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Monografia administração

Por:   •  25/1/2018  •  9.458 Palavras (38 Páginas)  •  250 Visualizações

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Os pressupostos inicialmente desenvolvidos para o mesmo são: (1) acredita-se que a escola tenha conhecimento sobre o seu real papel na sociedade atual; (2) acredita-se que a escola tenha consciência sobre a responsabilidade de seu trabalho como adolescente; (3) acredita-se que a escola adote metodologias que permitem a participação e a integração do adolescente na sociedade; (4) acredita-se que a escola seja um espaço oportunista do aprimoramento de habilidades e trocas de experiências; (5) acredita-se que a escola esteja preparada para ser considerada ferramenta mediadora na relação entre a sociedade e o adolescente.

CAPÍTULO I – A CONJUNTURA

Jovem demais para ser considerado adulto, mas acima da idade para receber o tratamento dispensado às crianças. Preso entre duas fases da vida, o adolescente busca referências de comportamento, padrões estéticos e valores (OUTEIRAL, 2003, p.04).

O processo de construção da identidade do jovem traz em si contradições inerentes aos momentos de transformação. Ao mesmo tempo em que se cobra dele atitudes de maturidade, exige-se a aceitação da tutela dos mais experientes - os adultos.

O adolescente tenta de todas as formas se afirmar como indivíduo nas várias situações e lugares. Ele desempenha diversos papéis sociais simultaneamente. É filho, estudante, amigo, namorado, trabalhador, consumidor. Circula por grupos e espaços, experimenta estilos e tendências, reafirma gostos e preferências. Em cada uma de suas múltiplas identidades, quer se reconhecer e ser reconhecido, ter espaço para se manifestar e se mostrar enquanto sujeito.

Mas o que é a adolescência? A Organização Mundial da Saúde (OMS) estabelece que essa fase da vida vai dos 10 aos 19 anos. Tal delimitação leva em conta apenas aspectos biológicos. Já a sociedade costuma ver o adolescente como alguém impulsivo, exagerado, irresponsável, imaturo e instável. “O estereótipo carrega toda uma carga negativa e deu origem a um neologismo irônico: ‘aborrecente’. Para o mundo adulto, o ‘aborrecente’ representa sinônimo de problemas e preocupações” (SPITZ, 1997, p.23). As qualidades do jovem são, na maioria dos casos, pouco valorizadas. Como destaca Costa (2000, p.13), "parece que o adolescente está sendo usado para justificar a negligência de uma sociedade que o deixou de lado".

A globalização tornou ainda mais complexo o processo de construção da identidade do jovem. O adolescente se vê em um mundo cujas mudanças se dão de forma acelerada. A Internet, por exemplo, facilita o contato com variadas culturas e influências. Segundo Outeiral (2003, p.35), “Os produtos da indústria cultural direcionados ao público jovem são elementos que interferem na formação das múltiplas identidades”. O desafio é desenvolver a capacidade de processar tal diversidade de produtos da indústria cultural, sem que as referências globalizadas anulem manifestações locais, e nas palavras de Levisky (1999, p.24-25),

Digamos que uma pessoa passa por duas socializações. Uma, a primeira, seria a socialização primária: aqui, a pessoa é apresentada para o mundo e se apresenta para o mundo através da figura dos pais (ideologia, religião, ou seja, visão de mundo). A segunda socialização é a socialização secundária: os intermediadores do mundo não são mais necessários, na qualidade de intermediários. A pessoa entre em contato com a própria cultura (às vezes até mesmo com outras culturas) diretamente. Ou seja, sem a interveniência dos pais. Dessa forma, a consolidação da sua auto-estima e auto-confiança passa a sofrer a influência, por exemplo, da escola.

Acontece que é na adolescência que o indivíduo sente esse choque de visões (a que ele possui e as que ele vai conhecendo) com mais intensidade. O questionamento, nessa fase, é mais elaborado e sistematizado que na infância. Não é qualquer resposta que realiza o seu desejo de saber. Essa resposta tem que lhe ser realmente convincente e muito satisfatória, pois, como acentuou Jean Piaget (citado por PERALVA, 1997, p.15),

a passagem cronológica das fases: infância e latência para pré-puberdade e adolescência corresponde a uma mudança, do ponto de vista intelectual, do pensamento sensório-motor e logo objetivo-concreto para o pensamento abstrato-simbólico.

A necessidade de constituição de identidades tem na busca da resposta a essa pergunta o início de um processo que permite ao indivíduo ser reconhecido na diversidade de situações e lugares nos quais se faz presente. Segundo Bernstein (1987, p.57),

os vários espaços, a diversidade cultural e os repertórios de ação constituem-se elementos fundamentais que permitem ao jovem reconhecer a sua vinculação a um determinado grupo social e, assim, identificar-se com ele.

Determinadas características constitutivas da identidade são comuns a todos os jovens e se associam às questões biológicas e fisiológicas. Outras estão ligadas ao meio social e se associam às questões de classe e às diferentes culturas. Neste campo pode-se observar a influência da indústria cultural através do consumo de produtos destinados especialmente ao jovem. Isso parece exercer importante papel na constituição de identidades através da mercantilização dos estilos ligados, por exemplo, à moda e à música. Desse modo, a variedade de ofertas disponibilizadas para o consumo possibilita ao jovem a ampliação das escolhas e a liberdade em escolher permite a ele optar por vários espaços e formas de elaboração de suas identidades. Isso não significa dizer que a identidade é resultado de uma única escolha, mas de múltiplas possibilidades que podem resultar na elaboração de múltiplas identidades.

Pode-se observar que esse processo não ocorre de forma estática, mas num constante movimento - característico das relações sociais e que permite ao jovem a busca de identificação através dos diversos grupos dos quais ele opte por fazer parte. “Ser jovem é, antes de um destino, uma questão de escolha” (BECKER, 1997, P.06). Identificar-se é, então, reconhecer-se e ao mesmo tempo ser reconhecido. O jovem se reconhece no grupo não só através da identificação com os elementos constitutivos deste, mas também, à medida que é reconhecido como indivíduo capaz de ser sujeito de suas ações nos espaços em que estas se tornam plenas de sentido. É nesses espaços, preenchidos pelos grupos juvenis, que as experimentações permitem aos jovens vivenciar possibilidades concretas de construção de identidades. Desse modo, as identidades juvenis parecem ganhar visibilidade na relação com o contexto sociocultural e histórico

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