A Gerontologia Social - Demências
Por: kamys17 • 25/12/2018 • 3.957 Palavras (16 Páginas) • 490 Visualizações
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- Do ciclo de vida à Desvinculação
O ciclo de vida a nível biológico refere que existe uma deterioração a nível físico, bem como, e decorrente deste, uma diminuição das capacidades cognitivas, como a memória, capacidade e velocidade de resposta, entre outros. O que é certo é que se verifica um número crescente de idosos em que esta deterioração ocorre de forma mais lenta não havendo perdas tão acentuadas como ditadas pelo ciclo de vida biológico.
No que diz respeito ao ciclo de vida dos indivíduos, podemos afirmar que a fase que sucede à designada vida adulta é o envelhecimento ou fase adulta tardia, que é definida como a fase de vida dos indivíduos a partir dos 65 anos de idade. É nesta fase que se dá a desvinculação do indivíduo em diversos aspectos e na qual se dá a deterioração referida anteriormente.
A Teoria da Desvinculação define o processo pelo qual se dá a mudança na relação entre a sociedade e o idoso, tentando deste modo explicar o processo de envelhecimento (Marshall, 1999).
Esta teoria refere que o indivíduo idoso ambiciona uma redução dos seus contactos sociais. A continuidade da actividade de trabalho trás uma sensação de bem-estar e de utilidade, o que acaba por evitar o confronto com o fim de vida.
Para Cumming e Henry (1961), este é um processo no qual as pessoas se encontram menos inseridas no ambiente que as rodeia, havendo necessariamente uma diminuição das interacções entre a pessoa e o seu sistema social. Apesar deste ser um processo que pode ser iniciado pelo próprio, este resulta muitas vezes da acção que o sistema social impõe ao indivíduo, existindo assim um distanciamento entre os dois.
Para estes autores, as mudanças observadas neste processo dão-se: ao nível da quantidade de relações sociais observáveis; ao nível da qualidade destas mesmas relações ( existe um decréscimo do envolvimento); e, por último, uma alteração do próprio ser, isto é, da personalidade do indivíduo, havendo uma maior preocupação deste com o ele mesmo.
Podemos assim afirmar, com base na literatura referida, que este é “um processo inevitável durante o qual muitas das relações entre uma pessoa e os outros membros da sociedade são rompidas e aquelas que permanecem são modificadas qualitativamente” (Damianopoulos, 1961, p.211).
A redução das interações sociais leva a uma dificuldade no estabelecimento de novas relações visto que o afastamento do indivíduo da sociedade faz com que não haja uma base comum entre eles. Por outro lado, a desvinculação oferece ao idoso um maior sentimento de liberdade.
Assim, há uma transformação dos papéis sociais face ao ajustamento das novas condições de vida, como a reforma ou as relações familiares/sociais. Tudo isto acarreta vários problemas presentes numa sociedade, como a solidão, o isolamento, a dependência ou a demência.
- Demência
A nível mundial vários foram os avanços realizados ao nível da educação, saúde, higiene. Tudo isto potencia um estilo de vida mais saudável que acaba por resultar num aumento de esperança média de vida. Com isto, o número de idosos presentes nas sociedades tende a aumentar.
Actualmente, há um aumento da taxa de demência e consequentemente da dependência nas sociedades pois intrinsecamente ligado ao aumento da esperança média de vida e ligado ao envelhecimento, está a perda de vitalidade do organismo e uma maior predisposição a doenças.
Novamente, é comum associarmos a processo de demência ao envelhecimento. Os sintomas da demência não são resultado da idade avançada. A perda grave da memória não é uma consequência habitual do envelhecimento. Mais ainda, os sintomas são devidos a doenças do cérebro, que parecem ser mais comuns em pessoas mais velhas.
Enquanto a dependência é definida quando uma pessoa tem limitações físicas, psíquicas ou intelectuais que comprometem determinadas actividades, onde a pessoa é incapaz de existir de modo satisfatório sem a ajuda de outrem, necessitando de ajuda para as actividades de vida diária de forma a ajustar-se e readaptar-se com o meio (Sequeira, Carlos, 2007), segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), demência é como “uma síndrome, geralmente de natureza crónica ou progressiva caracterizada pela função cognitiva prejudicada (ou seja, a capacidade de processar o pensamento) além do que poderia ser considerado uma consequência do envelhecimento normal. A demência afecta a memória, o pensamento, a orientação, a compreensão, o cálculo, a capacidade de aprendizagem, linguagem e raciocínio. A consciência não é afectada. A função cognitiva prejudicada é muitas vezes acompanhada e, ocasionalmente, precedida, por uma deterioração do controlo emocional, do comportamento social ou da motivação.”
Assim, a demência consiste numa perda das funções mentais, geralmente associada com a idade avançada, sendo que envolve problemas com a memória e o raciocínio. A demência é definida como uma perda de capacidades mentais suficientemente grave para interferir com a capacidade de uma pessoa agir normalmente tanto no trabalho como em sociedade no seu quotidiano. É caracterizada por uma lacuna nas memórias de curto e longo prazo, e pelas alterações da personalidade devido a perturbações no discernimento e no julgamento. A demência é uma das maiores causas de mortalidade presente em todas as sociedades do mundo.
No que toca ao diagnóstico e causas, os sintomas da demência podem ser estáticos ou progressivos dependendo da doença que lhes está associada e do modo como é tratada. A demência estática é geralmente definida como consequência de uma única situação como um traumatismo ou um ataque cardíaco grave. A gravidade não aumenta, mantendo-se estável. Já a demência progressiva é caracterizada pela evolução no tempo. Este tipo de demência é encontrada em várias doenças cerebrais. É por isso um conjunto de sinais e sintomas que ocorrem de acordo com determinado padrão.
Em anexo seguem as tabelas 1, 2, 3 e 4. Nelas podemos observar o conjunto de actividades de vida diária cujos indivíduos com demência em fase inicial já têm dificuldade em realizar, um conjunto amplo de sintomas que caracterizam a demência, os sete estados (avaliados pela Estala Global de Deterioração e Avaliação Clínica de Demência), fazendo corresponder a cada um deles uma situação que o caracterize e, por último, as alterações psicológicas e comportamentais presentes na doença da demência, respectivamente.
O diagnóstico de demência
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