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A Somatização em crianças no processo de adoção tardia

Por:   •  25/12/2018  •  1.203 Palavras (5 Páginas)  •  429 Visualizações

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A clínica psicanalítica tem nos ensinado que o reconhecimento da filiação faz com que um sujeito possa realizar outros modos de escolha na vida. Se algumas parcerias amorosas são fetichizadas por um modo de gozo que encarnam o abandono, quando um sujeito se reconhece como objeto de amor do par parental, a lógica amorosa também sofre mutações.

O reconhecimento de posição como filho, ou seja, encontrar-se filiado, faz com que a criança adotada possa realizar outros modos de escolha na vida. Se suas escolhas amorosas fossem marcadas por um único modo de gozo – estar com mulheres que o abandonavam, -, reconhecer-se como objeto de amor do par parental que o adotou precipita esta criança em uma outra cena: uma cena cuja lógica passa a ser marcada por suportar estar no lugar de objeto amado pelo Outro. Parece possível porque, de algum modo, pôde sair da queixa sintomática e fazer da parceria degradada uma aposta no tão demandado amor.

Finalmente, se existe uma posição de filiação é porque, ao meu ver, houve uma posição de adoção por parte dos pais, por algum motivo que nem sempre é reconhecido. De todo modo, tais lacunas são vistas como uma espécie de intervalo, de espaços vazios nos quais o sujeito vai inventar um fragmento de narrativa, seja com uma frase, com uma palavra, com um nome. De toda maneira, o que estará em jogo é a tentativa em dar um sentido a um ponto que permanece enigmático em sua origem e existência. Sabemos que um romance familiar nunca é escrito sozinho, antes, o sujeito compartilha com seus pais sua autoria e coloca nela, de alguma forma, a sua condição de adotado no campo do desejo do Outro. Por este caminho, é oportuno destacar que em qualquer situação de filiação, um resíduo enigmático permanece independente da condição jurídica De outro modo, não interessa como o filho foi feito, mas aquilo que os pais farão à criança e como esta interpreta o desejo dos pais. Os dois fragmentos acima descritos vêm confirmar que a necessidade do sintoma, que não cessa de se escrever, na contingência do encontro com o analista, cessa, faz uma mutação de sentido.

Referências Bibliográficas:

ARNOLD, C.P. Adoção tardia: do estigma à solidariedade. Amicus Curiae V.5, N.5 (2008), 2011. Disponível em: http://periodicos.unesc.net/amicus/article/view/509/. Acesso em 19 jun. 2017.

CAMARGO, Mário Lázaro. A adoção tardia no Brasil: desafios e perspectivas para o cuidado com crianças e adolescentes. In: SIMPOSIO INTERNACIONAL DO ADOLESCENTE, 2., 2005, São Paulo. Disponível em:

EBRAHIM, S. G. Adoção tardia: uma visão comparativa. Estud. Psicol. (Campinas), Campinas, v. 18, n. 2, p. 29-40, ago. 2001. Disponível em: http://dx.doi.org/. Acesso em 19 jun. 2017.

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TORQUETTE, R.S, Doenças psicossomáticas na adolescência, Adolescência & Saúde, vol. 3, nº 1, jan. 2006.

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