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Paper Oresteia

Por:   •  9/4/2018  •  1.655 Palavras (7 Páginas)  •  262 Visualizações

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- EUMÊNIDES

Eumênides é a terceira peça da trilogia. Nesta altura da obra, Orestes está em Delfos, se apresentando como suplicante no templo de Apolo. Perto dele, se encontram as Eríneas da mãe, que acabam adormecendo nos bancos do templo após cansarem de tanto perseguir o fugitivo. “O deus concede ao suplicante a purificação requerida e também todo o apoio necessário.” (ARRUDA DE SOUZA, 2015, p. 1129), Orestes é reincorporado ao convívio humano após passar por um ritual de purificação. Depois, Apolo encaminha o vingador da honra da família para o tribunal em Atenas, nesse momento as Eríneas de Clitemnestra tentam o enlouquecer , “Aqui, o coro é encenado pelas Eríneas vingadoras de Clitemnestra que tentam de todas as formas enlouquecer Orestes.” (ARRUDA DE SOUZA, 2015, p. 1129). Orestes resolve fazer um prece a Atena, suplicando ajuda. A deusa advoga em favor dele, fazendo com que as Eríneas concordem com o julgamento da causa, onde a partir de seu início, Apolo se torna o defensor de seu suplicante. “Atena proclama que o Tribunal do Areópago fica instituído ‘para sempre’.” (ARRUDA DE SOUZA, 2015, p. 1129), os juízes colocam seus votos em uma urna e a deusa explana que seu voto é a favor de Orestes e que em caso de empate, haverá a absolvição do réu. E foi o que aconteceu “Assim acontece; ocorre o empate e Orestes sai vitorioso com o voto de Atena.” (ARRUDA DE SOUZA, 2015, p. 1129). Dada a absolvição do réu, o momento crucial se dá com o debate das Eríneas, que estão se sentindo humilhadas e querem derramar sobre toda a cidade por meio de uma desgraça, sua cólera. Entretanto, Atena convence as Eríneas a possuírem um novo papel mais compatível com o momento “Convencidas, um pacto é selado entre as Eríneas e Atena e assim, um processo transmutador se opera, os pólos são invertidos: do negativo para o positivo.” (ARRUDA DE SOUZA, 2015, p. 1129). As Eríneas passam por uma transformação, deixam de lado a antiga aparência, que possuía a negatividade como principal marca e se transformam em protetoras da cidade.

Nesta última parte, as Fúrias devastadoras não são aniquiladas por Atena, mas convidadas e convencidas a mudarem de vibração, a atingirem ponto mais elevado na escala dos sentimentos, em fim elas deixam de ser as deusas do ódio e se transformam em Eumênides, as deusas protetoras da Cidade. (ARRUDA DE SOUZA, 2015, p. 1129)

Quando funda o tribunal, Atena transforma a lei vindita em justiça, a deusa inventa a justiça humana “[...] uma justiça que conforme frisa Ost, é decidida por votos, após a análise das provas carreadas para o plano do tribunal, argumentos racionais são trocados e responsabilidades individuais avaliadas.” (ARRUDA DE SOUZA, 2015, p. 1129)

- POLIFONIA DA OBRA

François Ost consegue captar na Oresteia e em cada uma das peças da trilogia, cinco “vozes”. A voz política se dá em graças a instalação do Tribunal do Areópago e tal fundação ocorre com base no poder do demos, que só está assegurado devido ao apoio da aristocracia. Porém, toda essa estrutura se encontra ameaçada pela guerra civil suprida de insatisfações e acertos de contas privados. A voz de natureza religiosa mostra a cidade inserida na totalidade do cosmos, só há harmonia nesta quando os deuses se encontram em plena paz, qualquer tipo de calamidade afeta a vida dos homens. A vida humana é um “espelho” da vida dos deuses. A voz da responsabilidade individual vai sendo considerada vagarosamente representada pelas motivações individuais e pelas culpas subjetivas. Na carência de um princípio da responsabilidade pessoal é a Lei de Talião que se aplica mecânica e coletivamente, sendo assim, os filhos carregam consigo os erros cometidos pelos pais. A voz das modalidades e poderes do próprio discurso representa o acesso da cidade ao nível da justiça somente pela liberação da palavra. Palavra essa que é enganadora ou impotente em Agmêmnon e só recupera sua ação e veracidade em Eumênides. O processo de evolução da palavra é paralelo a evolução do direito. É a palavra o tema fundamental na obra de Ésquilo.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

François Ost percebeu a aplicação do direito na tragédia grega, vendo a figura do juiz desde a sua formação. A escolha da Oresteia de Ésquilo se deve pelo que o autor chama de invenção da justiça, fundada nos deuses e realizada mediante a Lei de Talião, que aos poucos, de forma lenta, vai sendo transferida para o Tribunal, símbolo da democracia ateniense, o que dá permissão à deliberação humana e ao discurso jurídico. Ost constata uma composição polifônica de cinco “vozes” presentes entre as três peças da Oresteia, o que na verdade, nada mais é do que temas abordados com forte importância na tragédia, como o tema jurídico, o teológico, o político, o da responsabilidade e o da linguagem, que ao se articularem, constituem para o autor a “criação da justiça”.

REFERÊNCIAS

ARRUDA DUTRA, Valéria de Souza. A invenção da justiça na trilogia contrapontística de Ésquilo. In: Conselho Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Direito – CONPEDI. Manaus. Disponível em: http://www.conpedi.org.br/manaus/arquivos/anais/salvador/valeria_de_souza_arruda_dutra-1.pdf. Acesso em: março de 2016.

OST, François. Contar a Lei – As

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