Antropologia: A Linguagem como Produto e Condição da Cultura
Por: Kleber.Oliveira • 15/12/2017 • 4.276 Palavras (18 Páginas) • 456 Visualizações
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Franz Boas estabelece uma tradição holística nos EUA, no início do século XX, nessa altura a antropologia era concebida em quatro vertentes:
Arqueologia,
Física ou biológico
Antropologia linguística ou linguística antropologia, e
Etnologia ou antropologia sociocultural.
O processo de investigação antropológica obedece a um modo de abordagem de problemas sócio – culturais e as suas respostas, assim a antropologia linguística usa o método etnográfico ou o trabalho de campo através da técnica de investigação – a observação participante.
Segundo VELASCO & DIAS apud MARTINEZ (2009:29), “trabalho de campo é um método de investigação sócio cultural, um conjunto de procedimentos e regras para produzir e organizar conhecimentos”.
Neste aspecto, Antropologia linguística vai ao terreno observar, analisar, verificar como realmente a língua é falada. A observação participante é co-participação consciente e sistemática, tanto quanto as circunstancias permitirem, nas actividades comuns de um grupo de pessoas e, se necessário nos seus interesses, sentimentos e emoções. O propósito deste método é obter dados sobre o comportamento através de contacto direito e em situações específicas.
Origem e desenvolvimento da Antropologia Linguística segundo os postulados de Boas, Sapir e Whorf.
Antropologia linguística surgiu, inicialmente, da necessidade que os antropólogos tiveram de aprender as línguas dos povos que estudavam. Foi realmente importante o estudo da linguística empreendido pelos antropólogos, pois trouxeram a superfície muitas línguas ainda desconhecidas pelos filólogos.
Batalha analisa antropologia linguística foi iniciada sobretudo por americanos, como Edward Sapir e Benjamin Lee Whorf, na primeira metade do século XX. Estes foram os autores da conhecida hipótese Sapir-Worf”. Para estes autores, ( Sapir-Worf ) a organização cognitiva dos indivíduos é determinada pela sua língua e cultura. Ao estudar as línguas de diferentes grupos de índios norte-americanos, concluíram que cada uma dessas sociedades possuía um sistema de organização cognitiva do mundo determinado pela natureza da sua língua.
Bernardi afirma que Malinowski tem mérito de ter sido o primeiro antropólogo a conduzir uma pesquisa na língua local, foi também o primeiro a viver, durante todo tempo do seu trabalho, no centro da vida local.
Como resultado da sua experiencia e ensinamentos, o estudo da língua local é hoje considerado como pressuposto de toda a pesquisa antropológica seria.
Segundo BATALHA (2004), “ a Língua é o principal meio de codificação e transmissão de cultura e a língua reflecte em muitos aspectos, o fenómeno dinâmico da cultura e o segmento dos seus elementos proporcionam a chave para compreender as mutações e as variações culturais”.
O estudo da língua inclui também a literatura oral, gnómica e narrativa, como os provérbios, mitos e as fabulas, tendo em conta com o significado que os indivíduos atribuem a sua cultura e que varia de cultura para cultura.
Segundo DURANTI (1997:25),
“Para entender o papel especial dada ao estudo de línguas na tradição boasiana, devemos voltar para o momento em que a antropologia tornou-se uma profissão em EUA, no período entre as últimas décadas do XIX e as décadas do século XX século. Nesse tempo, o estudo do American Indian línguas surgiu como uma parte essencial da pesquisa antropológica”.
John Wesley Powell foi fundador do Bureau de Etnologia, mais tarde renomeado Bureau de Etnologia Americana (BAE), apoiado, através de doações do governo dos EUA, e na crença de que através da recolha de vocabulários e textos de línguas indígenas americanas, poderia ser possível reconstruir suas relações genéticas e assim, ajudar a classificação das tribos Índio - Americanas.
Boas, ficou fascinado pelas estruturas gramaticais de Chinook e outras línguas da costa noroeste americana logo no início sua carreira, aproveitou a oportunidade para trabalhar a BAE e editar o Handbook of American Indian Language. Embora Boas, um difusionista, era bastante céptico em relação a possibilidade de utilizar línguas para reconstruir relações genéticas e tentou transmitir aos seus alunos uma paixão para os detalhes da descrição linguística e a convicção de que as línguas eram uma importante ferramenta para o estudo da cultura, especialmente porque as categorias e regras de linguagem são largamente inconsciente e, portanto, não sujeito a racionalizações secundárias.
Além disso, este autor ficou comprometido com o que mais tarde ficou conhecido como salvamento da antropologia, que é a documentação de línguas e tradições culturais que parecia à beira de desaparecer. Através de sua escrita e ensino, trouxe Boas rigor científico a descrição linguística e ajudou demolir uma série de estereótipos infundados sobre os idiomas que foram então chamados primitivo.
Em 1889 no seu artigo intitulado “sons alternados”, Boas argumentou que a visão comum de que os falantes de línguas indígenas americanas eram menos precisos em sua pronúncia de falantes de indo-europeu, línguas era falsa e, provavelmente, devido à falta de sofisticação linguística daqueles que haviam tentado descrever essas línguas indígenas, torna consistente com seu relativismo cultural e acreditava que cada idioma deve ser estudado em seus próprios termos, em vez de acordo com algumas categorias predefinidas com base no estudo de outros, línguas geneticamente não relacionados por exemplo com o latim e forneceu uma visão geral das categorias gramaticais e unidades linguísticas necessárias para a análise de línguas indígenas americanas e argumentou contra generalizações que obscurecem as diferenças entre idiomas.
Ele listou uma série de categorias gramaticais que são susceptíveis de serem encontradas em todas as línguas, enquanto apontando para fora que o conteúdo material das palavras (o significado de itens lexicais) é a língua - especial e que as línguas podem ser classificadas de formas diferentes.
Foi Edward Sapir que, mais do que qualquer outro dos alunos de Boas, que desenvolveu o interesse em sistemas gramaticais e seu potencial implicando para o estudo da cultura e treinou uma nova geração de especialistas de línguas indígenas americanas como: Maria Haas, Morris Swadesh, Benjamin Lee Whorf, Carl Voegelin. Ele também
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