A Evolução do Capitalismo (Maurice Dobb)e
Por: eduardamaia17 • 19/11/2018 • 2.637 Palavras (11 Páginas) • 320 Visualizações
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Acredita-se que a sociedade é formada pelo conflito e interação dos seus principais elementos, e não por seu movimento e mudança. Devendo-se a isso a particularidade nas estruturas históricas que permite sua homogeneidade na organização de certo período de tempo.
Dobb ainda nos fala sobre a sociedade de classes que representa o capitalismo em uma diferente ordem econômica, impondo uma uniformidade à qualquer período histórico. Onde uma classe não é necessariamente composta por pessoas de mesmo nível de renda, mas sim pelos objetivos em comum e a relação entre o processo de produção e outros setores da sociedade geram esse interesse em comum.
Com isso o crescimento da indústria cria a invenção de novos e variados instrumentos de produção, gerando novas classes e requer novas formas de apropriação do trabalho excedente em benefício dos donos dos novos instrumentos de produção.
A relação entre trabalhador e o capitalista é uma característica da sociedade moderna, com uma forma puramente contratual. A transformação da forma medieval de exploração do trabalho excedente para a moderna se diferencia no aparecimento de novos instrumentos de produção, nas modificações das técnica no desenvolvimento das trocas, numa crescente divisão de trabalho e numa crescente separação entre o produtor, a terra e os meios de produção e seu aparecimento como proletário.
Não se pode datar o início do período capitalista, pois esse deu quando ocorreram mudanças no modo de produção, criando uma dependência entre produtor e capitalista, não simplesmente relacionado ao aparecimento do comercio.
Identificam –se três momentos importantes ligados ao capitalismo:
- O século XVI marca a desintegração do feudalismo, esse período não parece ter sido feudal e nem capitalista, no que diz respeito ao modo de produção.
- As transformações políticas e sociais ocorridas no século XVII, como as lutas dentro das corporações e a luta parlamentar contra o monopólio.
- A Revolução Industrial inicada no final do século XVIII, com grande importante econômica e politica. Sendo considerada por alguns como “as dores do parto” do capitalismo moderno, portanto, o momento mais decisivo no desenvolvimento econômico e social desde a Idade Média.
Temos que assumir que a história do capitalismo e seus estágios de desenvolvimento apresentam datas diferentes para diversas partes do país, mas formam, no entanto, um conjunto de histórias do capitalismo, com semelhança na forma.
Nas principais fases da sua história, o desenvolvimento do capitalismo está ligado à transformação técnica que afeta o caráter da produção levando a diferenças entre cada estagio, no que se refere às diversas camadas de capitalistas.
Todas as coisas disponíveis para a troca, até mesmo a força do trabalho dos proletários são semelhantes à nível de mercado. A esssência do capitalismo é, no entanto, uma forma particular da apropriação de trabalho excedente por uma classe detentora de poder e privilégios econômicos.
Capítulo II - O Declínio do feudalismo e o Crescimento das cidades
No ínicio do segundo capitulo Dobb nos apresenta três pontos de vista sobre o significado do Feudalismo, a partir da Grã Bretanha:
- Historiador constitucional – onde “a posse da terra é fonte de pode político”.
- Jurista - entende que sua essência é o “status determinado pela tenure”.
- Historiador econômico – “o cultivo da terra pelo exercício de direitos sobre pessoas”.
Dobb também menciona conceitos formados através de discussões na Rússia que consideram como característica do sistema feudal a relação entre suserano e vassalo e sua relação de posse com a terra, onde havia a ocupação da terra mediante prestação de serviços.
Ainda na Rússia, temos a definição de que o feudalismo foi “um sistema de “economia natural” auto suficiente, em contraste com uma “economia de troca” monetária – como uma economia que tem o consumo como objetivo.”
Ao destacar o século XVI na Rússia como um período de declínio do feudalismo, não significa exatamente o declínio da servidão, ao contrário, com o renascimento do comercio, houve uma crescente necessidade de mão de obra.
Como conceito para servidão temos a ideia de uma obrigação imposta ao produtor pela força, pagas em formas de serviços, taxas pagas em dinheiro ou presentes ao senhor, satisfazendo certas exigências econômicas para dispensa do senhor, de forma coercitiva.
Ainda sobre a servidão temos como característica o seu caráter individual, baixa técnica produtiva, divisão de trabalho primitiva e prestação de serviços compulsório, associada à posse hereditária das terras.
Dobb ao falar do renascimento comercial, nos mostra a tendência ao trabalho assalariado e o arrendamento da propriedade feudal, tudo isso envolvendo dinheiro. O comércio desenvolveu-se fora do sistema, como uma força externa.
Há diferentes relações entre o declínio da servidão e renascimento do comércio, variando de acordo com diversas áreas da Europa. Em alguns lugares, como a Rússia, a servidão se aproximava da escravidão.
Com o crescimento da produção para o mercado aumentaram as obrigações servis, o que nos mostra o crescimento comercial tanto como causa do declínio do feudalismo, quanto como a causa da intensificação da servidão.
A crescente necessidade de um excedente gerou uma sobrecarga servil. A sobrecarga aliada à falta de incentivos e exaustão do solo leva a baixa produtividade, num momento que necessitavam de uma produção maior para alimentar o comércio que renascia.
A exaustão servil tem como consequência uma emigração ilegal para as cidades, levando os senhores a fazerem acordos mútuos de captura de servos fugitivos, porém com o a crescente necessidade produtiva e a escassez de mão de obra, os acordos deram lugar a captura individual, onde os senhores ofereciam privilégios e até mesmo pagamento em dinheiro em troca de trabalho. As diferentes formas de reação para atrair a mão de obra, em diversas regiões europeias resultaram nas diferenças econômicas nos séculos seguintes.
Dobb também relaciona a escassez da mão de obra ao declínio da população causada por guerras e pela peste negra.
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