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Análise bibliográfica do assédio verbal e sexual na sociedade brasileira

Por:   •  4/12/2018  •  1.969 Palavras (8 Páginas)  •  378 Visualizações

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O assédio sexual da pessoa está sempre relacionado com o seu sexo. Esta é a razão porque é considerado discriminatório. De acordo com um estudo conduzido pela OIT (Organização Internacional do Trabalho), “O assédio sexual está intrinsecamente ligado com o poder e na maioria das vezes acontece em sociedades em que a mulher é tratada como objeto sexual e cidadãs de segunda classe. Um exemplo clássico é quando é pedido ás mulheres favores sexuais em troca de trabalho, de promoção ou aumento salarial. Outro exemplo é o assédio sexual de rua (piropo, bocas, xingar) que pode ir desde sons e assobios, palavras ofensivas ou até abuso e violação sexual.”

É importante ressaltar que o assédio sexual não é o mesmo que a relação consensual entre duas pessoas. E sim, uma ação que não é aceitável, causa ofensa e preocupação e pode, em determinadas situações ser física/emocionalmente perigosa. A vítima pode sentir-se intimidada, desconfortável, envergonhada ou ameaçada.

Para além de uma radicalização do sistema punitivo, é necessário pensar na estrutura que promova esses dados macabros sobre violência contra as mulheres. Para combater esse tipo de violência, é necessário pensar em mecanismos que desmontem o paradigma patriarcal e machista predominante na estrutura familiar e escolar. Para que a ideia masculina segundo a qual o corpo da mulher é um espaço público seja superada, é necessário invertemos toda a lógica na qual estamos inseridas, em que tudo aquilo que se aproxima do feminino é tratado como abjeto.

E aí vale a pena resgatar a nobre escritora Simone de Beauvoir, em 1947, em seu livro O Segundo Sexo, ela afirma que as mulheres não existem e não passam de uma construção social a partir do prisma masculinista, ou seja, o conceito de mulher e de homem são dois instrumentos políticos de poder que atua sob os corpos a partir de seus órgãos genitais e, a partir daí, define os papéis de gênero na sociedade ocidental.

Esse percurso final pode parecer um tanto absurdo e radical, mas não é. Absurdo e diabólico é o cotidiano das mulheres abusadas no transporte público como um todo, nas praças, nas ruas e nas instituições de ensino (sem contar os outros espaços públicos). Este sim deve ser um incômodo constante contra o qual devemos lutar para que seja eliminado. A libertação da mulher é também a libertação de todo o resto da sociedade.

- O papel da educação na desconstrução da ideia machista que existe na sociedade

Tudo parte da educação, desde a antiguidade o homem não foi educado para respeitar a mulher, e até hoje ele é educado para ser superior a mulher, isso tanto dentro de casa, pois ainda hoje, o homem sai para trabalhar, enquanto a mulher fica responsável pelos trabalhos domésticos, e quando essa mulher sai pra trabalhar ela ganha um salário inferior, mesmo desempenhando as mesmas funções que um homem.

É principalmente no âmbito familiar que devemos trabalhar a respeito desse tema, pois é na família que se constroem os valores basilares no que diz respeito ao caráter de uma pessoa, as crianças devem ser ensinadas desde pequenas que não existe esse conceito de que isso é de menina e aquilo é de menino, que menina.

Assim, tudo parte da educação, nós temos que educar nossas crianças juntamente com a escola que também possui grande importância na desconstrução do machismo, para que a próxima geração já venha com essa ideia descontruída, e que passem a crer de que todo gênero é igual, homem e mulher, e para que essas crianças aprendam, nós temos que aprender desde agora, a respeitar os colegas de trabalho, pensar antes de jogar alguma piadinha ou falar alguma coisa, não bater nas pessoas, pois aquilo que não se resolver com um diálogo, também não se resolverá com violência.

Elas devem aprender que não existe ninguém superior ou inferior, nenhum gênero, nenhuma raça, nenhuma ideologia. As pessoas são iguais, e devem ser respeitadas do mesmo jeito, é inadmissível em pleno o século XXI, um homem matar uma mulher simplesmente por ela ser mulher, ou um trans, por ele se sentir mulher.

A sociedade precisa aceitar que a mulher deve ter o seu espaço, pois a mulher tem alcançado a sua independência, a sua autonomia e é seu direito ocupar um espaço igualitário ao homem.

- A campanha do “Chega de fiu fiu”

A campanha “Chega de fiu fiu” acontece no estado de São Paulo, organizada pelo site Think Olga, é uma campanha contra o assédio sexual em espaços públicos nascida em 2013, que trabalha para informar quão nocivo o assédio pode ser na vida das mulheres, tornando-se um problema de segurança e mobilidade urbana no dia a dia.

Foram entrevistadas 7.762 mulheres, e 99,6% delas declararam já ter sofrido algum tipo de assédio sexual nesses ambientes. Alguns números revelados pela pesquisa “Chega de Fiu Fiu” dão a dimensão do cenário vivido pelas mulheres nos espaços públicos.

Uma das perguntas era: “Onde você já recebeu cantada?”; 98% responderam na rua; 64% no transporte público, 33% no trabalho, 77% na balada, e 80% em parques, shoppings e cinemas (na pesquisa as entrevistadas puderam escolher mais uma de opção).

Na sequência, a pesquisa perguntou: “Você acha que ouvir cantada é legal?”; 83% disseram não, 17% responderam sim. Ou seja, a imensa maioria das mulheres não gostam de ouvir cantadas quando caminham pelas ruas.

Esse dado revela outro, assustador: 81% das entrevistadas revelaram já ter deixado de fazer alguma coisa por medo de serem assediadas pelos homens. E mais triste ainda: 90% das participantes revelaram que já deixaram de usar roupa decotada por medo de sofrer algum tipo de assédio.

Esse resultado da pesquisa “Chega de Fiu Fiu” nos remete ao estudo realizado pelo Instituto de Pesquisa Aplicadas (Ipea), cujos dados, após a correção de um erro na divulgação do estudo, mostram que cerca de 26% dos entrevistados declararam que “mulheres com roupa curta merecem ser atacadas”.

Trata-se de um número assombroso, pois representa um quarto da população brasileira. Logo, 50 milhões de pessoas debitam nas mulheres a culpa pelos assédios sexuais sofridos nos espaços públicos. Ainda de acordo com a pesquisa, 58,5% dos entrevistados acredita que “se as mulheres soubessem se comportar, haveria menos estupro”.

Portanto, se a mulher é cantada na rua, assediada no transporte público e, no caso mais grave, estuprada a culpa é dela. Os números de ambas as pesquisas são ainda mais terríveis quando pensamos

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