Trabalho de Literatura Moderna
Por: SonSolimar • 12/9/2018 • 904 Palavras (4 Páginas) • 405 Visualizações
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Ele tratava seus funcionários dessa maneira; Madalena, uma mulher sensível, inteligente, bem articulada, tenta desmandar esse autoritarismo do marido nas terras de São Bernardo, e então ela acaba passando por cima das ordens dele, o que o desagrada. Então ela acaba sofrendo agressão, já que ele era brutal, e não aguentando a essa enorme pressão, ela acaba por cometer suicídio.
E então, ele decidiu escrever a sua saga, o seu percurso de frustrações. No início do livro é relatada a dificuldade de escrever uma história; ele pede ajuda a um jornalista, a um padre, porém eles transformam a linguagem do livro, em um linguajar muito rebuscado e literário. E ele alega que não precisava mais de ajuda, já que havia percebido que ninguém melhor que ele próprio, dono de uma vida brutal, ácida e com escassez de sentimentos nobres, para ser autor de sua narrativa. Por esse motivo, ele decide tomar para si sua própria história, relatando com uma linguagem não tão rebuscada, lapidada, sua saga de decepções de uma vida amarga.
O suicídio de Madalena representa a única pontada de amor que ele sentiu por alguém, e acaba por ver essa pessoa morta. Portanto, a única experiência pequena, rasa e artificial, de amor que ele vivencia, se mata por sua causa, pois não possuía a capacidade de amar, afinal era um homem seco, não um homem fértil para sentimento tão nobre quanto o amor. “Ele era seco, árido, como a terra que imprime isso na vida dele.”
Graciliano Ramos é um autor que trabalha muito com a questão da autodiegese, que é narrar sobre si próprio, é um narrador-personagem que conta sobre a sua própria história. Outros exemplos de livros dele que trabalham com esse tipo de narrador-personagem são Angústia e Infância, que são obras que trabalham com a subjetividade e com o olhar do próprio homem que sofre com os problemas da terra sobre sua vida.
Algo que pode ser considerado um personagem muito importante da história, além de Paulo Honório é a própria propriedade, que dá nome a obra, São Bernardo, pois é pelo fato da luta pela posse dela e pelo comando da administração da mesma, que gera as frustrações e a brutalidade de Paulo Honório. Pode-se considerar que o ambiente não é apenas o ambiente, ele é quase um personagem, já que influencia massivamente no trajeto de vida das pessoas imersas nele. O Cortiço, apesar de não ser uma obra pré-modernista, e sim realista, pode ser considerado um exemplo de obra onde o ambiente (o próprio cortiço) se destaca de uma forma muito intensa.
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