Essays.club - TCC, Modelos de monografias, Trabalhos de universidades, Ensaios, Bibliografias
Pesquisar

FUNDAMENTOS HISTÓRICOS E TEÓRICOS METODOLÓGICOS DO SERVIÇO SOCIAL

Por:   •  3/1/2018  •  31.829 Palavras (128 Páginas)  •  382 Visualizações

Página 1 de 128

...

No Brasil, o contexto sócio histórico influencia a prática do serviço social, que tem no golpe militar de 1964 um divisor de águas para a profissão.

Requisitou-se um rearranjo, uma revisão geral, que teve nos congressos de serviço social nacionais e internacionais, nos códigos de ética profissional, nas legislações sociais, um rompimento com a visão tradicional e conservadora impressa desde a gênese da profissão.

Sua inserção no âmbito da universidade, da pesquisa, o agregamento da teoria marxista, a conversa com as ciências sociais, reafirmaram o processo de renovação crítica.

O Movimento de Reconceituação – 1965-1975 – reconceitua o pensamento e a prática do assistente social, revisando sua ação e as tendências.

Esta renovação teve três vertentes: perspectiva modernizadora (Documentos de Araxá

1967 e de Teresópolis – 1970), reatualização do conservadorismo (Documentos de Sumaré

1978 e do alto da Boa Vista – 1984) e a intenção de ruptura (Método de BH – 1972/75 e INOCOOP).

A década de 1980 demonstrou o ápice revisional da profissão rompendo com o tradicionalismo. Os anos de 1990 imprimem uma nova visão de homem e de mundo sob a ótica da totalidade e da sua historicidade – ser histórico que é e faz história.

Novas demandas são colocadas para o serviço social, exigindo novas legislações e políticas, tendo a profissão na cena contemporânea sua direção voltada à defesa da classe trabalhadora e do trabalho, dentro do processo de reprodução da vida material e dos modos de vida; comprometido com a afirmação da democracia, a liberdade, a igualdade e a justiça social, lutando pelos direitos e a cidadania em direção do desenvolvimento social inclusivo.

Muitas viradas o serviço social vivenciou desde o movimento de reconceituação, dos congressos de serviço social que sistematizaram a prática, até a contemporaneidade, expressas nas unidades desta apostila e que podem revelar sua escolha por este curso.

Nesta unidade serão introduzidas as primeiras expressões sociais de desigualdade que necessitavam de respostas junto à população. Tais ações visavam sanar as mazelas sociais, pois a pobreza, em seus primórdios, era vista como uma disfunção social, um caso de polícia que necessitava de ações emergenciais mesmo que desprofissionalizadas.

O assistencialismo surgiu desde os primórdios da sociedade, nos primeiros agrupamentos sociais, como uma forma de resposta às expressões da pobreza, ao desemprego, à questão da criança e de outros segmentos.

A pobreza ocorre no mundo todo e, em especial, em nossa realidade brasileira, pois a própria colonização brasileira já expressava a desigualdade social e a necessidade de ações assistencialistas; a riqueza era privada e para poucos e se fazia necessário executar ações assistenciais para abarcar os empregados dos senhores de terra. Com a evolução de nossa sociedade, essa prática não só mudou como era efetuada de modos e maneiras diferentes, por meio de ações assistenciais da Igreja, instituições sociais, ações caritativas.

No capítulo dois, abordaremos a Revolução Industrial e seus impactos na sociedade contemporânea. A Revolução Industrial teve início na segunda metade do século XVIII, na Inglaterra, aonde veio modificar os modos e meios de industrialização.

O trabalho deixava de ser manual e rudimentar passando a ser técnico e mecânico. A Revolução foi dividida em três fases distintas.

O capitulo dois ainda contempla o advento do capitalismo como modo de organização societária e sua influência no serviço social. Nesse sistema, as relações se dão entre duas classes distintas: os que possuem os meios de produção e aqueles que necessitam vender sua força de trabalho. Introduz-se o pensamento de Karl Marx, cujas ideias e ideais expressam que as relações entre estas classes distintas produzem muito mais que riqueza e mercadorias: produz desigualdades sociais.

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM:

- Compreender o conceito de assistencialismo.

- Estudar as formas de assistencialismo.

- Compreender o impacto da Revolução Industrial para o Serviço Social.

- O assistencialismo

O conceito de assistencialismo estabelece uma linha tênue com o conceito de assistência, podendo muitas vezes esses ser confundidos ou mesclados.

O assistencialismo teve seu início em torno de 3000 a.C., quando era praticado no mundo antigo pelas confrarias, em especial as “Confrarias do Deserto”.

Em algumas de suas expressões, o assistencialismo é agregado a uma dimensão espiritual.

O assistencialismo é visto como uma técnica voluntária e espontânea de doação, ajuda ou favorece às populações menos favorecidas, uma ação filantrópica, na qual se procura proporcionar uma vinculação dos assistidos aos que realizaram tal benfeitoria sob o sentimento de gratidão, vínculo e tutela. Ao ser desenvolvido pelo Estado, suas ações visam à retribuição por parte dos assistidos, perdendo a intenção de ser um direito, devendo ser retribuído eleitoralmente.

O assistencialismo parte de uma concepção do senso comum, sem profissionalização, para o qual as ações tidas como de “assistência” não são compreendidas ou entendidas como um direito social e um dever do Estado, mas sim como uma prática paternalista e burocrática, reduzindo os serviços e ações prestadas a repasses e concessões apenas. Essa ação não é percebida muitas vezes pelos indivíduos, pois eles se veem como um objeto de determinada ação e não mais como seres sociais, dotados de capacidades e valores.

As ações assistenciais expressam, portanto, uma forma de acessar um determinado bem, expressão da benesse, através da doação intencional, que estabelece uma relação que apresenta duas pessoas ou partes distintas: um doador e um receptor. Essa relação, mesmo que permeada de boas intenções, acarreta a dependência, pois a relação de apadrinhamento pressupõe uma dívida, um devedor que mesmo em longo prazo deverá pagar sua dívida.

Em síntese nas práticas assistenciais, a necessidade se constitui em um objeto de ajuda, em uma dificuldade a ser eliminada,

...

Baixar como  txt (220.9 Kb)   pdf (325.9 Kb)   docx (124.6 Kb)  
Continuar por mais 127 páginas »
Disponível apenas no Essays.club