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Aids e Psicossomatica

Por:   •  4/12/2017  •  2.931 Palavras (12 Páginas)  •  502 Visualizações

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Na AIDS, essa deficiência na imunidade não é devida a enfermidades anteriores ou ao uso de determinados medicamentos, capazes de motivar diminuição da resistência. Uma das características da AIDS é o aparecimento de doenças consideradas oportunistas, que se aproveitam da circunstância de esta havendo no indivíduo atingido, debilitação do sistema imunológico.

Neste caso, “O que significa falar de AIDS hoje para quem escuta? E para quem fala?” Essas perguntas, por mais simples que pareçam ou até superficiais, são fundamentais, dada a espontânea e frequente aversão que a própria palavra desperta. Visto que falar desses aspectos é falar da intimidade do sujeito e mais da sexualidade genitália. O sentimento presente ainda em muitas pessoas que isso é coisa dos outros.

Após evidenciar o conceito de HIV/AIDS, conceitua-se a psicossomática com o sentido de entrelaçar a relação da pessoa portadora do vírus com os aspectos psicossomáticos. De acordo com Júlio de Mello Filho (2002), “Psicossomática, em síntese, é uma ideologia sobre a saúde, o adoecer e sobre as práticas de saúde, é um campo de pesquisa sobre estes fatos e, ao mesmo tempo, uma prática, “a prática de uma medicina integral”. Trata-se da intercomunicação entre Mente e Corpo, e a interferência da mente sobre a saúde do corpo, porém, já não se tratando apenas da doença em si, mas do doente, da forma como a somatização age e afeta este organismo. Segundo Amaury Queiroz (1992) a pobreza no processo de mentalização, faz com que o nosso corpo biológico fique desprotegido, surgindo assim reações como: reações depressivas em que o paciente apresenta tristeza, baixa autoestima, sentem-se desacreditado. São comuns as idéias suicidas, e que necessitam de um acompanhamento especializado com profissionais da Saúde Mental. Ainda assim, muitos casos são difíceis de intervir, pois os pacientes tendem a rejeitar este acompanhamento e a dificuldade na aceitação da doença. Neste caso, é necessário um maior empenho destes profissionais para que esses pacientes se sintam aceitos e compreendidos. Nas reações paranóides os pacientes sentem-se perseguidos, que foram alvos de pragas, azares, maldição etc. ao mesmo tempo em que tentam justificar-se com perguntas como: “Por que eu?”.

Já nas reações maniformes os pacientes tendem a negar a realidade e começam a se defraudar, pois passam a recusar acompanhamento médico, uso da medicação e tentam se confortar acreditando “eu não possuo essa doença”, “não preciso tomar esse medicamento, não estou doente”. Este caso pode ser revertido dentro da relação clínico-paciente, porém, em determinados casos somente com intervenção psiquiátrica. Por fim as manifestações dissociativas e conversivas que segundo Júlio de Mello Filho (2002), também conhecida como Histeriformes, exige certo cuidado no diagnóstico diferencial entre manifestações emocionais, psiquiátricas e organocerebrais, para a escolha correta a ser seguida neste tratamento.

Ainda segundo Júlio de Mello (2002), é necessário que observem se estes sintomas mentais não vêm acompanhados de síndromes neurológicas. Cerca de 30% destes pacientes apresentaram quadro clínico organocerebrais e são relacionadas com encefalopatias, lesões focais, meningite, toxoplasmose cerebral etc. Este número vem crescendo acentuadamente, expressando-se por sintomas confuso-onírico (delirium), até mesmo quadros psicóticos atípicos (Não se refere ao ‘louco’, e sim ao indivíduo com distúrbio de caráter) e por não respeitar o outro, pode falhar no seu tratamento, trazendo muitos malefícios ao tratamento deste paciente. O uso de ansiolíticos pode ser usado em determinados casos.

Desse conjunto de significados sobre as reações, conota-se a noção de intervenção do profissional da saúde, o terapeuta, assumindo o papel de escuta, diagnóstico, elucidando problemas psicossociais e afetivos. Segundo Amaury Queiroz (1992) temos que considerar como processo de intervenção os seguintes aspectos: ao que se refere ao atendimento individual, assegura-se privacidade e sigilo para que o paciente se permita falar sobre sua vida, em que o terapeuta terá que lidar com os valores e o estilo de vida que o paciente escolheu para si, adotando posição de neutralidade, sem julgamento de valor. Contudo, a terapia de apoio visa basicamente restabelecer o ânimo do paciente, seus vínculos e a esperança quanto às suas possibilidades terapêuticas.

Dá-se também a importância do atendimento à família, visto que essa ajuda, em alguns casos, é de fundamental importância, dando apoio psicológico, tirando dúvidas sobre a enfermidade e quanto ao contágio e reforçando a importância de sua participação ativa na aceitação da continuidade do tratamento. Constata-se também o atendimento com pacientes em fase terminal onde há necessidade de falar abertamente da morte em uma comunicação de forma verbal e extraverbal. Esses pacientes apresentam-se de forma muito intensa à afirmação da religião, à fé de modo a romper a barreira do medo.

Amaury Queiroz (1992) em consonância com Julio de Mello (2002) afirmam dizer que a AIDS não é apenas um problema médico e sim desafio à sociedade em geral em que todos devem estar informados e comprometidos não só com a prevenção, como também com a aceitação do sujeito afetado pela enfermidade. Que com isso há uma necessidade desdobrada, um movimento de alargamento social junto às famílias, empresas, escolas, organizações religiosas, abrangendo todas as camadas sociais. Devido ao quadro em que o paciente rejeitado se encontra, pode apresentar parcialmente uma ameaça à própria sociedade, pois são os que menos se comprometem com o dever de evitar a propagação à infecção.

Desse modo, abordar-se o histórico de AIDS e psicossomática, que permite evidenciar alguns marcos da história da área e do contexto em que essas ações foram produzidas. Segundo Paulo F. Moraes ET AL (1992), os primeiros casos de AIDS no Brasil foram registrados em 1981, saindo do contexto médico, tornando-se uma doença abrangente e de responsabilidade de todos independentemente da ideologia, religião, preferência sexual, costumes. Passou a envolver todas as disciplinas: da epidemiologia à biologia molecular, passando por todos os campos das ciências biológicas, sociais e humanas, como a Sociologia, Psicologia, Educação, Religião e Artes. O HIV/AIDS levou a sociedade em geral a aprofundar reflexões, transformando valores, conceitos e preconceitos. Obrigou a classe médica a debater e se posicionar perante a sociedade com a intenção de preservar o direito de autonomia dos pacientes. Então surge a Lei Federal 9.313, de 1996, que obriga

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