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O TRABALHO ESCOLAR SOB A PERSPECTIVA DA DIVERSIDADE

Por:   •  1/4/2018  •  2.318 Palavras (10 Páginas)  •  592 Visualizações

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De acordo com Candau (2012a), o Brasil possui desde suas bases uma heterogeneidade populacional e uma exclusão do outro devido as suas “diferenças”. Essa exclusão do outro, principalmente de grupos indígenas e afros descendentes, ficou intrinsecamente marcada e arraigada na sociedade, contribuindo para a discriminação, a exclusão e a proliferação dos preconceitos ao diferente. A não aceitação da diversidade também ficou marcada na educação, onde por vários anos, esta era direcionada apenas para os livres (não escravos), existindo ainda a diferença da educação direcionada aos mais e aos menos favorecidos, onde a educação gratuita é para os pobres.

Durante anos essas multiplicidades do Brasil ficaram esquecidas, ignoradas e camufladas das sociedades, o que criava a imagem de um país homogêneo e igualitário, sem diferenças, o que influenciou de forma negativa no âmbito educacional:

Historicamente, registra-se dificuldade para se lidar com a temática do preconceito e da discriminação racial/étnica. O País evitou o tema por muito tempo, sendo marcado por “mitos” que veicularam uma imagem de um Brasil homogêneo, sem diferenças, ou, em outra hipótese, promotor de uma suposta “democracia racial”. Na escola, muitas vezes, há manifestações de racismo, discriminação social e étnica, por parte de professores, de alunos, da equipe escolar, ainda que de maneira involuntária ou inconsciente. Essas atitudes representam violação dos direitos dos alunos, professores e funcionários discriminados, trazendo consigo obstáculos ao processo educacional, pelo sofrimento e constrangimento a que essas pessoas se vêem expostas. (Parâmetros Curriculares Nacionais - 1997, vol. 10, p. 20).

De fato, nosso país não está preparado para lidar com a diversidade, prova disso são as situações de preconceitos enfrentadas por muitos brasileiros em termos a sua etnia, classe social, religiosidade entre outras. Como disse a autora a escola tem sido espaço de disseminação de atitudes preconceituosas, atitudes estas presentes nos relacionamentos sociais em geral. A questão da etnia é bem clara e estão presentes no racismo velado que são vítimas muitos alunos negros.

- SOBRE A VALORIZAÇÃO DA DIVERSIDADE NO ESPAÇO ESCOLAR

As discussões sobre o reconhecimento das diversidades vêm se ampliando ao longo dos anos, principalmente no campo educacional, onde o “outro” – aqueles que não se encaixam na padronização, na uniformidade do sistema, aqueles que possuem hábitos diferentes, estão em posições sociais desiguais a “nossa”, com valores diferenciados, religião, etnia, tradições e valores – é descartado, desvalorizado e sofre preconceitos frequentemente e de diferentes formas.

Essa discriminação, como disse os Parâmetros Curriculares Nacionais – PCNs - pode ocorrer até de forma inconsciente, quando geralmente atribuímos a sucesso do aluno e o seu potencial as suas características sociais ou culturais, quando consideramos a qualidade das escolas segundo a origem dos alunos que a frequentam, quando nos dedicamos mais a certos alunos que acreditamos possuir “capacidade”,devido sua origem social. Assim, os alunos que são rejeitados, que não tem capacidade e não estão no “nível” dos demais, ou seja, que não se encaixa no padrão são apenas tolerados e meros espectadores que não fazem parte do todo, daquele grupo. Esses não possuem chances de avançar, já que são deixados de lado por necessitarem de um pouco mais de atenção, por darem trabalho. Seu papel é observar e tentar aprender, pois não há tempo a se perder com esse tipo de aluno.

A cultura escolar dominante em nossas instituições educativas, construídas fundamentalmente a partir da matriz político-social e epistemológica da modernidade, prioriza o comum, o uniforme, o homogêneo, considerados como elementos constitutivos do universal. Nesta ótica, as diferenças são ignoradas ou consideradas um “problema” a resolver (CANDAU, 2012b, p. 83).

Vertentes da psicologia e da sociologia da educação contribuíram para a construção do discurso sobre a diferença no campo educacional. Na primeira vertente, a diferença é entendida e referida como às características físicas, sensoriais, emocionais e cognitivas que definem cada pessoa. Na segunda vertente, a sociologia focaliza as variáveis socioeconômicas e os processos educacionais. Apesar desse avanço na construção do discurso sobre as diferença no campo educacional, as abordagens da psicologia e da sociologia trabalham de forma que as diferenças sejam superadas e não aceitas, pois o que se pretende é alcançar a homogeneização, a padronização (CANDAU, 2012b.).

As diferenças não devem ser entendidas como barreiras a serem superadas, problemas a serem resolvidos ou escondidos, ignorados e esquecidos por uma sociedade preconceituosa e discriminadora, onde só é aceito o que é conhecido. As diferenças devem ser entendidas e aceitas como característica de cada indivíduo, que tem o direito de ser diferente e tratado como igual perante a sociedade. A diversidade dever ser valoriza para que o outro não seja excluído.

Apesar de a discussão sobre o respeito à diversidade no campo educacional ser amplamente discutido na atualidade, a escola é um espaço onde a discriminação ocorre frequentemente, de maneira direta ou indireta, de forma voluntaria ou involuntária, consciente ou inconscientemente. Segundo Leite (2012), em uma pesquisa concluída em 2009 e realizada com 413 homossexuais, a escola foi o local mais apontando onde as vítimas sofriam discriminação, realizadas tanto por colegas (alunos), como por profissionais que atuam nas escolas.

Candau (2012b) acredita que no âmbito escolar, a múltiplas diferenças podem ser divididas em dois grupos. No primeiro as diferenças são relacionadas à desigualdade, são aquelas associadas a déficit apresentados por alunos, comparado ao ideal, ao normal, ao que é desejado pela escola. Pode está relacionado à desigualdade de ritmo, a deficiências sensório-motoras e mentais, diversidade no modo de aprendizagem, na personalidade, a deficiências de origem socioeconômica e cultural. No segundo grupo, as diferenças são relacionadas aquelas que apresentam um maior alvo de discriminação e preconceito comparado com o primeiro grupo. São elas as diferenças associadas a questões de identidades étnico-raciais, de opção religiosa, de gênero e de orientação sexual.

As diferenças com déficit (primeiro grupo) são entendidas como problemas a serem superados, afim de que seja alcançado um padrão estabelecido pela escola, o nível de ensino-aprendizagem que os defasados

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