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A Organização Familiar e o Idoso: A Inversão de Papéis Entre Pais e Filhos?

Por:   •  25/6/2018  •  1.996 Palavras (8 Páginas)  •  553 Visualizações

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onde se predomina uma atmosfera saudável e harmoniosa entre as pessoas, possibilita o crescimento de todos, incluindo o idoso, pois todos possuem funções, papéis, lugares e posições, e as diferenças de cada um são respeitadas e levadas em consideração. Em famílias onde há desarmonia, falta de respeito e não reconhecimento de limites, o relacionamento é carregado de frustrações, com indivíduos deprimidos e agressivos. Essas características promovem retrocesso na vida das pessoas, o idoso se torna isolado socialmente e com medo de cometer erros e ser punido.

Em estudo realizado com idosos em domicílio, foi constatado que quando a qualidade afetiva em relação à família foi ótima (14 idosos) e boa (46 idosos), os idosos tiveram um menor grau de dependência emocional e atividades de lazer, em contraposição aos idosos que avaliaram como regular (16 idosos) e péssima (1 idoso) a qualidade afetiva em relação à família, os quais tiveram aumento substancial no grau de dependência emocional (MENDES, et al, 2005).

O bom funcionamento da família no estágio tardio da vida requer uma flexibilidade nas fronteiras para se ajustar as demandas dessa nova fase de necessidades e desafios desenvolvimentais. A família da velhice não deve ser enfocada só a partir do velho, mas sim a partir de todos outros membros jovens. Os conflitos integracionais mostram-se presentes de forma intensa. Ocorre frequentemente a inversão de papéis: os pais cuidadores dos filhos durante toda a vida, agora serão cuidados pelos mesmos. Uma avalanche de sentimentos flui nos relacionamentos.

Diante desses conflitos, os indivíduos acabam por internalizar normas sociais que fazem com que eles passem a assumir a responsabilidade do cuidar como algo que é natural e consequentemente esperado. Por assim dizer, quando os adultos cuidam dos mais velhos eles se mostram ajustados e assim acabam por evitar aquele sentimento de culpa. Como a família é um grupo que possui raízes em uma sociedade, a mesma terá um percurso no qual a sociedade discriminará responsabilidades, dentre elas está o cuidado com a pessoa idosa.

Aqui vale ressaltar que essa responsabilidade tem aumentado cada vez mais em nossa sociedade contemporânea, uma vez que a população idosa tem crescido cada vez mais. De acordo com dados do IBGE (Instituto de Geografia e Estatística) o número de idosos em alguns anos deverá superar o número de crianças e jovens na pirâmide etária. O motivo é que os casais estão tendo menos filhos, e o avanço da medicina aumenta a expectativa de vida.

Dessa forma, muito além do fator legal, e sim mais por questões religiosas e culturais a família é, predominantemente, o cuidador do idoso e quando acaba por não cumprir de maneira adequada o seu papel poderá vir a sofrer sanções sociais, passando a ser vista, por exemplo, como irresponsável. Mesmo que varie de uma cultura pra outra a maneira de como o envelhecimento é visto ou até mesmo sentido, existe algo em comum entre elas: todas valorizam o relacionamento integracional como uma das bases de construção da cultura, ou seja, todas as sociedades colocam como tarefa dos mais novos o cuidado com os idosos.

Dito isso, é esperado que os filhos adultos cuidem dos seus pais velhos como uma espécie de retribuição por terem sido cuidados pelos mesmos no passado, assim os deveres morais estariam sendo cumpridos. O que devemos considerar é o fato de que dos idosos viverem com os filhos não garante que eles sejam tratados com respeito e nem que não sejam maltratados, pois quando consideramos a família como a única estrutura de cuidado com os idosos precisamos ter a consciência que esse cuidado muitas vezes dependerá dos relacionamentos que foram desenvolvidos ao longo dos anos entre os membros daquela família, caso tenha sido uma relação construída com base em conflitos eles irão afetar nesse processo.

Por assim dizer, a inversão de papéis entre pais e filhos pode se apresentar de forma conflituosa, uma vez que aquele filho que sempre foi dependente de seus genitores agora precisa se colocar em um lugar diferente, lugar esse de responsabilidade diante da total dependência de seus pais. Então, sentimentos de confusão são tomados nessa relação, pois de certa forma os filhos estão acostumados a estarem em uma posição de recebimento de cuidados e dependência durante longos anos de sua vida, e de repente essa relação se transforma e os seus pais passam a precisar de total ajuda e atenção.

Aquele que cuidava, agora precisa ser cuidado na percepção da família, entendendo que cabe a ela o papel de cuidadora, protetora, tutora. Essa atribuição foi culturalmente propagada por várias gerações, como um ciclo indiscutível: os pais cuidam dos filhos e, um dia, serão por eles cuidados (MONTEZUMA; FREITAS; MONTEIRO, 2008).

É bem verdade que os idosos de hoje já estiveram na posição de cuidadores de seus pais e que consequentemente isso se perpassa, pois acabam por educar seus filhos nesse mesmo sistema que aprenderam a incorporar lógica de inversão de papéis, onde os filhos passam a responsabilizar-se pelas necessidades de seus pais. O que não podemos é confundir a necessidade que uma criança tem de ser orientada, formada e até mesmo controlada, uma vez que é alguém nova no mundo e precisa do apoio de um adulto para que possa conhecer e consequentemente se adaptar ao meio, com a necessidade do auxilio que o idoso precisa, pois esse já vivenciou uma longa trajetória e com isso adquiriu experiências e valores.

Dessa forma, a relação que deve ser estabelecida não é aquela que desqualifica tudo que o idoso consolidou ao longo de seu caminho e tão pouco aquela que lhes tira a autonomia, pois de acordo com Oliveira e Alves (2010) que entendida como um princípio ético, a autonomia se apresenta como forma de liberdade pessoal, o que confere às pessoas o direito de direcionar a própria vida, na medida em que esse direito não viole a autonomia alheia.

Por assim dizer, apesar da necessidade de ajuda, é importante que idoso experiente não seja infantilizado, pois esse possui uma sabedoria muitas vezes maior do que a da pessoa que acaba por assumir a condição de seu mensageiro. Infelizmente, nossa sociedade age frequentemente no sentido de infantilização do idoso o que acaba por desencadear uma serie desencontros entre as famílias, pois passa a existir uma divergência de opiniões dando margem para a existência de conflitos de gerações.

Diante

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