A Pesquisa em Comunicação na América Latina
Por: Kleber.Oliveira • 15/4/2018 • 1.777 Palavras (8 Páginas) • 513 Visualizações
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discussão de temas atuais, ensino de comunicação e informes de pesquisas. As revistas Comunicación y Sociedad e Culturas Contemporáneas surgiram no México no final dos anos 80. Em 1999, foi lançada no Brasil pela Cátedra Unesco, a revista Pensamento Comunicacional Latino-americano.
OS PAIS FUNDADORES
Todos os principais teóricos da América Latina fizeram uma abordagem crítica da comunicação vinculada ao contexto de seus países e ao continentecomo um todo. Isso reafirma a questão de que os estudos na América Latina sempre foram uma questão política. A primeira pesquisa sobre multinacionais foi realizada no CEREN e é denominada Agressão desde o espaço. Ela tentava identificar e entender a campanha internacional contra o socialismo no governo feita por meio da SIP (Sociedade Internacional de Prensa). “O mais importante nestes escritos iniciais de Mattelart e dos intelectuais que trabalharam com ele é a busca de aportar elementos conceituais para tomar distância frente aos fenômenos mediáticos e de propor novos modos de fazer comunicação”.
Antonio Pasquali afirmava que a escola de Frankfurt é muito importante para quem estuda teorias da comunicação. Ele foi considerado por Alicia Entel o autor latino-americano mais influenciado por essa escola. Foi criado no ano de 1973 o ININCO, onde Pasquali desenvolveu estudos teóricos, projetos de política de comunicação para a Venezuela.
Luis Ramiro Beltrán tem como principal livro o Comunicação Dominada. Ele busca compreender os modos de dominação e imperialismo norte-americano pelos meios de comunicação.
Eliseo Verón apresenta, na Argentina em 1967, em um seminário de lingüística um texto de análise da imprensa. Ele levou a problemática ideológica para o campo da comunicação.
“Mattelart e Verón, passaram por caminhosdiferentes, concordavam que o modo de produção é que determina a forma como o ideológico opera e que a análise deveria buscar esclarecer o seu princípio organizativo”. (p. 256)
Pelo seu livro escrito em 1968, Paulo Freire é incluído aos pesquisadores da comunicação. Ele não tratou da comunicação de massa, mas orientou interpretações na área.
A maioria dos textos desse grupo tem relação com o comprometimento político, denunciando o funcionalismo, a TV comercial, fluxos internacionais da notícia, histórias em quadrinhos, etc. Há uma forte denúncia da comunicação de massa dos anos 60 e 70. “A convergência da análise ideológica com a da teoria da dependência econômica tornava clara e concreta a complexa rede de dominação”.
Mesmo com a presença do termo Indústria Cultural nos textos, não quer dizer que eles sejam uniformes, nem que façam parte da escola de Frankfurt. Pode-se dizer que a pesquisa se resume a duas áreas: estudo da estrutura de poder dos meios de comunicação e estratégias de dominação dos países capitalistas; e sobre os “discursos” e as mensagens da cultura de massas. Foram consideradas pelos pesquisadores latino-americanos a estrutura e a função mercantil dos meios, e a expressão das contradições predominantes na cultura. Acumulou-se, então, um grande material empírico. A preocupação de explicar o desenvolvimentocultural na relação com o desenvolvimento do capitalismo, e com o destaque do conceito de ideologia foi geral. Por causa da repetição, e simplificação da abordagem, a posição desse campo de estudos esgotou-se. Ela também acabou se confundindo com a escola de Frankfurt.
A terceira geração aponta alternativas
Dois caminhos foram apresentados aos estudiosos na segunda metade dos anos 70. Por um lado, aflora idéia de uma América Latina altiva, solidária, com esperança de reverter o processo para descolonizar a informação e tirar o entretenimento do campo da alienação. “A democratização da informação acompanharia o ressurgimento da democracia política e o desenvolvimento de projetos econômicos nacionais da região”. Tal perspectiva é representada pelo ILET (Instituto Latino-americano de estúdios Transnacionales), sediado no México. Por outro lado, os pesquisadores desenvolveram projetos de comunicação popular e alternativa. Surgiram experiências de inversão da utilização dos meios. A pesquisa-ação dos anos 80 substituiu a pesquisa-denúncia dos anos 70. Não há coincidência entre a criação da comunicação popular e o interesse acadêmico por ela despertado. Esses estudos foram consequência do contexto social. Os estudos da comunicação populares pediram outras referências teóricas e metodológicas, deslocou o espaço universitário, começou a tratar também dacultura, além dos meios de comunicação de massa. Foi introduzida a preocupação de outras modalidades de fazer pesquisa por causa da pesquisa da comunicação popular e alternativa. Surge então a pesquisa-ação, pesquisa participativa e militante. A década de 80 teve duas linhas de pesquisa: Políticas públicas/ Nacionais de Comunicação; e Comunicação Popular e Alternativa.
O projeto é pensar desde a comunicação
Nos anos 90 já não se pode definir as fronteiras entre as linhas e a relação com as disciplinas. A necessidade de revisões e de releituras tonifica este período. Jesus Martin Barbero sugeriu o início dos estudos de:
a) ambíguo processo de surgimento do massivo a partir do popular;
b) as formas de presença/ausência, de afirmação/negação, de confisco e de de-formação da memória do povo nos processos de massificação midiática;
c) os usos populares do massivo.
“A perspectiva que vai, então, se afirmando entre os pesquisadores é: a comunicação deve ser tratada no cenário da cultura, que na América Latina encontra eco na sua formação híbrida, que propicia múltiplas mediações na recepção das mensagens”. Nos anos 90, chegou-se à conclusão que a classe não é a solução de tudo, pois engloba outros interesses.
As pesquisas de recepção trouxeram novas perspectivas para o campo de estudo. Posteriormente, o tema volta sob novasavaliações.
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