The Enlightened Economy
Por: YdecRupolo • 26/3/2018 • 5.149 Palavras (21 Páginas) • 310 Visualizações
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O que foi a Revolução Industrial? Estudiosos possuem diferentes respostas para esta pergunta. Uma escola foca nas mudanças tecnológicas: a Revolução Industrial foi uma sequência de inovações bem sucedidas, o que não havia ocorrido antes em nenhum outro período. Dentro de pouco tempo, um certo número de indústrias tinha revolucionado as chamadas macroinvenções (para o autor), que não apenas reduziram preços e criaram novos produtos, mas também desencadeou um fluxo contínuo de invenções secundárias e incrementais, além de melhorias que permitiram um melhor trabalho das novas invenções. Elas passaram a ser usadas nas novas indústrias, reduzindo acidentes, tempo de inatividade (down time) e consumo de combustível, além de produzir produtos mais duráveis, atrativos, confiáveis e "amigo do usuário" (user friendly). Essas invenções foram aplicadas, geralmente em grupo, nas indústrias de algodão e de outros tecidos, de ferro e outros materiais como vidro e cerâmica, na geração de energia e suas aplicações, entre outras.
Para alguns, a Revolução Industrial não foi tanto o início do crescimento econômico moderno quanto ela foi a era da criação do sistema de fábricas, do aparecimento do proletariado industrial, dos centros urbanos de manufatura e suas ruas sujas, das casas de habitação lotadas, crianças e mulheres trabalhando longas jornadas em fábricas com chaminés. Neste ponto de vista, a Revolução Industrial foi a época que pôs fim na maior parte da indústria doméstica e transformou artesãos independentes e livres em um exército de trabalhadores assalariados, um proletariado urbano explorado e desprivilegiado, sujeitos à disciplina e a uma agenda rígida que era anteriormente desconhecida. Foi a era da reificação e da alienação, na qual pessoas foram ensinadas a perder sua individualidade e fazer parte de um trabalho industrial indiferenciado. Para outros, o mesmo processo foi descrito como um triunfo na mobilidade econômica, livres mercados, e uma alocação de recursos mais eficiente, uma era que recompensava cada vez mais o trabalho duro e a desenvoltura, na qual empreendedores, pessoas inovadoras, e com eles a massa dos consumidores, poderiam colher as recompensas e as bênçãos que a engenhosidade humana, acoplada com o bom funcionamento dos mercados, concedeu a eles. De todo jeito, para os economistas interessados na microeconomia da firma, a ascensão do sistema de fábricas continuou sendo o principal evento da Revolução Industrial.
Uma terceira abordagem, que recebe cada vez mais críticas, vê a Revolução Industrial primariamente como um processo de crescimento econômico. Essa visão defende que a rápida aceleração do progresso tecnológico depois de 1760 levou a ganhos de produtividade em setores chave que eram a espinha dorsal de um surto repentino ou "decolagem" em investimentos e crescimento econômico. Mas há mais ou menos um consenso de que a Revolução Industrial significou, primeiro e principalmente, que o motor do crescimento seria encontrado cada vez mais em tecnologia, e que esta sozinha poderia impulsionar um processo que não é executado em algum tipo de fronteira superior. Muitas das principais invenções em têxteis, ferro, energia e outras indústrias, que foram investigadas detalhadamente e associadas à Revolução Industrial, eram, porém, confinadas a um setor limitado, se crescente, da economia. O algodão, por exemplo, era uma indústria marginal e, se comparada à de lã, pequena em 1760. Os rápidos avanços feitos na fiação, impressão, carteagem e, posteriormente, na tecelagem do algodão transformaram-no na espinha dorsal da indústria têxtil britânica no meio do século XIX. Apesar disso, nas ultimas décadas do século XVIII, o seu impacto na economia, em um todo, era pequeno. O mesmo ocorreu com outras indústrias "modernas", como vapor, cerâmica, viro, ferro, ferramentas de máquinas, entre outras, onde as taxas de inovação eram altas.
Esse mecanismo de crescimento teve sua primeira engrenagem e seu primeiro movimento para frente foi devagar e difícil, além do impacto de mudanças tecnológicas ter sido demorado e totalmente sentido décadas após a sua primeira aparição. Apenas quando as novas tecnologias tinham sido melhoradas e desenvolvidas, foram encontradas novas aplicações e combinações usando técnicas novas, além de outras já existentes, e começaram a se espalhar para indústrias previamente estagnadas, e um número grande o suficiente de novas máquinas, que possuíam estas técnicas, foram produzidas, é que se pode observar o impacto destas tecnologias na economia em geral. O poder do vapor (um exemplo clássico de "Tecnologia de Utilidade Geral") eventualmente se tornou uma das principais fontes de aumento no crescimento e produtividade, principalmente após 1850, mais de um século após o primeiro motor a vapor ter sido inventado; e sua primeira aplicação aos meios de transporte não ocorreu até 1830. Há diversas causas para essa demora, mas geralmente eles precisavam de outras microinvenções (melhorias e adaptações) para uma boa ideia ser implementada em larga escala, ou eles precisavam desenvolver insumos complementares, como competência para operar e manter novos equipamentos.
Para serem efetivas, a maior parte das novas técnicas precisavam ser "puxadas" subsequentemente às suas invenções, adaptadas aos ambientes e exigências locais, depuradas, e feitas para sujeitar-se às capacidades de trabalho e administração. Geralmente, uma técnica só poderia ser explorada de forma rentável caso uma técnica complementar fosse aperfeiçoada. Era comum das melhorias e os requintes de novas técnica ser lento na época porque o conhecimento subjacente (ou base epistêmica) era muito limitado nos estágios iniciais da revolução Industrial. A taxa de melhoria das técnicas de produção dependia em parte do quanto as pessoas entendiam como e por quê as técnicas realmente funcionavam, conhecimento este bem limitado na época de 1800. Não bastava apenas ter o conhecimento de boas práticas para se ter um rápido progresso. Mas grande parte do conhecimento útil nos estágios iniciais da Revolução Industrial consistia simplesmente de experiência, experimentação sistemática, um longo catálogo de técnicas que funcionavam, relatórios de como certos materiais se comportavam em diferentes temperaturas, como encontrar defeitos em máquinas e consertá-los, lista de tempos ótimos, pressões, e formas de usá-los sem um princípio unificador que explicava por quê eles funcionavam melhor. Esse processo, entretanto, tornou-se mais eficiente quando os fundamentos científicos das técnicas utilizadas foram mais bem entendidos. O fluxo contínuo de inovações pequenas,
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