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O Serviço Social na Contemporaneidade

Por:   •  1/5/2018  •  5.548 Palavras (23 Páginas)  •  276 Visualizações

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Um aspecto importante a ser considerado é o cenário em que se insere o Serviço Social hoje. É necessário hoje repensar a questão social, pois as bases de sua produção sofrem nos dias de hoje profundas transformações.

A classe trabalhadora se encontra polarizada, uma pequena parcela se encontra com um emprego estável, dotada de força de trabalho altamente qualificada e com acesso a direitos trabalhistas e sociais, enquanto uma grande parte da população se encontra com trabalhos precários, temporários, sem acesso a esses direitos. Grande parte dos trabalhadores deixa de ser um trabalhador especializado, isso inclui os/as assistentes sociais, e acaba exercendo múltiplas tarefas.

Vivemos hoje uma terceira revolução industrial, essas etapas desse desenvolvimento industrial envolvem uma ampla expulsão da população de seus postos de trabalho. Atualmente segmentos cada vez maiores da população se tornam desnecessários, e assim surge uma nova pobreza cujos indivíduos que dela fazem parte não têm mais lugar no mercado de trabalho, pois sua força de trabalho não te mais preço. As lutas sindicais se encontram fragilizadas e a defesa do trabalho acaba sendo dificultada diante do alto crescimento das taxas de desemprego.

Na sociedade brasileira esse quadro se agrava ainda mais, o desemprego – tanto o estrutural e o resultante das novas formas de tecnologia –, as relações de trabalho presididas pela violência, a luta pela terra, o trabalho noturno, o trabalho escravo, as relações clandestinas de trabalho, entre outros problemas, adquirem uma máscara de modernidade.

As transformações no mundo do trabalho também influenciam mudanças na esfera do Estado. O renascimento das propostas neoliberais afetam a sociedade de forma profunda, resultando no desemprego, no corte de gastos sociais, de uma formação de uma legislação anti-sindical e de um grande programa de privatização dos órgãos do Estado. Esse processo faz crescer a desigualdade social e suas expressões. Embora tudo isso ocorra, a proposta neoliberalista adquiriu uma grande hegemonia ideológica mundial, mas o neoliberalismo não consegue alcançar seus fins, ou seja, não alavanca a produção e nem amplia as taxas de crescimento econômico.

O resultado de tudo isso é um Estado cada vez mais submetido aos interesses econômicos e políticos dominantes, os sérvios sociais públicos são destruídos. O público é reduzido apenas aos interesses privados.

O presente momento desafia os/as assistentes sociais a se qualificarem cada vez mais para acompanhar e para explicar as particularidades da questão social diante desse cenário nas mais diversas esferas.

- As mudanças no mercado profissional de trabalho.

Essas mudanças repercutem no mercado de trabalho especializado. O encolhimento do Estado em suas responsabilidades e ações no campo social manifesta-se na deterioração da prestação de serviços sociais públicos. Isso trás para a sociedade civil parte das iniciativas para o atendimento das sequelas da questão social.

Surge uma tendência a refilantropização social, grandes corporações econômicas passam a se preocupar e a intervir na questão social dentro de uma perspectiva de “filantropia empresarial”. Não se trata da velha filantropia do século XIX, mas de uma filantropa que é resultado de um longo processo de privatização de serviços públicos. Ela é, entretanto incapaz de deter, ou apenas encobrir, a reprodução da pauperização, que nos dias de hoje atingem níveis de barbárie social.

A reforma da previdência é outro exemplo de como está sendo enfrentada a questão social diante desse quadro de privatizações, o governo pretende economizar fazendo uso da redução dos benefícios de uma parcela específica da população, transferindo à iniciativa privada uma grande parcela do mercado de investimentos do campo de seguros sociais.

Diante desse cenário fica de responsabilidade do Estado o atendimento aos setores mais pauperizados da sociedade. O atendimento das necessidades fica ligado às logicas de mercado, e o mercado por sua vez é excludente, subordinar a democracia ao mercado é o mesmo que impedir o mínimo de igualdade de oportunidades, o que seria papel da esfera pública. A esfera pública por sua vez se encontra destruída, o que afeta diretamente as condições de trabalho do Serviço Social, que tem o Estado como maior empregador.

Ocorre também nesse contexto uma desregulamentação das relações de trabalho e dos direitos sociais, que está ligada a necessidade de redução dos custos sociais do trabalho. Todo esse processo repercute no mercado de trabalho dos/das assistentes sociais de várias maneiras. Por exemplo, nas empresas, o Serviço Social sempre foi chamado pelas empresas para eliminar focos de tensões sociais, criar comportamentos produtivos da força de trabalho, viabilizando benefícios sociais e atuando em relações humanas na esfera do trabalho, porém nos tempos atuais essas demandas ocorrem sob novas condições sociais e, portanto, com novas mediações.

Para assegurar a qualidade do produto, a adesão do trabalhador as metas de competitividade e de produtividade da empresa se faz necessária. Atualmente o próprio trabalhador se adere ao processo, criando um clima favorável ao discurso de “participação” e da “qualidade”, mas essa lógica convive com a redução dos postos de trabalho, com as quedas dos níveis de empregos, com a perda de direitos sociais, entre outros.

Surge assim o trabalhador terceirizado, que é vinculado a empresas contratadas, e que não dispõem de direitos sociais trabalhistas, que tem seus empregos sem qualquer estabilidade e que exercem muitas vezes as mesmas funções que outro trabalhador que trabalha na mesma empresa e que goza de um trabalho mais estável e de direitos sociais e trabalhistas. Esse contexto afeta o/a assistente social, o profissional deve estar qualificado, não deve ser apenas executivo, mas crítico, pesquisando e decifrando a realidade.

- O ensino em Serviço Social e a construção de um projeto profissional nas décadas de 1980/90.

Uma nova proposta de currículo mínimo para Serviço Social foi aprovada durante essas décadas. A década de 80 ter sido de grande importância para a definição dos rumos técnico-acadêmicos e políticos para o Serviço Social. O projeto profissional foi amplamente discutido e construído por inúmeros segmentos de assistentes sociais no país nas últimas décadas, as diretrizes que nortearam esse projeto deram origem ao Código de Ética profissional do Assistente Social, de 1993,

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