela, então é porque essa instrumento esta na cultura. Vai buscar em Agostinho, a origem desse sistema de crenças. Esse sistema de crenças diz o seguinte, eu notei que me culpa era uma forma de controle, não era uma forma de auto-agressão. A auto-agressão é fachada, no final das contas eu quero o controle da situação. Essa ideia de que, parece ate que eu quero me livrar da dor, pela queixa que eu estou fazendo, mas na verdade eu quero ao me queixar, usar essa dor para outra coisa, a dor não é o fenômeno final, a dor é meio. A dor a serviço de alguma coisa. A dor não é como para a histérica, para coloca-la numa posição de vitima, para coloca-la numa posição de coitadinha, cuidem de mim, não é isso, pelo contrario. Ela é um ato mais obsessivo do que histérico para Elaine Pagels, a culpa que é típica do obsessivos, é uma forma de garantir um controle imaginário, um controle inconsciente sobre o mundo. De que forma? Se eu digo, “o que foi que eu fiz para merecer perder meu marido e meu filho em um acidente?” eu to implicitamente dizendo o seguinte “eu comando o movimento das coisas, se vai haver um acidente de carro com meu marido, se vai haver um acidente de carro com meu filho”, depende dos meus atos. Derivada do ideal de individuo, e derivada segundo ela, de uma questão especifica que ela coloca na teoria de Agostinho, que é a ideia do pecado original ser herdado por todos. E isso gerar uma responsabilização ao mesmo tempo, gerar um processo de inocentização de quem quiser ir por um lado ou pelo outro. Se o pecado original esta em todos nós tanto eu posso dizer “eu peco oq né? Paciência, é maior do que eu”, como eu posso dizer “eu sou então responsável por tudo que acontece comigo” e essa sensação de sou responsável por tudo que acontece comigo, para ela é uma forma de você vencer o desamparo, a angustia do desamparo. Ao me culpar pela morte do meu marido e meu filho eu estou alimentando uma crença onipotente. A crença de que o que acontece de pior comigo pode se evitar. Pior que se punir é se colocar como vulnerável. Pior do que a culpa, é a incerteza do desamparo, a imprevisibilidade, e o descontrole do desamparo. Eu prefiro me sentir culpado, pq me sentir culpado eu sou o autor. Ao me culpar eu quero diminuir a angustia, e não para aumentar a dor. Se sou culpado, eu sou o autor, se sou o autor, o mundo esta sobre meu controle.
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