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A FORMAÇÃO DO PROFESSOR DE EDUCAÇÃO FISICA

Por:   •  14/5/2018  •  2.962 Palavras (12 Páginas)  •  386 Visualizações

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Nesse modelo o poder assume, frequentemente, formas perversas, pois essa mesma epistemologia que concebe o ser humano como dotado de um "saber de nascença", conceberá também, dependendo das conveniências, um ser humano desprovido da mesma capacidade. Assim, pode-se esperar que uns nasçam para aprender, e aprendem facilmente; outros não nasçam para o estudo e, se fracassam, o fracasso é só deles. O sucesso ou fracasso depende quase exclusivamente do talento, aptidão, dom ou maturidade dos sujeitos. Consequentemente, o desempenho dos alunos na escola deixa de ser responsabilidade do sistema educacional.(NEVES, 2016).

Como o fracasso é mais comum entre as camadas sociais mais desfavorecidas: os mal-nutridos, os pobres, os marginalizados, pode-se pensar que isso ocorre porque lhes falta bagagem genética adequada, o que –como já foi visto- representa um álibi para que o sistema educativo e a escola se eximam de suas responsabilidades (NEVES, 2016).

Apesar de paradoxal, essas duas teorias com bases epistemológicas completamente diversas podem levar a práticas e efeitos semelhantes do ponto de vista pedagógico. Para o racionalismo, se as estruturas são, de fato, pré-formadas e não fruto da ação do sujeito sobre o mundo objetivo e do mundo objetivo sobre o sujeito, não há por que apelar para a atividade desse sujeito (NEVES, 2016).

A Educação Física encontra-se atualmente mergulhada em alguns preconceitos que são responsáveis pelo seu baixo status profissional. Esta situação tem raízes na origem da Educação Física no Brasil e seus reflexos nos cursos de formação profissional que ocorriam na Licenciatura, cuja formação estava ligada diretamente ao âmbito esportivo e não ao processo de escolarização. Formaram-se então técnicos desportivos ao invés de professores (GHILARDI, 1998)

Em se tratando da formação do professor de Educação Física cabe ressaltar que com a proposta da Resolução CFE 69/69 se tinha um currículo mínimo de 1800 horas, fechado em conhecimentos determinados, mas com a Resolução CFE 03/87 este foi ampliado para 2880 horas.

A Educação Física deu um grande salto de qualidade organizando o seu conteúdo por áreas de conhecimento como do Ser Humano, da Sociedade, Filosófico e Técnico, conferindo ao(s) curso(s) de Licenciatura e Bacharelado (criado a partir desta resolução, visando o campo de intervenção não escolar) uma grande flexibilidade. Embora, em muitos cursos de Educação Física, se adotou o "conceito" de Licenciatura ampliada, em virtude da abrangência do seu campo de atuação, prevaleceu a idéia de se constituir um corpo de conhecimento que desse maior legitimidade à própria profissão em seu processo de profissionalização. Com a Resolução CNE/CES 7/2004 procurou-se "corrigir" alguns limites da Resolução CFE 03/87, buscando, inicialmente, delimitar o que se entende por Educação Física, enquanto uma área acadêmico-profissional (BENITES et al, 2016).

Art. 3º - A Educação Física é uma área de conhecimento e de intervenção acadêmico- (BENITES et al, 2016).

Portanto, delimitou-se uma área e propôs-se um redimensionamento do seu currículo no processo de formação profissional, tendo sido estabelecido duas propostas. A primeira apresentou o Profissional de Educação Física como alguém que deve estar qualificado para analisar a realidade social e intervir acadêmico e profissionalmente nas diferentes manifestações do movimento. Com relação ao Professor de Educação Física, este foi visto como um profissional que também deveria estar qualificado, mas, prioritariamente, no âmbito da docência, tendo como orientação o conteúdo específico da Educação Física e o conteúdo pedagógico proposto na nova resolução. (BRASIL, 2002 e 2004) apud (BENITES et al, 2016).

Nesse contexto o Professor de Educação Física, aquele que possui mais experiência, está presente como facilitador e catalisador do processo de aprendizagem, mediando a relação do aluno com o conhecimento. Sua presença se faz absolutamente indispensável como o elemento organizador do contexto de aprendizagem, com vistas a facilitar o processo da construção das representações pelo aluno. Fica claro, então, que o Professor de Educação Física não é transmissor de conhecimentos, e sim aquele que prepara as melhores condições para que a sua construção se efetue. Ele está sempre, em seu esforço pedagógico, procurando criar Zonas de Desenvolvimento Proximal (ZDP's), isto é, atuando como elemento de intervenção, de ajuda. Na ZDP, o Professor de Educação Física atua de forma explícita, interferindo no desenvolvimento dos alunos, provocando avanços que não ocorreriam espontaneamente (NEVES, 2016).

Essas considerações esclarecem o fracasso das ações pedagógicas assentadas na concepção empirista de aprendizagem, as quais silenciam os alunos, isolam-nos e submetem-nos à autoridade do saber dos Professores de Educação. Ao contrário do que acontece com as ações pedagógicas fundamentadas no sociointeracionismo, visto que à medida que um conhecimento é elaborado significativamente, ele se torna estável e estruturado para o sujeito, ampliando assim sua zona de desenvolvimento, de forma que quanto maior for essa zona, maior é a probabilidade de problemas abordados pelo sujeito serem resolvidos por ele sem o auxilio de outros.

Vygotsky, dessa forma, resgata a importância da escola e do papel do Professor de Educação Física como agentes indispensáveis do processo de ensino aprendizagem e no desenvolvimento de sujeitos autônomos.

3 VIVÊNCIA DO ESTÁGIO

De acordo com Barni et al (2016) como o professor acaba valorizando de forma excessiva o rendimento através de medidas e avaliações na qual privilegia aqueles alunos que possuem melhores aptidões desportivas, colaborando com a competição e a formação de elites em detrimento dos princípios educacionais. A Educação Física acaba assumindo um caráter de treinamento ou adestramento do movimento corporal, onde a principal função é formar ao atleta capaz de realizar o gesto desportivo com máximo rendimento.

Muitos profissionais da área postulam a Educação Física como uma disciplina, no entanto, desenvolvem as aulas caracterizando-a como uma atividade. Limitam-se a comandar exercícios e atividades desportivas esquecendo da sua principal função como educador que é a elaboração e transmissão de conhecimentos (KOLYNIAK, 2000) apud Lorenz et al (2016).

O PCN (BRASIL, 1999, p. 156) descreve: A Educação Física precisa buscar sua identidade como área de estudo

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