ANÁLISE MICROECONOMIA E MACROECONOMIA
Por: Rodrigo.Claudino • 26/12/2018 • 2.904 Palavras (12 Páginas) • 505 Visualizações
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pelos resultados, a participação de diferentes portes de supermercados compondo a amostra da pesquisa. Assim, embora se tenha como referência os maiores supermercados do país, a amostra inclui, em um só escopo, unidades com faturamento variando entre 7,15 milhões e 16,17 bilhões de Reais.
A diferença de escala está refletida no desvio-padrão encontrado para cada variável, corroborados pelos coeficientes de assimetria e curtose, que descrevem o comportamento dispersivo das observações em relação à média.
Essas medidas sustentam a abordagem não-paramétrica escolhida como modelo analítico do estudo, ao passo que expõe, com propriedade, as disparidades características do setor em estudo.
Como o estudo se baseou na análise de eficiência, a construção do índice de eficiência se deu a partir da abordagem DEA - Data Envelopment Analysis. Esse método foi escolhido por ser apropriado à investigação proposta pelo trabalho, cujo foco é a análise de eficiência em organizações que atuam em uma mesma indústria. Isso porque a homogeneidade é uma dos pressupostos da técnica, que tem como vantagem ainda, a não exigência de forma funcional na relação das variáveis.
Com base no modelo DEA, obtêm-se os resultados relativos à eficiência técnica nas medidas de retorno constante e variável, além da eficiência de escala e do tipo de retorno encontrado.
Os valores de eficiência técnica podem ser decompostos em eficiência de escala e pura eficiência técnica. No quesito eficiência técnica sob retornos constantes, observou-se desempenho médio de 50%, conforme esboçado na Tabela 3. Isso descreve a possibilidade de aumento médio do faturamento em 50%, sem, com isso, modificar a quantidade de insumos utilizados. Assim, percebe-se a necessidade de aperfeiçoar a utilização dos insumos, como forma de aumentar a eficiência técnica. Caso contrário, a maior parte dos supermercados encontrará dificuldades para se manter de forma competitiva no mercado, abrindo espaços para concentração setorial.
Após tratamento dos dados verificou-se a média de eficiência de escala de 0,95, resultante do produto das eficiências técnicas com retornos variáveis e com retornos constantes. Embora a métrica escolhida conduza a valores bem superiores àqueles derivados da eficiência técnica, não permitindo comparações, é oportuno destacar a observância de melhor comportamento médio nesse quesito.
Assim, os índices de eficiência técnica sob retornos variáveis revelam que, sem os rendimentos de escala, os supermercados possuem eficiência média de 0,53, com desvio-padrão de 0,20.
Retornos constantes são observados quando se iguala a eficiência técnica sob retornos constantes e variáveis. Retornos decrescentes ocorrem quando a eficiência técnica sob retornos constantes é menor que a observada sob retornos variáveis. O inverso indica retornos crescentes.
Apenas sete supermercados (2,34%) foram considerados plenamente eficientes no modelo com retornos constantes, ou seja, estavam utilizando seus insumos de maneira ótima, com desempenho relativamente superior ao dos demais supermercados. Das estratégias recomendadas pela abordagem DEA, sugere-se a absorção e adaptação das tecnologias utilizadas pelos respectivos benchmarks dos supermercados ineficientes, como tática para equalizar seus níveis de desempenho.
Para detectar se essas ineficiências de escala eram devidas ao fato de os supermercados operarem na faixa de retornos crescentes ou na faixa de retornos decrescentes, outro problema de programação linear foi formulado, impondo a restrição de retornos não-crescentes à escala. Nesse sentido, ao separar os supermercados de acordo com a escala em que operavam, pôde-se observar que 22,3% produziam na faixa de retornos crescentes, ou seja, estavam produzindo abaixo da escala ideal. O aumento da produção para essas DMUs se dá a custos decrescentes. Esses supermercados obtinham em média, menor faturamento que aqueles cuja operação ocorria com retornos constantes. Nesse caso, a recomendação é o aumento da escala de produção, com vistas ao aumento de competitividade no mercado.
Apenas 9% dos supermercados estavam operando com retornos variáveis à escala, ou seja, produzindo na escala ótima. Nesses estabelecimentos, o aumento da produção deve ocorrer mantendo-se a proporção de uso dos insumos. Contudo, há supermercados que, mesmo produzindo com retornos constantes, possuem ineficiências técnicas, ou seja, significa que se pode aumentar o seu faturamento, explorando a mesma capacidade produtiva. Ressalta-se também a possibilidade de existência de congestão de recursos, uma vez que a produção sobre a fronteira é condição necessária, mas não suficiente, para a completa eficiência técnica, conforme abordado por Seiford e Thrall (1990).
O grupo formado pelos supermercados com retornos decrescentes representou 68,7% do total da amostra; esses supermercados obtiveram, em média, maior faturamento com relação àqueles que operavam com retorno constante. Entretanto, eles estavam produzindo acima da escala ótima, ou seja, o aumento do faturamento da empresa se dará a custos crescentes.
A superioridade obtida pelos supermercados eficientes pode ser atribuída à utilização de tecnologias mais avançadas que a de seus concorrentes e mão-de-obra mais qualificada, além da melhor utilização de seu espaço físico. Ressalta-se que essas variáveis estão entre as enfatizadas por ABRAS (2006), como importantes no desempenho. A união desses fatores torna esses supermercados mais competitivos no mercado e lhes confere produtividade, relativamente, superior. Como as discrepâncias nos níveis de eficiência estiveram presentes, de forma geral, em todo o setor, enfatiza-se a preocupação no sentido de sustentabilidade dos milhares de supermercados que compõem o setor no Brasil.
Assim, deve-se salientar a importância desses resultados para ações de cunho quantitativo e, principalmente, qualitativo com o objetivo de corrigir os desvios de desempenho e manutenção da eficiência social, em razão da importância do segmento na geração e manutenção de renda e emprego formal.
No intuito de minimizar os efeitos de escala, permitindo comparações entre DMUs mais homogêneas, foi realizada a estratificação da amostra. Desse modo, as DMUs foram divididas em três percentis, de acordo com o faturamento anual, com a participação de 100 supermercados em cada estrato5. O primeiro percentil
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