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O BRASIL NO TEMPO PRESENTE

Por:   •  27/11/2018  •  6.024 Palavras (25 Páginas)  •  375 Visualizações

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Senão vejamos!

1º A ARQUITETURA DO GOLPE EM PROCESSO, A ENCARNAR A PERVERSA LÓGICA DO CAPITAL DE SAÍDA DA CRISE

O chão histórico em que se implanta o Golpe 16 é o CHÃO DA CRISE.... É A CRISE BRASILEIRA CONTEMPORÂNEA... De fato, como sustenta Naomi Klein (2016), em suas formulações da “Doutrina do Choque”, as ideias e proposições neoliberais aproveitam-se de momentos de crise para avançar e radicalizar-se. No entanto, é preciso esclarecer de que CRISE ESTAMOS A FALAR, NESTE TEMPO HISTÓRICO BRASILEIRO DA SEGUNDA DÉCADA DO SÉCULO XXI.

Antes de tudo, esta crise brasileira contemporânea é o ESGOTAMENTO DE UM MODELO DEPENDENTE DE AJUSTE DO BRASIL AO CAPITALISMO MUNDIALIZADO: MODELO RENTISTA-NEOEXTRATIVISTA, em construção ao longo de 27 anos da experiência de ajuste brasileiro e que, especificamente, consolida-se nos treze anos de governos petistas, mediante um PACTO CONCILIATÓRIO DE CLASSES. Concretamente, tal pacto se materializou, por um lado, no apoio irrestrito aos interesses do capital, em suas composições orgânicas, notadamente o capital rentista com o capital do neoextrativismo e, por outro lado, na inserção pontual dos segmentos populares via políticas de enfrentamento à pobreza, alterando o próprio tecido social brasileiro, com a ascensão de segmentos dos setores populares pela via do consumo. É o chamado MODELO DE AJUSTE PETISTA EM QUE “TODOS GANHAM”, claro, ganham de forma extremamente desigual, mas “todos ganham”.

Em um contexto internacional desfavorável e em um cenário de crise, este modelo rentista- neoextrativista, na versão petista da conciliação de classes, esgotou-se, fechando um ciclo de ajuste. E, então, as elites burguesas para manter suas taxas de lucro e de acumulação, em tempos de crise, deflagram um Golpe de Estado, depondo a presidenta democraticamente eleita. De fato, as elites não mais se satisfizeram com o chamado “social liberalismo petista”, efetivando um Golpe para impor o neoliberalismo mais violento e brutal.

Em meio à crise do modelo de ajuste e a ruptura do pacto de conciliação de classes, tem-se uma CONFLUÊNCIA DE CRISE ECONÔMICA e de CRISE POLÍTICA, criando as condições para o “Golpeachment”.

Adentrando especificamente na CRISE POLÍTICA, trata-se de uma CRISE SISTÊMICA, a atingir dimensões estruturantes. Cabe destacar dois elementos decisivos na configuração dessa crise política sistêmica:

1 - A CAPTURA DA DEMOCRACIA PELO PODERIO ECONÔMICO, PELAS FORÇAS DO CAPITAL. As grandes empresas, os representantes do rentismo passaram a controlar a democracia, difundindo-se mecanismos de corrupção, provocando um descrédito não só na política, mas no campo político. É um controle social do Estado pelo mercado, fragilizando a democracia, capturada pelos interesses do capital.

2 - A CRISE NA RELAÇÃO FUNDANTE ESTADO- SOCIEDADE, EXPRESSA NO CRESCENTE DISTANCIAMENTO ENTRE ESTADO E SOCIEDADE CIVIL, EM SUAS EXPRESSÕES CONTEMPORÂNEAS. Este distanciamento bem se revela nas “Rebeliões de 2013” que encarnam múltiplas inconformidades, oposições e resistências ante políticas e posicionamentos estatais, sem a devida consideração e resposta do Estado. Logo, esta crise na relação Estado- Sociedade já começa nos governos petistas e, hoje, acentua-se, de forma exacerbada, no governo dos golpistas usurpadores que, até aqui, é o GOVERNO TEMER, mas pode ser qualquer outro, desde que se comprometa com a agenda ultra neoliberal do chamado ajuste fiscal. É inconteste que este governo, gestado no Golpe 16, em meio a traições e pactos espúrios, impõe sua “governança de costas” para uma parte expressiva da sociedade civil que se contrapõe à sua agenda de contra-reformas, desmonte de direitos e desmanche de conquistas

Com efeito, em meio à crise do modelo de ajuste na versão petista e a crise política sistêmica, em suas múltiplas expressões no contexto democrático, é que o Golpe é processualmente construído, irrompendo com o Impeachment e o assumir do governo pelos setores golpistas, consubstanciado no Governo Temer.

Em verdade, merece especial destaque a PESADA ARQUITETURA do Golpe de 2016, em curso em 2017. Esta arquitetura, com permanentes desdobramentos, MATERIALIZA UM PROJETO DAS CLASSES BURQUESAS DE ACIRRAMENTO DO NEOLIBERALISMO, COMO SAÍDA PARA A CRISE E RETOMADA DO CRESCIMENTO.

É preciso estar atento e vigilante para acompanhar e compreender esta PERVERSA ARQUITETURA DO GOLPE 16: “são Golpes dentro do Golpe! ”... São GOLPES CONSECUTIVOS, EM RITMO VERTIGINOSO. Os golpistas têm pressa em APROVAR MEDIDAS E OS CHAMADOS MECANISMOS DE AJUSTE FISCAL PARA EFETIVAR O PROCESSO CONTINUO DO GOLPE DE ESTADO.... É A PESADA OFENSIVA DAS ELITES, DAS FORÇAS DE DIREITA, NO SENTIDO DE COLOCAR O BRASIL EM PERFEITA COADUNÂNCIA COM ESTA ONDA DE ACIRRAMENTO CONTEMPORÂNEO DO NEOLIBERALISMO, A ATINGIR O MUNDO, NESTE CONTEXTO DE UMA CIVILIZAÇÃO DO CAPITAL EM CRISE!!! É o Brasil inserido no “tsunami neoliberal global”, pela via de um Golpe de Estado, com permanentes desdobramentos...

Um marco decisivo nas tessituras do Golpe é a “Operação Lava-Jato”, transmutada no centro da vida política brasileira. De fato a “Lava-Jato” e, sobretudo a percepção criada na sociedade sobre ela foram muito importantes para a deflagração do Golpe do Impeachment.

Nas engrenagens das tessituras golpistas é fundamental O PAPEL DA GRANDE MÍDIA, negócio privado e monopolista. Com efeito, mostrou-se e mostra-se, como decisivo na arquitetura do GOLPE, a ATUAÇÃO DA MÍDIA OFICIAL- TVS E JORNAIS- e, particularmente, da REDE GLOBO, a desenvolver o que Leda Paulani denominou de “Terrorismo Midiático”, no sentido de legitimar ideologicamente o Golpe 16, difundindo o pensamento golpista, com diferentes estratégias, em distintos momentos. E, a legitimação ideológica midiática acompanha todos os desdobramentos do Golpe em curso, em sua pesada arquitetura!... Com competência técnica e em versões peculiares para todos os gostos – desde o Jornal Nacional, Painel Globo News, Studio 1, passando pelo Faustão - a mídia global difunde o pensamento golpista onde tudo se justifica em nome do ajuste, do crescimento, da modernidade. São usadas todas as estratégias midiáticas, desde a espetacularização de determinados fatos e notícias até os pseudodebates com “especialistas” de uma mesma visão, a visão golpista! É o PODER MIDIÁTICO A INSTITUIR O MUNDO DA PÓS-VERDADE, a trabalhar com as emoções, através de um jogo em que os fatos efetivos e reais não contam; o que conta são os bytes de informação, as ideias que se lançam, que podem ser falsas

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