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O Objeto do serviço social

Por:   •  13/2/2018  •  1.988 Palavras (8 Páginas)  •  321 Visualizações

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Com o passar dos anos, desenvolve-se entre os pensadores do Serviço Social no Brasil a ideia de que os problemas sociais, de miséria e pobreza, vivenciados por grande parcela da população explicar-se-ia por deficiências inerentes a personalidade desses indivíduos, acreditando-se que mudando-os, mudar-se-iam também as condições de vida pela qual passavam.

Em meio ao negro período de ditadura miliar pelo qual o pais passou até o final do século passado, a miséria e as carências sociais passam a ser entendidas à luz do pensamento marxista, onde os problemas sociais explicam-se pelas injustiças inerentes ao capitalismo, eis que o sistema de dominação e exploração do trabalho da classe operária, com a consequentes fixação desta em permanente situação de pobreza, é condição própria de tal sistema.

Desse modo, este trabalho visa demonstrar a evolução do pensamento em Serviço Social, desde seus primórdios no Brasil, até os dias atuais, especialmente no final do século passado, onde entendendo o processo de injustiça social gerado pelo capitalismo, a profissão finalmente entende que seu objeto esta justamente na busca pela eliminação senão da diminuição dos efeitos das tais injustiças.

TRANSFORMAÇÕES IMPORTANTES OCORRIDAS NA PROFISSÃO NO PERIODO ENTRE 1937 A 1999.

No princípio deste período o Serviço Social, enquanto profissão, desenvolve profundas e importantes mudanças, constituindo-se em verdadeiro salto de qualidade. No início deste período a profissão pretendia que as pessoas fossem moldadas de acordo com os princípios religiosos no qual estava totalmente imersa, disseminando o princípio cristão de submissão a autoridade, com resignação e conformismo.

De fato, nos primórdios da profissão o homem era visto apenas e tão somente como o objeto de trabalho do Serviço Social, sempre apontando-o como culpado pela situação desfavorecida pela qual passava, enquanto pregava que se este aceitasse submeter-se a rígidos princípios ideológicos, decorrente de práticas doutrinárias extraídos dos princípios cristãos, poderia, por si só, sair da situação de pobreza e miséria na qual estava inserido.

Felizmente, ao atingir o crepúsculo do século XX passa a assumir uma postura marxista, entendo que a forma de produção social é a principal causa das desigualdades. Por si só os homens não são desiguais mas a forma de produção e distribuição do produto social é que fomenta as desigualdades. Este injusto modo deprodução deve ser reproduzido afim de que o sistema possa se perpetuar, levando a um agravamento cada vez maior das desigualdades sociais.

SERVIÇO SOCIAL EM CONFORMIDADE COM AS CONJUNTURAS POLITICA E SOCIOECONOMICAS DO PAIS

Historicamente a profissão tem adotado teórica ou fortemente ideológica para nortear sua intervenção junto a sociedade. Tanto é que, no inicio do Serviço Social em nosso pais, tinha-se como objeto em foco o homem carente, pobre e analfabeto, residente nas periferias, pregando que este homem era incapaz, por si só, de romper todas as dificuldades, supera-las e migrar para as classes sociais mais favorecidas.

Por isso, o objeto do serviço social inicialmente era este homem, acreditando que fosse possível forja-lo, manipula-lo, de forma a torna-lo adequado aos padrões ideologicamente estigmatizado. Na época, a profissão acreditava que poderia incutir no homem inserido nos processos de pobreza valores que pudessem conduzi-lo a uma vida melhor, olvidando dos inúmeros elementos subjetivos e intrínsecos que acabam por determinarem características pessoais do individuo.

Assim sendo, entendia-se que, pela sua própria natureza, o homem submetido a situação de pobreza não poderia ascender a melhores situações. Além da propalada incapacidade pessoal do individuo este ainda estava imerso em um conjunto de situações que levavam a necessidade de uma intervenção profissional.

DOCUMENTO DE ARAXÁ E A APRESENTAÇÃO DOS FUNDAMENTOS DA PROFISSÃO PARA A ÉPOCA.

No 1º Seminário de Teorização em Serviço Social, ocorrido na cidade de Araxá/MG entre os dias 19 a 26 de março de 1967 a questão do esclarecimento sobre o objeto do Serviço Social é mais uma vez trazida a lume, sendo acordado alguns dos princípios norteadores da profissão, quando incumbe ao atuante na profissão a participação no processo de criação, reformulação e adequação das políticas sociais. Ainda que haja participação popular neste processo, através do planejamento do Serviço Social.

Além disso, segundo o documento, cabe ao profissional a promoção e participação em pesquisas que avaliem as políticas que estão sendo adotadas para intervir em determinada realidade, afim de que haja aferição dos resultados efetivamente obtidos.

Por fim, afirmou a responsabilidade da profissão em atuar junto ao atendimento direto através de trabalho com indivíduos, proporcionando método corretivo, preventivo ou promocional.

CBISS. Teorização do Serviço Social: Documento de Araxá, Teresópolis e Sumaré – RJ. Agir Editora, 1986.

DÉCADA DE 70 E MOBILIZAÇÃO POPULAR CONTRA A DITADURA MILITAR.

Em meio aos movimentos sociais que lutavam contra o fim da opressão da ditadura militar no Brasil, o Serviço Social acaba por rever seu objeto e o define como o de transformação social. Embora seja este um objetivo que jamais poderá ser atingido por esta ou qualquer outra profissão, uma vez que só forças político-partidárias é que efetivamente podem promover transformações importantes.

Em realidade, o que o Assistente Social realmente sentia, naquele momento, era a necessidade de maior aproximação com as classes subalternizadas e submetidas a exploração pelo capital.

É exatamente este posicionamento que tem marcado os debates no Serviço Social até os dias atuais. De fato a profissão passa a conduzir-se pela orientação marxista, abandonando a idéia de transformação social como objeto profissional e, em seu lugar, adotando as expressões da questão social.

O QUE DEVEMOS ENTENDER COMO QUESTÃO SOCIAL?

A questão social está ligada ao que decorre da injusta relação entre capital e trabalho, de forma que é decorrência do modo capitalista de produção. Relaciona-se com o processo de formação da classe operária e de seu desenvolvimento. Esta classe ingressa definitivamente no cenário político e exige seu reconhecimento como classe, cobrando atuação

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