O Estudo Neuroanatômico e Funcional da Memória Humana
Por: Jose.Nascimento • 25/12/2018 • 4.067 Palavras (17 Páginas) • 443 Visualizações
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Sem a memória, não seríamos capazes de nos comunicar nem aprendermos os aparatos mais rudimentares para nossa sobrevivência. A civilização, como conhecemos, não existiria e, talvez, amanheceríamos todos os dias sem compreender quem são as pessoas que estão ao nosso redor e qual o papel que temos no mundo.
A memória é, sem dúvida, o maestro da orquestra que é o corpo humano, por isso, qualquer sinal de que ela esteja prejudicada deve ser investigada.
Esse trabalho visa possibilitar um maior conhecimento da memória humana, mostrando como o cérebro fixa as informações, os tipos de memórias existentes, as áreas cerebrais relacionadas com a memória, sua anatomia e função, demonstrando quão numerosas e diversificadas são as memórias que cada um tem armazenadas no cérebro, tornando impossível a existência de duas pessoas iguais.
TIPOS DE MEMÓRIA
Existem diversos critérios para definir os tipos e subtipos de memória, porém dois deles são mais importantes: a natureza da memória e o tempo de retenção do evento memorizado. Por evento, entende-se qualquer coisa memorizável: um objeto, um som, um acontecimento, um pensamento, uma sequência de movimentos.
O primeiro processo, envolvido com o acesso e retenção de memória, é a aquisição, que consiste na entrada de um evento qualquer nos sistemas neurais ligados à memória. Durante a aquisição, ocorre uma seleção, pois os sistemas de memória só permitem a aquisição de aspectos mais relevantes para a cognição. Após a aquisição, estes são armazenados por algum tempo: às vezes por muitos anos, às vezes por segundos. Esse é processo de retenção da memória, durante o qual os aspectos selecionados de cada evento ficam de algum modo disponível para ser lembrado. Com o passar do tempo, alguns desses aspectos, ou até mesmo todos eles, podem desaparecer da memória.
Nossa habilidade de lembrar eventos não se reflete na operação de um único sistema de memória, mas em uma combinação de no mínimo duas estratégias usadas pelo cérebro para adquirir informação.
Dessa forma, distinguem-se dois tipos de memória quanto a sua natureza: a memória declarativa (ou explícita) e a não declarativa (de procedimento ou procedural). Essas duas formas divergem tanto no que diz respeito aos mecanismos cerebrais envolvidos como nas estruturas anatômicas.
Na memória declarativa, os conhecimentos memorizados são explícitos, ou seja, podem ser descritos através de palavras ou símbolos. É a memória para fatos e eventos, como lembrança de datas, fatos históricos, números de telefone. Reúne tudo o que podemos evocar por meio de palavras (por isso o termo declarativa). Ela se se subdivide em:
*episódica: quando envolve eventos datados, isto é, relacionados ao tempo. Usamos a memória episódica, quando lembramos datas como, por exemplo, a do ataque terrorista em 11 de setembro.
*semântica: abrange a memória do significado das palavras. É a coparticipação partilhada do significado de uma palavra que possibilita às pessoas manterem conversas com significado. A memória semântica ocorre quando envolve conceitos atemporais. Usamos este tipo de memória ao aprender, por exemplo, que Einstein criou a teoria da relatividade, ou que, a capital da Itália é Roma.
Na memória não declarativa, os conhecimentos memorizados são implícitos, não podendo ser descritos de maneira consciente. É a memória de procedimentos ou motor, através da qual as pessoas aprendem as sequências motoras que lhes permitem a execução de tarefas que aprendem e exercitam de modo automático e inconsciente (como andar de bicicleta). Essa, por sua vez, utiliza estruturas não corticais. Difere da explícita (declarativa) porque não precisa ser verbalizada (declarada). Pode ser de quatro subtipos:[pic 2]
*memória adquirida e evocada por meio de “dicas” (“priming” ou memória de representação perceptual): corresponde à imagem de um evento, preliminar à compreensão do que ele significa. Um objeto, por exemplo, pode ser retido nesse tipo de memória implícita antes que saibamos o que é ou para que serve. Considera-se que a memória pode ser evocada por meio de "dicas" (fragmentos de uma imagem, a primeira palavra de uma poesia, certos gestos, odores ou sons).
*memória de procedimentos: refere-se às habilidades e hábitos. Conhecemos os movimentos necessários para dar um nó em uma gravata, nadar, dirigir um carro, sem que seja preciso descrevê-lo verbalmente.
*memória associativa e memória não associativa: Estas duas últimas estão estreitamente relacionadas a algum tipo de resposta ou comportamento. Empregamos a memória associativa, por exemplo, quando começamos a salivar pelo simples fato de olhar para um alimento apetitoso, por termos, em algum momento de nossa vida associado seu aspecto ou cheiro à alimentação. Por outro lado, usamos a memória não associativa quando, sem nos darmos conta, aprendemos que um estímulo repetitivo, por exemplo, o latido de um
cãozinho, não traz riscos, o que nos faz relaxar e ignorá-lo. [pic 3]
A memória procedural tem uma localização cortical em parte, pelo menos inicialmente, envolvendo, depois, os gânglios basais e o cerebelo. Suas vias e arquitetura são conhecidas, porém não se sabe bem como funcionam.
A memória declarativa é o que todos chamam, comumente, de memória. É a memória de fatos, de eventos, da sequência de fatos e de eventos, de pessoas, de faces, de conceitos, de ideias, etc. Esta é memória sobre a qual mais se sabe do ponto de vista bioquímico e neuroanatômico.
As memórias declarativas se formam em primeiro lugar em uma região do lobo temporal, o hipocampo, que tem muitas fibras de conexão com o córtex entorrinal, que está localizada logo abaixo dele. A informação que irá converter-se eventualmente em memórias no hipocampo entra pelo córtex entorrinal, que recebe fibras de todas as vias sensoriais, de praticamente todo o córtex.
A memória declarativa (para datas ou fatos e outros eventos) é mais fácil de se formar, mas ela é facilmente esquecida, enquanto que a memória procedural (para aprendizagem de habilidades) tende a requerer repetição e prática, mas se mantém por mais tempo.
O segundo critério de classificação do tipo de memória leva em conta o tempo em que a informação permanece armazenada no cérebro, distinguindo-se em três tipos: memória operacional ou de trabalho; memória de curta duração e de longa duração.
*Memória
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