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Uso de cadaveres em aula de anatomia

Por:   •  11/3/2018  •  2.158 Palavras (9 Páginas)  •  357 Visualizações

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- Objetivos

O presente artigo tem como objetivos:

-Demonstrar vantagem e desvantagem do uso de cadáveres humanos no ensino da Anatomia Humana;

-Citar outras metodologias de ensino-aprendizagem da Anatomia Humana.

- Metodologia

Realizou-se um estudo bibliográfico. Utilizado as bases de dados do LILACS (Literatura Latino Americana de Ciências da Saúde) e SCIELO (Scientific Eletronic Library Online), a linha de busca foi definida entre 1987 e 2015. Foram selecionados artigos que condiziam com os objetivos proposto nesse trabalho.

- Resultados

Apesar de fundamental para o estudo da Anatomia Humana, o uso de cadáveres tem suas vantagens e desvantagens.

Segundo Costa (2012), o uso de cadáveres por estudantes fortaleceria a humanização dos futuros profissionais da saúde, refletindo-se em suas condutas com os pacientes. Assim como os hábitos comportamentais, as atitudes éticas e a empatia também acabam sendo aprimorados (FAZAN,2011). Quando se manuseia um cadáver bem preservado ou com recente conservação, a simulação de procedimentos clínico-cirúrgicos de maior ou menor complexidade passa a ser bastante vantajosa. Esse tipo de experiência permite tanto ao professor como ao discente uma demonstração prática pausada com exposição de detalhes, discussão simultânea da escolha da técnica e um trabalho com sensação de realidade, ou seja, com textura, cor e profundidade iguais às de um paciente vivo. Além disso, possibilita ao estudante a observação criteriosa de manobras clínico-cirúrgicas, a realização de procedimentos mesmo sem ter experiências prévias, a inibição do medo ou da insegurança que um determinado protocolo terapêutico manual gera no operador novato e ainda favorece a correção de erros sem grandes consequências ao "paciente" (ZIELAK,2011). Além de induzir o estudante á reflexão em relação a morte e não ficar surpreso no exercício da profissão caso seu paciente venha a óbito.

Segundo Braz (2009) uma desvantagem seria a repulsa visual e forte odor de formol no uso do cadáver para ensino, os quais podem constituir uma barreira importante ao aprendizado. Outra seria que com a falta de novos modelos e o desgaste causado pelo uso repetitivo por diferentes turmas, o estudante depara com situações de dilaceração intensa e perda de tecidos e órgãos, que se deterioram, exauridos quase que completamente do seu estado natural. Isso contribui para uma defasagem no aprendizado e conhecimento, levando o aluno a encarar uma prática clínica com enormes lacunas. Assim, erros podem acontecer durante a realização primária dos procedimentos em pacientes (ZIELAK,2011).

Em 1977, foi introduzida por Gunther Von Hagens a técnica da Plastinação, que consiste na substituição dos fluidos do tecido e de parte dos lipídios por polímeros, sob vácuo (VON, 1987). As maiores vantagens do uso de peças plastinadas se dão pelo fato de tais peças serem limpas, secas, inodoras e poderem ser exaustivamente manipuladas, inclusive sem o uso de luvas. São peças que dispensam cuidados especiais de manutenção, manipulação ou exposição. Isso facilita a sua utilização em salas de aula, em locais com infraestrutura inadequada e traz a possibilidade de uso dessas peças em locais que extrapolem os laboratórios de Anatomia (VON, 1987).

Outra vantagem é o grau de preservação. As peças plastinadas são muito mais duráveis do que as peças conservadas com qualquer outro material. Elas mantêm os espécimes livres de deterioração, permitindo maior tempo até que novas peças possam ser adicionadas à coleção para ensino (Latorre,2007) . Dessa forma, a coleção de peças se torna, ao longo do tempo, cada vez mais abundante e completa. Peças raras, que antes eram pouco expostas, ou proibidas de serem tocadas pelos alunos e perdidas ao longo do tempo, são agora garantidas, podendo ser expostas e manipuladas sem o risco de estragarem com o tempo. Além do fato de tais peças livrarem os estudantes, professores e profissionais do contato com substâncias tóxicas e/ou alergênicas, usadas para conservação de tecidos, como o formol (Latorre,2007).

Timerman (2013) sugere que o uso de cadáveres para ensino de anatomia humana se tornará ultrapassado com o advento das novas tecnologias. O motivo para tal sugestão encontra-se no fato de que os alunos não encontram nos corpos (geralmente há muito tempo formolizados) as estruturas, texturas, consistências que pertencem a um ser vivo. Desse modo, não conseguem associar o que viram na aula de dissecação anatômica com o que encontrarão, futuramente, nos pacientes. Ainda segundo Timerman (2013), hoje os estudantes contam com uma miríade de ferramentas para apreender anatomia. A pretensão disso é que o aluno aprenda anatomia exatamente da maneira como irá aplicá-la mais tarde.

- Considerações finais

É possível concluir que é de suma importância que os futuros profissionais da área da saúde tenham uma aula de Anatomia Humana de qualidade para que possam cuidar de seus futuros pacientes da melhor forma possível. O uso de cadáveres está longe de ser substituído, pois é uma metodologia tradicional e essencial para estudante sendo que somado aos outros métodos de ensino-aprendizagem pode melhorar e muito o rendimento dos discentes.

Apesar de todas as vantagens, a atual legislação brasileira não permite estocar cadáveres para estudo. Todavia, assim como a doação de órgãos é liberada e aceita para o salvamento de vidas, a mesma doação poderia ter efeito didático, a fim de que discentes das áreas da saúde pudessem melhorar a sua prática clínica. Como retorno, tal atitude ajudaria a reduzir iatrogenias e riscos de morte (ZIELAK,2011).

A falta de cadáveres para estudos pode fazer com que ocorra imperícias. Segundo Balmant (2015) em quatro anos, o número de processos movidos por erro médico que chegaram ao Superior Tribunal de Justiça cresceu 140%. Em 2010, foram 260 ações; em 2014, 626 processos. Isso poderia ter sido evitado se o profissional tivesse segurança para fazer o procedimento. Além dos erros em procedimentos, a falta de corpos também atravanca o desenvolvimento da ciência (Balmant, 2015).

Fornaziero et al. (2010) defendem que o processo de ensino-aprendizagem deve ser condizente com a realidade vivenciada pelo acadêmico. Contudo, como trazem Johnson et al. (2012), esses alunos podem ter diversas origens,

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