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A GRAVIDEZ PRECOCE E SUA INFLUÊNCIA NA VIVÊNCIA ESCOLAR: A VISÃO DO PROFISSIONAL PSICÓLOGO

Por:   •  17/9/2018  •  6.915 Palavras (28 Páginas)  •  420 Visualizações

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Observando-se o número significativo de adolescentes grávidas segundo dados do IBGE (2003), percebeu-se a necessidade deste estudo, na tentativa de compreender melhor as dimensões deste fenômeno, e a influência que ocorre no contexto escolar da adolescente. A fim de contribuir com possíveis acréscimos aos conhecimentos já produzidos relacionados ao tema, seguir-se-á alguns passos, iniciando-se por um retrocesso da infância à adolescência, procurando-se compreender o surgimento da adolescência, o desenvolvimento da menina e a gravidez ao longo dos tempos.

Busca-se, nesta pesquisa, compreender as vivências dessas adolescentes diante da gravidez precoce, sob as reflexões do profissional psicólogo, compreender como a adolescente vivencia o fenômeno da gravidez precoce, o sentido que esta atribuí ao seu novo modo-de-ser, e o sentido atribuído à escola nessa nova fase que está sendo vivenciada, para que inclusive, possa-se construir novos conhecimentos e possíveis pensares sobre essa problemática (MAHONEY, 2002).

Atualmente, fala-se da adolescência como uma fase do desenvolvimento humano situada entre a infância e a idade adulta. No entanto, para falar sobre a adolescência, torna-se importante retroceder à infância. A infância que conhecemos atualmente é decorrente de um longo processo histórico e de condições socioculturais (DADOORIAN, 2000).

Segundo Ariés (1978), a infância foi uma invenção da modernidade, constituindo-se numa categoria social construída recentemente na história da humanidade. Como afirma Frota (2007), as crianças de hoje não são exatamente iguais às do século passado, nem serão idênticas às que virão nos próximos séculos. E temos hoje, diferente de outras épocas, uma tendência a separar o mundo das crianças do mundo dos adultos.

Assim como a infância, a adolescência é também compreendida hoje como uma categoria histórica, que recebe várias significações. Mas nem sempre a adolescência foi entendida como uma fase de desenvolvimento humano (DADOORIAN, 2000).

Somente após a implantação do sentimento de infância, no século XIX, tornou-se possível a emergência da adolescência como uma fase com características peculiares e únicas, distintas dos outros momentos desenvolvimentais (ARIÉS, 1978 p. 11).

O sentido atual da adolescência só foi definitivamente consolidado no final do século XIX, e construído historicamente na Modernidade, adquirindo vários desdobramentos até o momento atual (DADOORIAN, 2000).

A adolescência é uma fase do crescimento, provindo da cristalização das “idades da vida”, sendo que estas fases aparecem hierarquizadas. O velho se impõe sobre o novo; o passado informa o futuro e esta definição cultural da ordem moderna define as relações entre adultos e jovens, estabelecendo o lugar no mundo para cada idade da vida (Peralva, 1997).

Atualmente, a adolescência é considerada um período de grandes transformações fisiológicas, psicológicas e sociais, e de estruturação da personalidade, caracterizados pela ocorrência de muitos conflitos e várias modificações corporais e comportamentais (DADOORIAN, 2000).

Nesta fase da vida, ocorrem aceleração e desaceleração do crescimento físico, mudança da composição corporal, eclosão hormonal, envolvendo hormônios sexuais e evolução da maturidade sexual, acompanhada pelo desenvolvimento de caracteres sexuais secundários masculinos e femininos. (CAMARGO; FERRARI, 2009. P.9)

Nesta fase denominada adolescência, fase esta instituída na nossa cultura e que, para o autor, só se tornou problemática, merecendo destaque em nossos estudos, quando o olhar adulto não reconheceu nelas os sinais da passagem para a vida adulta (Calligaris, 2000).

Erickson apresentou a adolescência a partir do conceito de moratória e a caracterizou como uma fase especial no processo do desenvolvimento, na qual a confusão de papéis, as dificuldades para estabelecer uma identidade própria a marcavam como:

“...um modo de vida entre a infância e a vida adulta” (ERICKSON, 1976, p.128).

O principal sinal dessa fase é a questão da necessidade de entrar no mundo adulto. A modificação acerca do corpo e de suas funcionalidades e desenvolvimento sexual trazem à tona ao adolescente uma cisão, seu novo papel agora é vivenciado de modo singular. E suas novas vivencias serão comprometidas em todos os sentidos (GRIFFA, MORENO, 2008).

Levinsky conceitua a adolescência como sendo uma fase do desenvolvimento evolutivo, em que a criança gradualmente passa para a vida adulta de acordo com as condições ambientais e de história pessoal (LEVINSKY, 1995).

As mudanças físicas são uma metamorfose, nesse sentido o adolescente se refugia em seu mundo interior, além do medo do novo o adolescente deve elaborar a perda do mundo infantil (GRIFFA, MORENO, 2008).

Levinsky entende a adolescência como de natureza psicossocial, no entanto, ao debater o surgimento da fase, vincula-a à puberdade e ao desenvolvimento cognitivo. Para o autor, a adolescência é caracterizada pelo modo com que a sociedade a representa, ou seja, nas sociedades modernas ela é mais lenta e dolorosa e já nas primitivas, ela era agilizada e atenuada pelos ritos de passagem e pela maior facilidade em participar do mundo adulto (LEVINSKY, 1995).

A Adolescência para Erikson é um período de preparação para autonomia, ao mesmo tempo em que o adolescente recebe apoio familiar se concentra em testar suas capacidades e limites para adentrar o mundo adulto (ERIKSON in GRIFFA, MORENO, 2008).

Para uma rica reflexão citaremos em seguida Eduardo Spranger, que apesar de ser datado do início do século XX é bastante atual.

Para Spranger, as características essenciais da nova organização psíquica são: Descoberta do eu – que significa um olhar para si, reflexivo. Formação paulatina de um plano de vida – Nesse período o olhar se dirige para frente, o seu futuro é espontâneo. Ingresso nas distintas esferas da vida – O adolescente vive todas suas relações de forma muito mais subjetiva. Seu próprio modo, com ênfase em viver do seu jeito (1970).

Para Tiba (1985) um autor brasileiro de grande repercussão na área define a adolescência como uma fase do desenvolvimento não estabilizada por tempo de duração, mas que sempre tem início após a puberdade, e nada mais é do que a maturação filogeneticamente programada do aparelho reprodutor. A adolescência seria uma fase de reestruturação do “núcleo do eu”, quando as estruturas psíquico-corporais, familiares

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