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Resenha Crítica - Eichmann em Jerusalém

Por:   •  27/11/2018  •  5.284 Palavras (22 Páginas)  •  276 Visualizações

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Ultimamente essa angústia se aguçou porque me vi na iminência de morrer sem concluí‐lo. Fugi do hospital, aqui para Maricá, para viver e também para escrevê‐lo. Se você, hoje, o tem em mãos para ler, em letras de fôrma, é porque afinal venci, fazendo‐o existir. Tomara.

Acabo de ler, meio por cima, a última versão. Aquela que escrevi no Peru e que até foi traduzida em castelhano, mas que eu vetei.

Era um bom livro, acho agora. Bem podia ter sido publicado tal qual era. Ou ainda é, uma vez que aí está tal e qual: desafiante. Mas eu não quis largá‐lo. Pedia mais de mim, me prometia revê‐lo, refazê‐lo, até que alcançasse aquela forma que devia ter. Qual?

Creio que nenhum livro se completa. O autor sempre pode continuar, por um tempo indefinido, como eu continuei com esse, ao alcance da mão, sem retomá‐lo. O que ocorre é que a gente se cansa do livro, apenas isto, e nesse momento o dá por concluído. Não tenho muita certeza, mas suspeito que comigo é assim.

(Prefácio “O Povo Brasileiro)

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O AUTOR

Darcy Ribeiro, "homem de fé e de partido", como confessou, talvez um dos mais eminentes intelectuais-políticos do Brasil do após-guerra, ativista da cultura, fundador de universidades, antropólogo de fama, teve reconhecimento internacional: Doutor Honoris Causa pela Sorbone. Um tanto antes de falecer, em fevereiro de 1997, deixou uma esmerada síntese sobre a diversidade geo-étnica da população brasileira no seu ensaio histórico-antropológico intitulado O Povo Brasileiro , editado em 1995. Viu o país-continente fortemente empenhado "na construção de uma civilização original: tropical, mestiça e humanista". Uma "Nova Roma" como gostava de dizer.

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RESENHA DOS CAPÍTULOS

O primeiro capitulo fala sobre a chegada dos portugueses no Brasil e sua descoberta, a qual fora os índios. São mostradas as primeiras impressões, o primeiro contato, as consequências que surgiram com ele também, entre outros.

Os portugueses os viam como povos tribais que falavam a mesma língua, originada de um mesmo dialeto que se espalha formando novas línguas em cada aldeia diferente. A maioria das tribos eram originadas do tupi, e estavam a passos da revolução agrícola, já eram capazes de domesticar diferentes tipos de plantas.

Tudo isso com o machado e depois limpando os terrenos com queimadas. Isso fazia om que eles garantissem sua sobrevivência durante o ano inteiro, e mesmo que a divisão fosse igualitária, existiam conflitos entre tribos para a colonização de terras.

As relações com os portugueses eram relações sociais baseadas na estratificação das classes, a Igreja católica mesmo foi responsável por uma enorme influencia na formação sociocultural do povo brasileiro, pois influenciou na vida dos negros e índios. E Portugal vivia um monte de disputa de colônias, causado pela expansão marítima, superação do estado feudal, e adoção do mercantilismo como politica econômica. Ainda havia o ideal de serem expansores da cristandade católica sobre os povos existentes além do mar.

Os índios que não sabiam lidar direito com aquela situação, com a chegada dos colonizadores, não sabiam do que se tratavam, e por isso até chegaram a acreditar que os portugueses eram deuses. Esse enorme choque de realidade acabou gerando decepções também. Os índios acabaram percebendo que não se passava de enganadores que traziam pequenos objetos e em troca queriam o trabalho dos índios e seus bens naturais. E ainda traziam consigo centenas de doenças que os nativos não estavam acostumados e com isso iam se dizimando em massa tribos e tribos.

Os próprios portugueses foram quem trouxeram a sentença de morte dos índios em seus navios e em seus corpos. O autor mostra as duas realidades que se chocam, a dos índios com a dos conquistadores. Estes viam na nova terra um espaço de exploração de ouro e luxuria, e para os índios, a terra era rica pelo o que nela continha, peixes, frutas, sementes, e que dava a possibilidade de caçar, plantar, colher.

Os brancos faziam de tudo e não mediam quaisquer esforços para alcançar o que desejavam já os índios acreditavam que tudo era dado por deuses bons, que os abençoavam com dadivas. Estes viam os exploradores como aflitos demais, que carregavam o fardo de ter uma sofrida vida, dura demais, condenada ao trabalho e subordinados ao lucro. E para os nativos a vida não passava de uma função de existência, um mundo feito de dádivas, e uma sociedade solidária.

Foi à instituição social fundamental que possibilitou a formação do povo brasileiro, sem ele era impraticável a criação do Brasil, o cunhadismo. A expressão “cunhadismo” significa no velho uso indígena: incorporar estranhos á sua comunidade. Isso se alcançava com o sistema de parentesco dos índios, que relacionava uns com outros, todos os membros de um povo. Sua dada importância está relacionada com a multidão de parentes que se surgia e com isso podiam contar com reforço na hora dos serviços, seja para conforto pessoal, ou para produção de mercadorias.

Como se podiam fazer vários casamentos, funcionavam como uma forma de recrutamento de mão de obra, principalmente para os trabalhos pesados, e mais adiante foram usados como prisioneiro de guerra, que quando fossem resgatados, havia a troca por mercadoria.

Mudou-se do cunhadismo para as guerras de captura, já que a necessidade de mão de obra indígena se tornou grande demais. Um exemplo de intenso cunhadismo foi os franceses, tal foi seu poder de influência, que diziam não saber se o Brasil era francês ou português.

A coroa portuguesa, vendo-se seus interesses ameaçados pelo cunhadismo, tratou de implantar no Brasil o regime de donatarias, que teria a função de povoar e fazer produzir. Estas seriam distribuídas a grandes senhores que possuíam fortunas próprias, o suficiente para colonizar, e assim constituiria verdadeiras províncias. Seriam senhores investidos de poder feudal dado pelo rei, tinham a autonomia de fundar vilas, conceder sesmarias, licenciar artesões e comerciantes, e o poder econômico de explorar suas terras, com até mesmo o direito de impor a pena capital. Exemplo de províncias que deram certo foi a de Pernambuco e da São Vicente, as outras acabaram por fracassar. E nelas, o índio continuava como mão de obra escrava.

Outra

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