Adolescência normal: Arminda Aberastury e Mauricio Knobel
Por: Sara • 10/12/2017 • 1.582 Palavras (7 Páginas) • 482 Visualizações
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A evolução sexual desde o autoerotismo até a heterossexualidade
Nesse processo, observa-se no adolescente uma oscilação permanente entre a atividade de caráter masturbatório e o começo do exercício genital. Segundo Aberastury e Knobel, desde criança existe as fantasias sexuais tanto nos meninos e nas meninas. Para eles, essas fantasias que serão o modelo de vínculo que vai manter durante toda a vida posterior do sujeito, como expressão do masculino e do feminino. Segundo os autores ausência da figura do pai determinará a fixação na mãe e, consequentemente, vai ser a origem da homossexualidade, tanto do homem quanto da mulher.
Atitude social reivindicatória
Aberastury e Knobel destacam que não só o papel da família, mas da sociedade é muito importante nessa face, pois e ela quem torna tudo impossível em sua vida. O adulto projeta no adolescente a sua incapacidade de controlar o que está acontecendo ao seu redor e tenta então o diminuir. Muitas vezes o mesmo tem poucas possibilidades no mercado de trabalho, e se vê obrigado a se adaptar, atendendo às necessidades que o mundo adulto lhe impõe.
Contradições sucessivas em todas as manifestações de conduta
Essa característica é muito importante, pois é o período da contradição que predomina entre uma dependência e uma independência extremas. Com isso, somente mais tarde o adolescente com a maturidade, poderá aceitar ser independente dentro de um limite necessário de dependência. Mas, enquanto isso não acontece, prevalece à contradição, a ambivalência, a dor e as fricções com o meio familiar e social. É importante ressaltar que essas contradições são normais dessa fase do desenvolvimento.
Separação progressiva dos pais
Como já mencionado no texto, os autores resaltam a todo o momento a importância do luto pelos pais da infância, aonde o adolescente vai se distanciando dos pais. Mas ao contrario do que se pensam, não só os filhos que passam por esse luto, a família também enfrenta o luto de ver sua criança crescer. Esse processo e longo e doloroso, e o que determina como se dará essa separação dos pais é o tipo de relação que se estabeleceu com eles na infância. A identificação que o adolescente teve com seus pais na infância mostra como ele ira portar quando adulto. Segundo Aberastury e Knobel, a identificação pode ser tão forte que assume caráter patológico, fazendo com que o adolescente comece a viver os papéis que atribui e como se identificou.
Constantes flutuações do humor e do estado de ânimo
Nessa face umas das características mais comuns e a mudança de humor, que faz parte do processo de luto enfrentado nessa idade. As frustrações e as ansiedades dos adultos sempre se projetarão nos adolescentes isso produzirá uma crise de confronto de gerações, que dificulta o processo evolutivo e não permite o gozo da personalidade.
Segundo os autores, a mesma pressa na busca da identidade total pode conduzir à aquisição de ideologias que são somente defensivas ou, emprestadas pelo adulto, mas não autenticamente incorporadas ao ego. Tanto a ideologia como a identidade são necessidades do ego adolescente para poder se integrar no mundo do adulto.
De acordo com Aberastury, pode-se observar na adolescência a elaboração de três lutos fundamentais: luto pelo corpo infantil, luto pela identidade e pelo papel infantil e o luto pelos pais da infância.
O luto pelo corpo infantil como já citado, acontece quando a criança vai perdendo a sua forma infantil e se transformando em um adulto, nas meninas acontece a primeira menstruação, os seios vão crescendo o quadril enlanguesce, os pelos pubianos vão aparecendo. Nos meninos as transformações também ocorrem como o alongamento do pênis, a primeira ejaculação, a voz que vai engrossando e os surgimentos dos pelos pubianos. Nesta etapa do desenvolvimento, o adolescente vê-se obrigado a assistir a toda uma série de modificações em seu corpo. Com isso vão criando um sentimento de impotência que o leva a deslocar a sua rebeldia.
O luto pela identidade e pelo papel infantil, que ocorre ainda na infância com a criança que aceita a sua relativa impotência. A necessidade de que o seu ego vai enriquecendo mediante o processo de projeção e introjeção que configura a identificação. Na adolescência há uma confusão de papéis, já que, ao não poder manter a dependência infantil e ao não poder assumir a independência adulta, o sujeito sofre um fracasso de personificação e assim, o adolescente expõe no grupo, grande parte de seus atributos, e nos pais, a maioria das obrigações e responsabilidades.
O luto pelos pais da infância que já foi citado e os autores fazem questão de deixar muito bem explicados, ocorre quando a criança deixa de ser dependente do pai e passa a se transformar em um adolescente independente. Esse luto produz uma distorção da percepção, que facilita a resposta imediata, global e irracional. Esta tríplice situação traz consigo também a confusão sexual e a da temporalidade, que caracterizam o pensamento do adolescente.
A elaboração incompleta dos lutos ou a não elaboração de algum deles produzirá fixação ou exageros destes processos, que poderão ser identificados na conduta psicopática, onde podem adquirir modalidades de persistência e de irredutibilidade.
De acordo com Aberastury, a característica da adolescência é que a criança queira ou não, vê-se obrigada a entrar no mundo do adulto.
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