TCC PEDAGOGIA
Por: Evandro.2016 • 20/9/2018 • 4.673 Palavras (19 Páginas) • 399 Visualizações
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A pesquisa traz como tema a seguinte questão problema “Como a afetividade pode influenciar na aprendizagem das crianças no Ensino Infantil?” O tema do estudo foi escolhido porque se acredita que é inviável dissociar as dimensões cognitivas e afetivas nas crianças que adentram as instituições de ensino, sobretudo, se esta escola for de educação infantil. Observa-se que o desenvolvimento da afetividade, desde que bem trabalhado, contribuirá positivamente para o trabalho pedagógico na Educação Infantil e, consequentemente, o trabalho com o aluno realizar-se-á de forma plena. Assim, a pesquisa objetivou analisar teoricamente as relações estabelecidas entre a afetividade e o desenvolvimento cognitivo das crianças na Educação Infantil através de um estudo bibliográfico sobre o tema em questão. Embutidos a este objetivo geral o estudo também propôs a desenvolver os seguintes objetivos específicos: descrever o percurso histórico até a institucionalização da educação infantil no Brasil e seus fundamentos legais; levantar conceitos sobre afetividade e cognição apresentando as relações que se estabelecem entre os termos em crianças da Educação Infantil; identificar quais elementos que podem auxiliar a ação pedagógica no estabelecimento das relações afetivas com alunos das turmas de educação infantil; e identificar como se dá a construção da afetividade no espaço escolar de educação Infantil.
O estudo traz as definições e conceitos de afetividade e trata da relação da afetividade com o desenvolvimento cognitivo nas crianças e, sobretudo com a educação. Espera-se então, que este trabalho contribua para a sociedade e profissionais da educação, pois a essência desta passa pela afetividade e consiste em estabelecer vínculos capazes de interferir de modo positivo na aprendizagem.
2. DESENVOLVIMENTO
2.1 A afetividade e o desenvolvimento cognitivo das crianças
2.1.1 Conceito de afetividade
O primeiro conceito a ser apresentado deve ser o etimológico. Segundo Codo (1999, p. 58), a palavra afeto:
“[...] vem do latim affectu(afetar, tocar) e constitui o elemento básico da afetividade, conjunto de fenômenos psíquicos que se manifestam sob a forma de emoções, sentimentos e paixões, acompanhados sempre da impressão de dor ou prazer, de satisfação ou insatisfação, de agrado ou desagrado, de alegria ou tristeza. [...]”(CODO, 1999, P. 58)
Segundo Wallon (1998, p. 35), a emoção é responsável pela comunicação expressiva, feita de gestos, mímicas e atitudes. Continuando, este autor afirma que “com feito, as manifestações afetivas ou emotivas têm um poder aparentemente tão essencial que seus efeitos incluem-se entre os primeiros sinais de vida psíquica observáveis no lactante [...]”.
Outro conceito de afetividade que merece destaque é o que apresenta Der apud Mahoney (2004, p. 61) ao afirmar que:
A afetividade é o conjunto funcional amplo que, além de envolver um componente orgânico, corporal, motor e plástico, que é a emoção, apresenta também um componente cognitivo, representacional, que são os sentimentos e a paixão. O primeiro componente a se diferenciar é a emoção, que assume o comando do desenvolvimento logo nos primeiros meses de vida; posteriormente, diferenciam-se os sentimentos e, logo a seguir a paixão. A afetividade é o conjunto funcional que responde pelos estados de bem-estar e mal-estar quando o homem é atingido, e afeta o mundo que o rodeia. Ela se origina nas sensibilidades orgânicas e primitivas [...] (MAHONEY, 2004, p. 61)
Wallon (1998, p. 143) nos diz que “compete à emoção unir os indivíduos entre si através das suas reações mais orgânicas e mais íntimas; as emoções são exteriorização da afetividade”.
Ainda sobre a afetividade, Leite (1999, p. 103) declara que “os afetos fazem parte integrante da espécie humana. Nascemos com eles: como decorrência, não são idiossincráticos (exceto em casos patológicos). Tanto as emoções como os sentimentos suscitam o afeto”.
2.2 Relação da afetividade com o desenvolvimento cognitivo das crianças
A criança ou o adulto vai aprender porque tem interesse, uma necessidade associada com aquilo que se aprende. A aprendizagem vai se relacionar à produção de emoções: quem não consegue se envolver, não aprende. Por isso, a importância de se conseguir o envolvimento afetivo da criança com a aprendizagem.
Wallon (1998, p. 34) afirma que a separação em grandes conjuntos funcionais (afetivo, cognitivo, motor) se dá devido à necessidade de descrição e funciona como um artifício. Reiterando a afirmação de Wallon, Prandini (apud Mahoney 2004, p. 30) argumenta que “a divisão das funções pelos domínios, ato motor, afetividade e conhecimento satisfaz a uma necessidade de analisar, fragmentar, para compreender”.
Prandini (apud MAHONEY, 2004, p. 34) destaca ainda que:
[...] as funções classificadas no domínio da afetividade (emoções, sentimentos e paixão) têm sua gênese nos estados de bem e mal-estar orgânicos dos recém-nascidos, ou seja, nas funções do ato motor. É com base nestes estados orgânicos de bem e mal-estar que se desenvolvem as emoções. As emoções, consideradas base da afetividade, são processos orgânicos que motivam atividades do organismo [...].
Fortalecendo a ideia transmitida anteriormente sobre o estreito vínculo existente entre os diversos aspectos do desenvolvimento, é merecedora de destaque a seguinte afirmativa:
É no entrelaçamento com o motor e o cognitivo que o afetivo propicia a constituição de valores, vontades, interesses, necessidades, motivações que dirigirão escolhas, decisões ao longo da vida. O afetivo é, portanto, indispensável para energizar e dar direção ao ato motor e ao cognitivo. Assim como o ato motor é indispensável para expressão do afeto, o cognitivo é indispensável na avaliação das situações que estimularão emoções e sentimentos (MAHONEY, 2004, p 18).
Para Piaget (1991), a importância dos aspectos afetivos e cognitivos no processo ensino-aprendizagem é grande, sendo que as funções afetivas dizem respeito à necessidade de expressão, sendo necessário um desejo, revelando um querer, que se encontra circunscrito na afetividade. Não existem estados afetivos puros sem elementos cognitivos, e os últimos desempenham um papel fundamental nos sentimentos mais elementares quanto nos mais elaborados.
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