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Autismo e sindrome de asperger

Por:   •  24/10/2018  •  7.517 Palavras (31 Páginas)  •  323 Visualizações

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É importante o exercício de identificar e separar a origem desses comportamentos para que fique mais claro o que se trata, onde investir as energias terapêuticas e como orientar familiares e profissionais de escola. Quando há um diagnóstico preciso é muito mais fácil encaminhar essa criança para o tratamento adequado, inclusive suas chances são maiores, pois o adolescente terá diversos comportamentos típicos da idade independente do grau de comprometimento causado pelo autismo ou pela limitação intelectual.

2. CONCEITO DE AUTISMO

Durante o século XX as patologias psiquiátricas da infância e da adolescência foram, grosso modo, subdivididas em quadros deficitários, representados pelas oligofrenias e pelas demências, e em quadros de transtornos de conduta que se preocupavam, principalmente, com a questão da delinquência. Em 1938 Potter descreve um quadro que ele denomina de esquizofrenia Infantil. Entretanto, é em 1942, que Kanner descreveu sob o nome “Distúrbios Artísticos do Contato Afetivo” um quadro caracterizado por autismo extremo, obsessividade, estereotipias e ecolalia e que, em curto espaço de tempo, se transformou em um dos transtornos mais estudados em toda a Psiquiatria Infantil. O conjunto de sinais foi por ele descrito como uma doença específica relacionada a fenômenos da linha esquizofrênica (KLIN, 2006).

O autismo, denominado de autismo infantil (AI), pela CID-10 e pelo DSM-IV, manifesta-se desde a primeira infância, ou seja, antes dos 3 anos de idade. Atinge de 3 a 4 vezes mais meninos que meninas. Caracteriza-se por problemas sérios nas interações sociais, na comunicação e no comportamento, o qual é bastante limitado e de natureza repetitiva e estereotipada. Quase 50% das crianças autistas são mudas. Em quase dois terços dos casos, o autismo é acompanhado de retardo mental (PESSIM e HAFNER, 2014).

Há muito tempo, crianças e adolescentes com autismo atraíram a atenção de pesquisadores e clínicos, tanto por seu comportamento sempre intrigante quanto pelas questões que o transtorno suscita a respeito da própria natureza humana.

Embora muito provavelmente o autismo seja conhecido há bastante tempo, foi preciso esperar até os anos de 1940 para que, separadamente, Leo Kanner (1943), nos Estados Unidos, e Hans Asperger (1944), na Áustria, descrevessem as características sociais, linguísticas e comportamentais do autismo por meio de estudos de caso, e reconhecessem-no como uma forma de psicopatologia distinta. A terminologia empregada atualmente provém desses primeiros estudos. Apenas em suas edições mais recentes a CID-10 e o DSM-IV fazem uma distinção entre o autismo e a síndrome de Asperger.

A Tabela 1 apresenta uma comparação dos critérios diagnósticos do autismo da CID-10 e do DSM-IV.

Tabela 1. Autismo: Critérios diagnósticos da CID-10 e do DSM-IV.

CID-10

DSM-IV

A) Presença, antes dos 3 anos de idade, de anomalias ou de alterações do desenvolvimento em pelo menos um dos seguintes aspectos:

1. linguagem (tipo receptiva ou expressiva) utilizada na comunicação social;

2. desenvolvimento de apegos seletivos ou de interações sociais recíprocas;

3. jogo funcional ou simbólico.

B) Presença de, no mínimo, seis dos sintomas descritos em (1), (2) e (3), com pelo menos dois sintomas do critério (1) e um sintoma de cada um dos critérios (2) e (3).

(1) Alterações qualitativas das interações sociais recíprocas, manifestas em pelo menos dois dos seguintes aspectos:

a) ausência do contato olho a olho, da expressão facial, da atitude corporal e da gestualidade típicos das interações sociais;

b) incapacidade de estabelecer (correspondente à idade mental, mesmo com muitas oportunidades) relações com os pares, compartilhando interesses, atividades e emoções mútuas;

c) falta de reciprocidade socioemocional, traduzindo-se em uma resposta alterada e desviante às emoções alheias; falta de adequação do comportamento segundo o contexto social; pouca integração social, emocional e comunicativa;

d) desinteresse por compartilhar de modo espontâneo seu prazer, seus interesses ou seus êxitos com outras pessoas (por exemplo, não procura mostrar, trazer ou apontar para O Outro objetos que lhe interessam).

(2) Alterações qualitativas da comunicação manifestas em pelo menos um dos seguintes aspectos:

a) atraso ou ausência total de desenvolvimento da linguagem oral (frequentemente precedida de uma ausência de balbucio comunicativo) sem tentativa de se comunicar por gesto ou mímica;

b) incapacidade relativa de iniciar ou manter uma conversa comportando uma troca recíproca com outras pessoas (qualquer que seja o nível de linguagem alcançado);

c) uso estereotipado e repetitivo da linguagem ou utilização idiossincrática de palavras ou frases;

d) ausência do jogo de ”fazer de conta’ variado e espontâneo, ou (nos primeiros anos) ausência do jogo de imitação social.

(3) Caráter restrito, repetitivo e estereotipado dos comportamentos, dos interesses e das atividades manifesto em pelo menos um dos seguintes aspectos:

a) preocupação acentuada por um ou vários centros de interesse estereotipados e restritos, anormais por seu conteúdo ou por sua focalização; presença de um ou vários interesses anormais por sua intensidade ou por seu caráter limitado, mas não por seu conteúdo ou por sua focalização;

b) adesão aparentemente compulsiva a hábitos ou a rituais específicos, não funcionais;

cl tiques motores estereotipados e repetitivos; por exemplo, bater ou torcer as mãos ou os dedos, ou fazer movimentos complexos de todo o corpo;

d) preocupação com certas partes de um objeto ou com elementos não funcionais de materiais de jogos (por exemplo, o cheiro, a sensação da superfície, o ruído ou as vibrações que eles produzem)

O quadro clínico não é atribuível a outras variedades do transtorno invasivo de desenvolvimento: transtorno específico da aquisição da linguagem, vertente receptiva, com problemas socioemocionais

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