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A ECONOMIA CUBANA NOS ANOS DE 1990 E 2000

Por:   •  28/11/2018  •  3.542 Palavras (15 Páginas)  •  357 Visualizações

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Diante deste cenário, não é difícil entender as consequências nefastas a Cuba, que se seguiram com o fim do socialismo soviético, O conjunto de desafios que se apresentam ao regime socialista cubano põem em xeque o modelo de desenvolvimento cubano, rapidamente instala-se uma forte crise interna nas áreas econômica, política e social. Já no ambiente externo, com a perda de seu principal parceiro econômico e miliar leva Cuba e redesenhar suas relações internacionais, principalmente pelo temor ao seu grande opositor os Estados Unidos.

De fato, os desafios que se apresentaram a Cuba, e seu peculiar regime socialista eram difíceis de serem suplantados: Como manter a continuidade de um regime socialista de forma tão isolada? Como manter o financiamento do modelo de desenvolvimento econômico estritamente ligado com o desenvolvimento social adotado até então?

Na busca por responder a estas questões e analisar as consequências das medidas adotadas pelo regime cubano para enfrentamento da crise, iniciaremos por analisar as características estruturais desta crise no período de 1990 a 2000, em seguida as estratégias adotadas para suplanta-la, e por fim as consequências destas estratégias ao modelo socialista cubano.

Os elementos da crise

O fim do regime socialista soviético, como apontado anteriormente, teve consequências gravíssimas ao regime cubano, fruto da forte dependência de Cuba com a União Soviética estabelecida logo após a revolução de 1959.

Nos primeiros anos da crise, mas precisamente de 1990 a 1993 Cuba sofreu forte perda dos agregados econômicos, com grande retração no mercado internacional, perda das fontes de financiamento e assistência técnica, tais problemas trouxeram grandes desequilíbrios na balança de pagamentos do país, elevando sobremaneira a dívida cubana que rapidamente saiu da ordem de U$ 2 bilhões atingindo em 1993 U$ 10,8 bilhões (CEPAL, 2000), houveram também outros impactos negativo, como elevação do desemprego e subemprego reflexo do forte retrocesso da economia.

Como referencial do quão grave foram os reflexos da crise, podemos observar o exemplo do comportamento do PIB cubano no período. Como podemos observar na figura 01, o PIB cubano teve um crescimento fortemente negativo no início da década só conseguindo reverter sua trajetória na segunda metade da década de 90.

[pic 1]

Figura 01 – Evolução do PIB de Cuba a preços constantes (a preços de 2010)

Fonte: CEPAL: Comisión Económica para América Latina y el Caribe - Estimaciones propias con base en fuentes oficiales - http://estadisticas.cepal.org/cepalstat/WEB_CEPALSTAT/Portada.asp

Este período de crise atingiu a todos os setores da economia cubana e os indicadores sociais. Um dos casos mais emblemáticos a época foi do comercio da cana de açúcar, este produto era a base da exportação de Cuba, e como podemos observar na figura 02, sofreu grande retração na produção devido ao encolhimento da participação de Cuba nos mercados internacionais, além da retração dos montantes absolutos das exportações cubanas, houveram ainda uma forte redução dos preços internacionais, devido a produção originada do Brasil e da Austrália, potencializando os efeitos negativos na balança comercial cubana.

[pic 2]

Figura 02 – Evolução das exportações cubanas de cana de açucar

Fonte: CEPAL: Comisión Económica para América Latina y el Caribe - Cepalstat

Os avanços sociais obtidos após a revolução de 1959, encontravam-se agora ameaçados, isso porque com a gradativa perda de recursos advindos da exportação aliado a recente dificuldade de crédito, encontrava-se prejudicada a capacidade do estado cubano manter seus investimentos em áreas sociais importantes como a saúde e a educação. Os níveis de pleno emprego antes obtidos já não eram a realidade atual, com o fechamento de grandes empresas, crescia o desemprego e o subemprego que por sua vez pressionava o estado por maiores subsídios na área social.

Na área da saúde, agravaram-se os níveis de mortalidade na população acima dos 60, com o aumento da incidência de doenças como a sífilis e tuberculose. Houveram problemas de desabastecimento de medicamentos, vacinas e material cirúrgico. A queda dos indicadores na área da saúde também foi reflexo da perda da qualidade da alimentação da população, que agora convivia com déficits no consumo de vitaminas.

Com a educação o quadro foi semelhante, a população passou a conviver com o desabastecimento do material didático, como lápis, livros, papel e com a falta de estrutura nos prédios públicos. Estes problemas tiveram reflexos nos níveis de matrículas no país, no ensino médio as matrículas decresceram em 1989 eram 1,073 milhão de alunos, já em 1995 esse número reduz para 703 mil, representando uma queda de 34%. Ao nos debruçarmos sobre os níveis de matricula no nível superior podemos aferir que a redução é ainda maior, chegando a níveis de aproximadamente 50%, fruto também da falta de perspectiva de emprego no mercado formal.

Estratégia de ação

A exemplo de outras economias latino americanas Cuba possuía uma base econômica agroexportadora, como diferencial sua história aponta por uma íntima relação entre o desenvolvimento econômico e os indicadores sociais, esse modelo de desenvolvimento, rendeu a Cuba condição diferenciada das demais economias latino americanas na questão do desenvolvimento humano, níveis superiores na educação, alta qualificação técnica, altos indicadores na área da saúde, o que acabavam por conferir a população níveis de expectativa de vida semelhantes a países desenvolvidos (SADER, 2001)

Por outro lado, o afluxo de recursos recebidos por Cuba com relativa facilidade, advindos do CAME, acaba por estabelecer alguns vícios, como um certo descontrole fiscal, utilização de tecnologias defasadas e dispendiosas e uma acomodação quanto a conquista de mercados no exterior. Tais vícios levariam Cuba a um agravamento dos reflexos da crise dos anos 90 e uma dificuldade de superá-la.

Restava, portanto, promover uma profunda reforma, uma restruturação interna e externa, com o objetivo de vencer as dificuldades impostas pela crise. Era imperativo rever o papel das instituições, a estrutura legal vigente, quebrar com o modelo produtivo que estava posto, esta reforma que surge como objetivo de vencer a crise, mas acaba

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