O Golpe Militar de 1964 e a Contestação ao Autoritarismo
Por: Carolina234 • 12/6/2018 • 2.519 Palavras (11 Páginas) • 420 Visualizações
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2.1 Os fatores econômicos que motivaram a revolução:
Durante o governo de Juscelino Kubitschek, o Brasil passava por um dilema, pois era necessário investir nas indústrias de base para garantir a infra-estrutura necessária para alavancar o processo de integração nacional. Este dilema consistia em fazer uma opção por um modelo de se utilizar o capital privado nacional, o qual não possuía recursos suficientes para financiar um investimento tão grandioso e arriscado ao seu retorno, ou uma repactuação com o capital internacional para financiar o desenvolvimentismo brasileiro, mesmo que isso implicasse o aumento da dívida externa.
Pelo modelo que o Brasil passou a adotar após o golpe de 1964, era necessário calar a oposição, aqueles setores contrários ao desenvolvimento econômico sujeito às grandes potências mundiais e que impedia a participação da sociedade nas tomadas de decisão e que a ditadura seria a garantia aos investimentos realizados no país pelo capital privado internacional.
“ [...] o modelo de desenvolvimento emergente supunha um crescimento acelerado da capacidade produtiva do setor de bens de produção e do setor de bens duráveis e de consumo e, notadamente, um financiamento que desbordava as disponibilidades do capital nacional (privado) e estrangeiro já investidos no país.” ( Netto, José Paulo, 1991, p. 20)
2.2 A situação político - social no Brasil antes do golpe militar de 1964.
Durante o período do governo de Juscelino, ele conseguiu costurar os acordos políticos necessários para dar início à realização do plano de metas. Com o decorrer deste processo, juntamente com a necessidade de mais recursos para a continuação do programa, surge a crise na política, já citado anteriormente, e que vai enfraquecer a base política de sustentação do modelo desenvolvimentista, onde os representantes da democracia no congresso, seguram um descontentamento institucional – uma tentativa de golpe após a renúncia de Jânio Quadros.
Já no governo de João Goulart, há um incremento na representatividade de setores que antes não tinham vez na cena política brasileira, como é o caso dos sindicatos operários que mantinham com o governo um caráter pelego que favorecia a cúpula dessas organizações e se utilizava das massas em prol da situação, do governo ora no poder, os quais percebem a chance de influenciar politicamente de forma mais efetiva. Além disso, o governo de João Goulart tinha tendências reformistas para a área social e passa a contar com o apoio de segmentos comprometidos com a classe trabalhadora, setores da igreja católica, militares e intelectuais, mas esse alinhamento político não justificava uma possível ameaça aos interesses do capital externo e nem mesmo da burguesia.
“ [...] A consequência, a médio prazo, do que estava em jogo - não capitalismo ou socialismo, mas a reprodução do desen volvimento associado e dependente e excludente ou um pro cesso profundo de reformas democráticas antiimperialistas e antilatifundistas – poderia ser a reversão completa daquela particularidade da formação social brasileira; o significado desta reversão , numa perspectiva de revolução social, é óbvio.”
Não fosse o golpe militar que asfixiou um movimento de caráter democrático e social por condições de representação política, seria a oportunidade lançar as bases para, no futuro próximo, quebrar a influência burguesa no cenário político brasileiro.
3. Os efeitos sociais e políticas do golpe de 1964.
A sociedade brasileira buscava mudança na vida social, mas não foi o que acontecera, o desenvolvimento capitalista não trouxe transformações estruturais que se esperava. No Brasil esse desenvolvimento capitalista não se colocou contra o “atraso”, e sim se aproveitou para se consolidar em modos mais complexo, funcional e integrado.
O movimento político-militar de abril de 1964 representou, de um lado, um golpe contra as reformas sociais que eram defendidas por amplos setores da sociedade brasileira e, de outro, representou um golpe contra democracia política burguesa nascida em 1945.
Neste sentido, a seguinte formulação de Florestan Fernandes é aqui plenamente endossada:
“O que se procurava impedir era a transição de uma democracia restrita para uma democracia de participação ampliada, que ameaçava o início da consolidação de um regime democrático-burguês, no qual vários setores das classes trabalhadoras (mesmo de massas populares mais ou menos marginalizadas, no campo e na cidade) contavam com crescente espaço político.”
Este golpe significou uma exclusão das forças populares, da cidade e do campo, do processo de decisão politica, uma ação repressiva contra a politização das organizações dos trabalhadores, um estancamento do amplo e rico debate ideológico e cultural que estava em curso no país.
As classes dominantes e suas elites ideológicas e repressivas, no que antecede o golpe de 1964, apenas enxergavam baderna, anarquia, subversão e comunização do país diante de legítimas iniciativas dos operários, camponeses, estudantes, soldados e praças etc. Por vezes, expressas de forma retórica, tais demandas, em sua substância, reivindicavam o alargamento da democracia política e a realização de reformas do capitalismo brasileiro.
Este fato não queria dizer que estado brasileiro se opunha ou impeça o desenvolvimento da sociedade civil, ele atuava como um vetor de desestruturação, seja pela força(repressão) sobre as agencias que defendiam os interesses das classes subalternas, pela incorporação desfiguradora. O estado historicamente serviu como um eficiente instrumento contra a emersão das camadas sociais.
Entre os anos de 1961-1963, o sindicalismo brasileiro alcançou um de seus momentos de mais intenso, pois se comparado ao período de 1958 a 1960, sob o governo JK, haviam ocorrido cerca de 180 greves, nos três primeiros anos de Goulart foram deflagradas mais de 430 paralisações. Nesse período, diferentes organizações de coordenação dos sindicatos foram criadas. Embora proibida pela rígida legislação sindical então vigente, o Comando Geral dos Trabalhadores – CGT teve uma destacada atuação na cena política brasileira. Juntamente com outras centrais sindicais de menor vulto, o CGT foi responsável pelas primeiras greves de caráter explicitamente político na história brasileira.
O movimento estudantil também foi muito importante neste período através de sua representação maior, a
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