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O Brasileiro e seu corpo

Por:   •  8/12/2018  •  4.872 Palavras (20 Páginas)  •  299 Visualizações

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A colonização das terras descobertas se tornou possível através da fazenda (sesmaria), tornando-se, a mesma, a mesma, instituição social básica e modelo de um empreendimento econômico, político e sócio cultural, baseado na grande propriedade (portugueses), no trabalho escavo (índios e africanos) e na monocultura (açúcar, etc..). Surge um sistema “oligárquico”, que deita as suas raízes em todo o processo de nosso desenvolvimento histórico.

É neste cenário que o Brasil, como parte da chamada civilização ocidental nasce e cresce. O colonizador português, produto de um regime feudal decadente, aqui se instala submetendo o índio e, em seguida, o negro. O processo de “transplantação da cultura (aculturação) metropolitana no Brasil de se da através de traços de brutalidade sobre as comunidades primitivas e escrava”. A formação étnica brasileira se faz basicamente a partir destes três elementos: o branco português, o indígena nativo e o negro africano.

O que houve foi um rearranjo e uma consequente transferência de nossa dependência de nossa dependência (neocolonialismo) para potências emergentes, de um capitalismo que cada vez mais se transforma, de uma aparente saudável e livre concorrência (liberalismo clássico), a uma progressiva tendência imperialista, monopolista e “selvagem” (liberalismo radical), dominada no século XX por tristes e cartéis controlados por pouquíssimo grupo e pessoas. Era um “pode político organizado em bases independentes, mas que camuflava uma dependência econômica baseada no capitalismo”, e levado na sua primeira fase, ”a um transplante de gente, de técnicas ou instituições sociais e ideais de vida na Europa(...).

Ao longo do processo histórico dos países de capitalismo perifeérico, se concretiza e se estabelece não só uma relação interna de dominação de certos grupos sociais (dominados e oprimidos), como também uma relação externa de dependência econômica, com reflexos políticos e sociais, onde os chamados países do capitalismo central exercem uma exploração econômica sistemática sobre os países periféricos. No caso brasileiro, tais relações tolhem decisivamente a nossa capacidade de dinamização e autonomia, como meta de uma relativa independência que nos permita um crescimento social e humano condizente com a própria evolução e conquista da sociedade contemporânea como um todo.

O coronelismo, que representa esta oligarquia, desenvolver-se, atingido o seu auge após a Proclamação da República. Mais tarde, com o início do processo de industrialização (a partir da revolução de 1930), o coronel vai perdendo sua força, sem deixar de continuar (até hoje) desempenhando um papel importante na estrutura sócio -político –cultural da sociedade brasileira, Politicamente o coronelismo, fenômeno tipicamente rural, vai sendo substituído por um fenômeno social mais urbano: o populismo que passa caracterizar a nossa sociedade até o inicio da década de 60.

Neste período uma crise econômica e a expansão crescente de corrente progressistas e democráticas provocam uma aliança conservadora burguesa-militar (1964), que assume o comando político e econômico da nação.

Após a 2º Grande Guerra Mundial, uma nova estrutura começa a dar forma à pirâmide atual em que pode ser representada a sociedade de classes no Brasil, tendo no seu ápice a alta burguesia, na sua base a classe trabalhadora (proletariado), e entre essas duas classes antagônicas, a classe média, com suas peculiaridades contraditórias, já que tendem tanto ao aburguesamento (pela enorme ambição de ascensão social) como à proletarização (pela impossibilidade de superar a infraestrutura econômica do sistema através apenas do desejo e do esforço social).

É a partir do século XVIII que alguns pensadores começam a cunhar um significado mais moderno à palavra classe. No século XIX ela já é usado por Adam Smith, o grande mentor do liberalismo clássico. Mas é com Karl Marx (1918-1883) e Friedrich Engels (1820-1895) que o estudo sobre as classes sociais se aprofundam definitivamente, trazendo à baila aquele que seria o ponto central na discussão sobre a estratificação social: a luta de classes.

Na visão marxista toda sociedade é determinada por sua infraestrutura econômica, e , quando vigora o vigora o regime capitalista, essa sociedade tende a uma divisão em duas camadas fundamentais: classe dominante ou burguesia, representada pelos proprietários dos meios de produção, que controlam tudo o que é produzido materialmente numa dada relação social de trabalho; e a classe dominada ou proletariado, formado por todos aqueles que vivem exclusivamente de seus salários, advindos da venda de sua forca de trabalho necessário à sua subsistência.

O trabalhador, que concretamente dá origem ao produto através de sua força, apenas cede ao capitalista o direito de uso do seu corpo em dia de trabalho em troca de um salário. O proletário vive (ou sobrevive) da força de seu trabalho, enquanto que o empregador vive do trabalho do proletariado. E nesse “liberalismo radical”, estabelece-se uma relação de dominação e exploração entre o capitalista e o trabalhador. Não é o trabalhador que enriquece o homem, mas sim o capital. Aquilo que deveria ser a grande fonte de riqueza (mãos do trabalhador) transformasse em fonte de pobreza, dependência e exploração. O sistema capitalista gera uma grande injustiça social, justificando, por si só, a luta de classes.

É necessário diferenciar o que é interesse de classe, e o que é o desejo das pessoas enquanto sujeito ou subjetividade. Não se pretende com isso dar um peso determinante ao indivíduo na sua relação com a sociedade, ou seja, sobrepor os valores individuais à realidade social (individualismo, mas também não se pode esquecê-los ou negá-los, como aspectos que são de um mesmo campo). Concordo com o pressuposto básico que considera a consciência humana fundamentalmente determinada pela infraestrutura social, mas concordo também com Moacir Gadotti quando diz que “o marxismo ao criticar o idealismo Hegeliano faz uma injustiça AA dialética, pois nega, mesmo que de forma determinada, a influência da consciência sobre a estrutura”.

Precisamos entender a questão da ideologia. É justamente com o propósito de camuflar a luta d classes, que a burguesia elabora toda sua política de dominação, baseada numa ideologia que, pelo seu poder, permeia em maior ou menor grau toda sociedade, isto é, atravessam de certa forma todas as classes sociais. Toda a instituição quer sejam elas representadas pelo Aparelhos Ideológicos de estado ou mesmo pelos Aparelhos Repressivos, existe sempre, em potência

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