O TRABALHO DO ASSISTENTE SOCIAL NO ÂMBITO PREVIDENCIÁRIO.
Por: Salezio.Francisco • 11/4/2018 • 2.470 Palavras (10 Páginas) • 476 Visualizações
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Criseuda Freire é Assistente Social do INSS há mais de 20 e nos possibilitou essa imersão ao fazer profissional dentro da instituição. Ela começa relatando as contrariedades de uma forma geral existentes por parte dos usuários enquanto ao fazer desse profissional. Ela nos mostra como essas pessoas chegam até a instituição com uma visão messiânica de que o Serviço Social poderá ter mediante as demandas trazidas por cada um. Nos alerta que o nosso fazer precisa ser permeado por uma construção teórica que nos possibilite engendrar conhecimentos a fim de uma prática eficaz.
Percebemos na fala de Criseuda uma conexão direta com a categoria mediação exposta por Reinaldo Pontes (2011) dentro do Serviço Social que busca esse processo de reconstrução do objeto de intervenção profissional. Portanto:
A nossa herança positivista e liberal torna muito difícil, a já ingerente, tarefa de compreender ao Serviço Social como profissão, inscrita historicamente na sociedade capitalista. Mas, a compreensão da categoria de medição permite um aclaramento ontológico deste complexo processo social característico da profissão, porque nos instrumentaliza metodologicamente para vencer a força inercial que nos prende colocados a imediaticidade, permitindo-nos o movimento que ascende dos fatos (abstrato) ao real mediatizado (concreto pensado). (2011. P.11)
Entender o usuário em sua totalidade foi outro fator destacado por Criseuda, que nos coloca como o Assistente Social precisa acompanhar todo o processo do beneficiário desde a sua entrada na agencia até a sua saída. Entender sua busca pelo serviço e verificar o andamento de seu processo com as outras áreas da instituição, afinal muitas das respostas a serem dadas a respeito daquele usuário será solicitada por outros setores. Perceber como o profissional esta inserido em todas as etapas para ela é de fator fundante.
Outro aspecto a ser considerado esta intimamente ligado a intersetorialidade que o Assistente Social precisa exercer de forma a atender suas demandas, uma vez que as situações demandadas não atuam de forma isoladas e mostram – se extremamente conectadas, a questão social e suas múltiplas expressões não permite um quadro de isolamento aos fenômenos ali atendidos e requer uma rede sociassistencial fortalecida.
Contudo, a Assistente Social nos expõe que apesar do seu olhar iluminado teoricamente em meio ao que lhe é posto por vezes não consegue atender de maneira positiva as solicitações de seus usuários, pois institucionalmente trabalha com embargos legais e limites institucionais o que desemboca numa relativa autonomia. Desse modo, ela nos exemplifica com um caso de uma segurada que foi atendida por ela, que encontrava – se acometida a uma doença que não lhe deixava em situação extrema, mas estava impossibilitada ao trabalho, porém não havia como requerer o auxílio doença porque sua contribuição junto a previdência social só somava seis meses e para o direito ser assegurado deveria ter uma contribuição de no mínimo 12 meses.
Desse modo verificamos que a profissão esta inserida dentro da divisão sócio- técnica do trabalho e possui traços característicos por estar inserida dentro do sistema capitalista. Sendo assim Reinaldo Pontes (2011) analisa o seu desvelar o profissional alinhado as tipificações fomentadas por esse sistema do capital. Para o autor:
O Serviço Social, na sua condição de profissão assentada na divisão sócio-técnica do trabalho, tipificada pelo surgimento da quadratura da ordem social burguesa monopolista, possui como traço medular: a característica de profissão interventiva. Considerando que a inserção da profissão na ordem capitalista consolidada e madura evoluiu, no sentido de uma diferenciação crescente e de um sincretismo prático, cultural e ideológico (Netto, 1992:90), proveniente de uma copiosa pluralidade das refrações da “questão social” nesta sociedade, é justo considerar que a intervenção do assistente social se coloca diante deste campo de mediações complexas, que se tornam tanto mais complexo, quanto maior for a quantidade de determinações histórico-sociais, constitutivas do seu tecido social. (2011. P.11; 12)
Criseuda afirma que mesmo diante aos limites exercidos por parte da instituição durante todo esse período de atuação consegue ver avanços. Onde ela verifica que até as terminologias utilizadas atuam como forma de avançar, quando substitui-se a concessão de direitos por reconhecimento de direitos, os termos foram modificados na instituição a fim de fomentar nos profissionais essa relação de que os segurados estão ali como sujeitos autônomos e detentores de direitos. Modificações numa escala crescente que reconhece o companheiro dentro de uma união estável como dependente, a aposentadoria por idade, hoje não é mais necessário que o usuário esteja contribuindo na data do requerimento, uma vez que já tenha cumprido seu período de carência. Alinhou – se ainda as pericias médicas a avalição social, tirando apenas da esfera técnica e passando compreender este sujeito dentro de uma macro realidade.
De acordo com Criselda Freire os profissionais do Serviço Social realizam palestras com idosos, pessoas com deficiência e profissionais da área da saúde, esclarecendo sobre seus direitos, benefícios e serviços. Internamente o trabalho é voltado para o repasse de informações previdenciárias, quando necessário realizam visitas domiciliares, hospitalares e para cada caso é utilizado um instrumental específico. Percebemos que tudo é limitado, para atender a grande procura dos usuários por benefícios, informações e outros, além da hierarquia existente que sinaliza as prioridades focadas nas demandas da instituição.
Desse modo, verificamos o fazer profissional sempre atrelado a essa relativa autonomia que o profissional traz consigo em meio a sua esfera profissional. Entender como se processa tal fenômeno faz se necessário para uma atuação concisa. Percebemos através da linguagem (instrumento básico da profissão), a ligação que há entre a teoria e a prática, no momento em que ela fala sobre essa relativa autonomia da profissão. Portanto conforme Iamamoto (2011):
Ainda que dispondo de relativa autonomia na efetivação de seu trabalho, o assistente social depende, na organização da atividade, do Estado, da empresa, entidades não governamentais que viabilizam aos usuários o acesso a seus serviços, fornecem meios e recursos para a sua realização, estabelecem prioridades a serem cumpridas, interferem na definição de papeis e funções que compõem o cotidiano do trabalho institucional. Ora, se assim , é a instituição não é um condicionante
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