Resenha Comparativa - marxismo x liberalismo
Por: Hugo.bassi • 23/12/2018 • 1.808 Palavras (8 Páginas) • 411 Visualizações
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e as correntes de pensamentos que guiaram esse caminho, o surgimento e desenvolvimento do que rege a sociedade internacional até os dias de hoje, o Direito Internacional. Este é o que, de fato, foi capaz de organizar de forma mundial a sociedade e foi com base no mesmo que a Liga foi fundada e a ideia de ter uma organização institucionalizada dedicada à preservação da paz foi seu maior legado.
No trecho destacado anteriormente do Marxismo, como já foi dito, inicia-se com a visão de Karl Marx, que mesmo não possuindo tanto enfoque nas relações internacionais e no Estado, sabia do alcance mundial que teria o capitalismo. Para ele, as relações humanas são produtos das ações dos indivíduos, e não de algo maior, colocando o ser humano como protagonista e responsável pela história. Sendo assim, ele acreditava que o capitalismo, como uma formação histórica, principalmente devido a sua expansão para periferia, seria superado por um novo modo social de produção, o socialismo.
O capitalismo se baseia num sistema de obtenção de lucros através da exploração do proletariado. Para Marx, o proletariado (de país desenvolvido) em algum momento se encontrará livre da alienação, causada principalmente pelo Estado para manter a ordem capitalista, e se organizará para lutar contra o sistema, o mesmo será capaz de impulsionar proletários periféricos na luta, visto que são todos de uma mesma camada social internacional, todavia, o patriotismo e o nacionalismo capitalista separavam essas camadas.
Marx acreditava que com o tempo e o desenvolvimento da Internacional, essa divisão nacional da classe trabalhadora seria desfeita, pois não haveria a necessidade de um Estado. Pelo mesmo motivo, Karl não se dedicava às relações internacionais, pois com o avanço da revolução proletária, haveria apenas comunidades livres e unidas pelos mesmos propósitos e ideias. Além de não haver também divisões de classes.
Enquanto para Marx não haveria a necessidade de um enfoque nas relações internacionais, para Lênin a contradição entre Estados capitalistas despertariam a revolução que provocaria a decadência do capitalismo.
Lênin acreditava que o capitalismo, ao se internacionalizar, com a expansão colonial de suas potências em Estados periféricos/de Terceiro Mundo, teria, como consequência, conflitos e guerras. Para ele haveria uma espécie de “aristocracia operária”, composta de operários das grandes potências, que vão se unir às forças capitalistas por interesses econômicos, na intenção de ascender social e economicamente, atrasando, assim, a adesão do proletariado à causa luta contra o capitalismo.
Outro componente da teoria Leninista era os Estados nacionais assumindo o lugar de atores do sistema internacional das classes sociais, em oposição à teoria de Marx, que acreditava que as classes sociais eram internacionais. Além, também, de tomar diferenciações horizontais (enquanto Marx tomava as verticais, no caso as camadas sociais), considerando a desigualdade entre os Estados. Para ele a luta de classes terá uma nova forma e ocorrerá por meio da diferença entre Estados (oprimidos x opressores) e será denominado imperialismo, uma fase superior do capitalismo.
O foco passará a ser conflitos entre Estados, e não classes sociais. Com isso as lutas anti-imperialistas, ou seja, contra a dominação de Estados mais desenvolvidos quanto aos menos desenvolvidos, terão caráter mais nacionalista. Isso tradicionalmente ocorrerá com os Estados assumindo o que seria equivalente a uma “consciência de classe”, mas ao invés da classe trabalhadora, será todo o Estado dominado se voltando contra o dominante. Isso será discutido, também, nas teorias da dependência, teorias voltadas à países periféricos, dominados, dependentes dos Estados imperialistas.
De acordo com “Visões da periferia: as teorias da dependência”, a condição de subordinação de países subdesenvolvidos aos desenvolvidos se acentua e se perpetua na dependência dos mesmos. As riquezas periféricas são absorvidas pelos imperialistas. Acredita-se que o desenvolvimento nacional só seria alcançado de forma independente e se libertando de quem os domina, ou seja, uma luta anti-imperialista. Isso acaba fomentando o nacionalismo.
Os dependentes terão enfoque no aspecto econômico, no desenvolvimento desigual e nas desigualdades do sistema internacional, deixando um pouco de lado as formas do Estado na periferia. Outro ponto é que os conflitos internacionais passam a ser interpretados como conflito entre países imperialistas e dependentes.
Segundo Samir Amin, para os Estados periféricos, há a estratégia de delinking, que consiste no afastamento radical dos mesmos no sistema internacional capitalista, fazendo com que deixem de ser dependentes e passem a ser autônomos e autocentrados, diferente da visão de Lênin e Marx, já que a integração com o sistema internacional que acarreta aos países do Terceiro Mundo a desigualdade e dependência aos países imperialistas.
Pode-se analisar que, em comum, ambas as teorias enxergam o indivíduo como independente e capaz de fazer suas próprias escolhas. Todavia, já nesse ponto encontramos a diferença de que, de acordo com Marx, o Estado tem como uma de suas funções principais a alienação do indivíduo, enquanto no Liberalismo o Estado deveria preservar essa liberdade.
Quanto às disparidades nota-se que são diversas. O Liberalismo acredita no Estado como um mal necessário para fomentar o bem social interno e externo, já no Marxismo tem-se visões diferentes dentro da própria teoria. Para Marx o Estado funcionaria para sustentar o capitalismo e, após a revolução do proletariado, desaparece naturalmente. Para Lênin os Estados vão se enfrentar como dominantes e dominados e impulsionar a revolução.
Outro ponto que gera a maior disparidade entre as duas vertentes é que o Liberalismo defende o livre-comércio e a mão livre do mercado, enquanto o Marxismo acredita que o capitalismo
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