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A Saúde Mental e o Corpo Belo

Por:   •  18/7/2018  •  3.352 Palavras (14 Páginas)  •  383 Visualizações

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O corpo e suas mudanças ao longo da história

A imagem corporal é estruturada na mente do indivíduo em relação com o corpo pode ser apresentado para si próprio. Segundo Russo (2003, p.81) o termo Imagem Corporal vem sendo usado frequentemente tendo como foco de investigação o corpo humano. Dessa forma a imagem e corpo vão além da linguagem, pois cada indivíduo possui uma subjetividade que o faz ser único.

O corpo é um conjunto dos sistemas orgânicos e sentidos que constitui um ser vivo. “Cada sociedade, cada cultura age sobre o corpo determinando-o, constrói as particularidades do seu corpo, enfatizando determinados atributos em detrimento de outros, cria os seus próprios padrões. (Barbosa et. al. 2011).” Na Grécia o corpo era visto como atraente e considerado como referência, pois era sinônimo de beleza, saúde e virilidade que era representado pelos atletas. De acordo com Barbosa et. al. 2011, “a civilização grega não incluía as mulheres na sua concepção de corpo perfeito, que era pensado e produzido no masculino.” No entanto a mulher servia para cumprir funções, como servir seus esposos e serem boas reprodutoras, com isso o domínio do prazer era atribuído somente aos homens.

Com o cristianismo o corpo passou a ser visto como algo proibido, nessa época os homens assim como as mulheres deveriam ocultar o corpo, pois era um santuário, algo sagrado como o corpo de Cristo. Portanto, o cristianismo dominou durante a Idade Média, influenciando as noções e vivências de corpo da época. De acordo com Barbosa et. al. (2011, p.27):

O Cristianismo, por possuir uma história difícil e paradoxal na sua relação com o corpo, foi, por muito tempo, reticente na interpretação, crítica e transformação destas imagens duplamente globalizadas do corpo, independentemente e para além do discurso do pecado e do controle do corpo, este é um tema essencial da teologia e da espiritualidade cristã.

No renascimento, o corpo então passou ser visto por um olhar científico e serviu como objeto de estudo e experiência, coisa que seria pecado na idade média. No entanto, o corpo passou a ser visto como fonte de beleza e apreciação, o corpo feminino que antes era um símbolo do pecado passou a ser visto e representado por grandes mestres através de pinturas e belas esculturas. A idade moderna foi representada pelas revoluções industrial e francesa onde surgem novos paradigmas na sociedade, religião, na ciência e corpo. Dessa forma a igreja sofria grandes mudanças, as pessoas estavam buscando novas formas de pensar, com isso deixou de ser uma verdade absoluta para a sociedade, onde a ciência e a filosofia começam a ganhar forças para um novo olhar sobre as coisas. Com esse novo olhar o corpo por sua vez, passou a ser valorizado.

Houve grades transformações na estrutura social ao longo dos anos, dessa forma o corpo exerceu diversos papeis na sociedade. Segundo Cassimiro e Galdino (2012), “o corpo foi ganhando evidência por meio das novas tecnologias e comportamentos, principalmente através do uso dos meios de comunicação.” Com isso, a sociedade levou o homem a buscar um novo padrão de beleza, padronizando corpos e escravizando-o para a busca do corpo perfeito. Barbosa et. al. (2011, p. 29) diz que:

A necessidade humana, nos nossos dias, de se encaixar neste padrão estético, parece desencadear uma imagem em crise, demonstrando-se através de uma série de sintomas como o aumento das próteses, a criação do cyborg (o ciber-corpo), a clonagem, as intervenções da engenharia genética, a biologia molecular ou as novas técnicas cirúrgicas ou ainda o uso de substâncias químicas. Assim, as indústrias da beleza e da saúde têm no corpo o seu maior consumidor.

A sociedade implantou um modelo idealizado do consumo para um corpo perfeito, essa ditadura posta pela sociedade vem se tornando uma armadilha aos que acreditam que a felicidade está em um corpo magro e estrutural. Essa busca por um corpo perfeito tornou-se uma obsessão global que ultrapassa todos os limites. A sociedade implantou um modelo idealizado do consumo para um corpo perfeito, essa ditadura vem se tornando uma armadilha aos que acreditam que a felicidade está em um corpo magro e estrutural.

Freud aborda que a imagem corporal é a constituição do eu, relata que o eu é acima de tudo, um eu corporal, não uma superfície, mas um eu corporal edificado por partes como por pulsões. O sujeito necessita ser cobiçado, isso lhe dá prazer. Desde a infância à criança busca isso na mãe e em seguida por si para satisfazer os seus desejos. Ao se olhar no espelho a criança não se reconhece no primeiro momento, vê como se fosse outra pessoa, logo após percebe que aquela imagem através de um espelho não é outra pessoa e sim ela mesma. A partir dessa visão a criança cria uma imagem imaginária de si e começa a se descobrir, descobrir o próprio corpo. É na infância, principalmente nas meninas é onde começa a insatisfação com o próprio corpo, causando muitas vezes problemas físicos e mentais. Pela influência das redes sociais, da escola e da mídia começa desencadear transtornos procedentes do tão sonhado corpo perfeito, consequência disso são os transtornos alimentares que são causados pela busca da perfeição corporal, a bulimia nervosa e a anorexia nervosa ocorrem desde a primeira infância. Os primeiros sintomas acontecem por volta dos cinco anos de idade, a criança tem em si uma grande dificuldade de se alimentar corretamente, é de grande importância à observação dos pais para que a criança para que seja diagnosticado o quanto antes e tenha um tratamento adequado para que não desencadeie problemas mais graves futuramente.

Segundo Garritano e Sadala (2007, p. 58) “o sujeito adolescente, no entanto, pode escapar do comando do consumo.” Sabendo-se do entrelaçamento entre desejo e pulsão e concebendo-se a variabilidade dos objetos para a satisfação pulsional, concebemos a possibilidade de escolhas para além do consumo. Uma fase onde o corpo passa por grandes transformações e o adolescente muitas vezes não se aceita, as meninas buscam se enquadrar em um padrão de beleza imposto dela mídia e ficam cada vez mais escravas da beleza. Diante disso, Barbosa et. al. (2011, p. 74) ressalta:

A adolescência é um período de intensa sociabilidade, em que as normas vigentes no grupo de pares e as expectativas sociais têm uma importância acrescida no desenvolvimento. É comum o adolescente imitar os pares, adotando hábitos, atitudes e indumentárias do seu grupo etário, já que a proximidade do modelo é tranquilizadora. Com efeito, a influência da aceitação social, das relações e a popularidade

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