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O Senso Crítico

Por:   •  23/10/2017  •  4.080 Palavras (17 Páginas)  •  324 Visualizações

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A partir destas premissas, podemos pela observação do comportamento humano estabelecer a influência do tipo de educação na formação do SENSO CRÍTICO.

Tanto a educação como a comunicação se apresentam como campos problemáticos e como objetos complexos, o que implica uma análise muito peculiar, principalmente se considerarmos que as duas se fundamentam em relação a conhecimentos em contínua interação social.1

Nesta tipologia, destacam-se dois sistemas distintos de educação:

1 - Educação para domesticação.

2 - Educação para a liberdade.

1 - UMA EDUCAÇAO PARA DOMESTICAÇAO

Neste as pessoas que ensinam aos outros são aquelas que têm conhecimento, e os que aprendem são como "recipientes vazios" que devem ser preenchidos com aquilo que as que estão ensinando têm. Este método de educar os outros se chama "concepção bancária", porque é semelhante ao que acontece num banco, quando se transfere dinheiro de uma pessoa para outra. A pessoa que está ensinando a outra, simplesmente transfere as informações que estão na sua cabeça para a cabeça da outra, sem que a pessoa que está sendo o "recipiente" possa questionar ou refletir sobre elas.

Este sistema evita despertar o senso crítico por parte do aluno. O aluno não sabe nada. A função dele é anotar e aceitar tudo para depois dar para os outros. Ele aceita as coisas como lhe são apresentadas e nunca desconfia que certas afirmações ou explicações possam não ser verdadeiras. Ele nunca vai procurar as verdadeiras causas das coisas erradas ao seu redor. Ele engole tudo.

A solução para todos os seus problemas é adaptar-se a uma realidade tal qual lhe é apresentada pela classe dominante que tem o poder e o dinheiro nas mãos. Para uma tal ideologia de dominação, tudo o que é verdadeiro e bom para as elites (as pessoas que têm o poder e o dinheiro) é bom para o povo. Não se deve questionar ou pensar. Deve-se aprender de memória, a fim de repetir textos que falam de um mundo imaginário. Assim, a pessoa fica alienada porque, enquanto fica num mundo de imaginação nunca vai descobrir as verdadeiras causas para resolver os problemas.

As experiências emocionais dos alunos e as formas de reagir diante das dificuldades são diferentes. Algumas vezes geram tensão, angústias, desgostos, sentimentos de incompetência, e como resultado, desmotivação e abandono da tarefa ou de todo esforço por tirar o máximo proveito.2

(1) BERGOMES G.. Comunicação/Educação na formação profissional, I Congresso Internacional sobre Comunicação

e Educação, São Paulo, 1998

(2) TAPIA, J.A. & FITA, E.C. . A Motivação em sala de aula: o que é, como se faz. São Paulo, Edições Loyola, 1999

Este sistema de educação produz o analfabeto político. Pode ser que ele saiba ler e escrever, mas em termos de política, de saber o que acontece na sociedade onde vive, é completamente tapeado. Ele é muito ingênuo para perceber o que acontece no mundo. Não sabe que o mundo está sempre mudando, que é preciso sempre examinar o que vem acontecendo na sociedade para ver se precisa de novas soluções.

Uma pessoa assim fica só no nível de uma teoria que pouco tem a ver com a realidade. Enquanto ela não percebe as causas reais das coisas erradas ao seu redor, não sente a obrigação de se mexer, de fazer alguma coisa para construir um mundo melhor. Ela sempre acha um pretexto para fugir da sua responsabilidade. Se ela é um cientista, fala que a ciência tem que ser neutra e não pode entrar na "política". E o mundo continua como o lugar onde muitas pessoas sofrem barbaridades nas mãos de poucos, porque ela acha que a ciência não tem nada a ver com isso. Na realidade, ela está usando a Ciência para manter a situação como está.

Neste sentido um grande intelectual pode ser mais alienado, mais tapeado no tocante ao que realmente acontece na sociedade do que um simples operário. O fato de ter um diploma não significa que tem a capacidade de ver as coisas como realmente são. Isso pode acontecer em qualquer setor da vida. Quantos pais são "doutores" mas incapazes de dialogar com os filhos, porque são incapazes de entender o mundo dos jovens. Querem impor a sua visão das coisas. Têm idéia fixa. O seu cérebro funciona igual a um toca-disco estragado. A agulha não sai do lugar e o disco continua repetindo a mesma coisa. O problema muitas vezes não é intelectual; é problema das emoções e da formação.

Colocadas na mira do poder hegemônico, proprietário dos vários capitais que movem a sociedade, essas culturas tecem seus movimentos de superação dos bloqueios e ataques sofridos, produzem seus valores simbólicos dentro do possível que a matéria da vida lhes conformou e organizam como linguagem paralela ( embora comunicante ) àquela outra que a escola, universidade e mais modernamente os meios de comunicação produzem. No mínimo são resistência. Quando a superam, são indicadores das contradições da sociedade. Se avançam são o princípio da revolução social.3

Quantas pessoas entendidas afirmam que o pobre é pobre porque quer. Elas não estão em contato com o mundo real. Nunca conversam com pobres para saber se é ou não verdade. Dirigem as suas vidas partindo de

um monte de preconceitos que nunca questionaram. Se este homem também é cristão, ele vai achar um pretexto para fugir da sua responsabilidade. Ele divide a realidade em duas partes, a natural e a

(3) ALVES L.R. Educação, cultura e cidadania: comunicação da periferia. Comunicação e Educação. São Paulo:

CCA-ECA-USP/Moderna no. 15, maio-agosto, 1999. p35-44

sobrenatural. Para ele, religião só tem a ver com o sobrenatural, e se a Igreja entra no campo do natural para falar de direitos humanos, de justiça, ela está fazendo política, então deve ser reprimida ou evitada.

Ele sabe, no fundo, que se aceitar que tudo que existe é sobrenatural, porque saiu das mãos de Deus (e portanto tem que ser conforme Seu plano), terá que descruzar as mãos diante de um mundo cruel e injusto, que nega os valores do Evangelho. O analfabeto político, que acredita que o mundo é assim mesmo e não pode ser mudado e ele mesmo não pode fazer nada, procura um refúgio na falsa segurança do subjetivo, ficando só dentro de um mundo que ele

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